Caridade cristã

O isolamento social imposto pelo coronavírus  deve testar a fé dos crentes católicos nesta se mana santa. Para evitar o avanço do mal, as igrejas estarão de portas fechadas. Em um país de forte tradição religiosa, como ainda é o Brasil, esta não será uma prova fácil.
Os ritos do feriado cristão seguem uma espécie de liturgia, das mais rígidas. Este ano, contudo, não haverá procissão, nem cerimônia de lava pés. Com os mercados municipais fechados, o peixe fresco não será tão fácil de encontrar.
De fato, neste momento, a postura religiosa mais consciente é mesmo a da reflexão e do recolhimento. Para todo os efeitos, a imagem recente do próprio Papa pregando para uma praça vazia é prova, este pode ser entendido como uma questão de caridade cristã. 
Os números da pandemia inspiram preces, reclamam mesmo olhar piedoso de Deus. O Brasil confirmou ontem 133 mortes, um novo recorde diário. O total de óbitos por Covid-19 no país chega a 800. Ao todo, 15.927 pessoas foram infectadas, sendo que o índice de letalidade é de 5%.
Curioso é notar que, mesmo na bíblia, considerada um livro sagrado, há diversas passagens recomendando a oração a portas fechadas, longe do olhar público. Lá está escrito que Deus não habita templos de pedra e cal. Nada de orar em pé nas sinagogas, às esquinas, sob os olhos e a opinião dos homens. A mão esquerda não tem nada com os gestos da mão direita, Mateus adverte. 
Assim, tudo indica, está será uma semana santa de profunda introspecção. Que assim seja, portanto.