Chegou a hora de Mitidieri começar a pagar promessas de campanha

O governo Fábio Mitidieri (PSD) começa pra valer a partir desta semana. Os dois meses iniciais ainda não foram suficientes para que os novos secretários estruturassem suas pastas, e alguns ainda buscam instalações adequadas.
Mitidieri teria prometido a aliados que a partir de primeiro de março começaria a dividir as centenas de cargos comissionados previstos na máquina estadual. E não faltam interessados pelos CCs, a começar pelos 19 dos 24 deputados estaduais que apoiam o governo, a maioria dos federais e líderes políticos importantes de todos os municípios que ainda estão desempregados.
O senador Laércio Oliveira (PP) é um dos poucos aliados que não pode reclamar. Responsável pela indicação do secretário de Desenvolvimento Econômico Valmor Barbosa e os dirigentes de todas as vinculadas (Codise, Fapitec, Jucese, SergipeTec e ITPS), aguarda apenas o sinal verde do governador para apresentar os que vão ocupar postos intermediários.
Fábio Mitidieri deve aproveitar a folgada maioria na Alese e a completa desarticulação da oposição – o PT que chegou a vencer a eleição no primeiro turno com Rogério Carvalho está completamente dividido – e dar uma guinada na administração estadual. Tem que pensar em trocar o desgastado modelo de gestão que vem desde Marcelo Déda, enfrentou uma grave crise econômica com Jackson Barreto, e atravessou os quase cinco anos de Belivaldo Chagas sem qualquer entusiasmo, apesar de algum equilíbrio fiscal e econômico.
Dinheiro não deverá ser um problema nesse início de administração. Além dos R$ 400 milhões que o ex-governador Belivaldo Chagas disse ter deixado em caixa, e as contas em dia, antes de assumir Mitidieri patrocinou um projeto aprovado por ampla maioria pela Assembleia Legislativa, elevando de 18% para 22% o ICMS cobrado no estado. A nova tarifa entra em vigor em primeiro de abril.
Mitidieri justifica que foi preciso elevar o modal do ICMS para compensar as perdas de arrecadação previstas em função da lei federal que limitou em 18% a cobrança do imposto por todos os estados sobre os combustíveis, calculadas por ele em R$ 450 milhões – o mesmo que pretende arrecadar com o arrocho na tarifa. Até o mês de junho de 2022, quando a lei entrou em vigor, o governo Belivaldo Chagas cobrava 27% de ICMS sobre esses produtos.
Na campanha, Mitidieri centralizou suas propostas em cinco desafios: Erradicar a pobreza extrema e a fome em Sergipe; Acelerar o Desenvolvimento Econômico de Sergipe e gerar emprego e renda para as pessoas; Assegurar o avanço das Políticas Públicas e a garantia dos direitos fundamentais; Assegurar o protagonismo e envolvimento das pessoas; e, Assegurar a eficácia, eficiência e efetividade da gestão estadual e a valorização dos servidores.
Após a posse, o governador manteve o discurso com as prioridades estabelecidas. “Daremos prioridade absoluta para o cuidado com as pessoas, que estão saindo de uma pandemia e de um momento dos mais difíceis. As pessoas perderam empregos, estão passando por dificuldades, o Brasil voltou ao mapa da fome e da pobreza e, acompanhando o quadro nacional, a fome também avançou em Sergipe, situação agravada pela pandemia do Coronavírus. A região mais vulnerável do nosso estado é o Alto Sertão. Não é só a assistência social que é necessária neste momento, é preciso associar a necessidade de cuidar das pessoas ao processo de desenvolvimento econômico e de geração de emprego e renda”, justifica.
Apesar de ser o ano de organização do governo, Mitidieri tem que aproveitar 2023 para começar a executar as suas propostas e patrocinar a prometida geração de empregos, principalmente para os mais jovens.
As eleições municipais ocorrem no próximo ano, o que sempre gera dificuldades para o governador de plantão, obrigado a definir os seus candidatos, município por município. Nesses pleitos sempre ocorre uma divisão natural entre antigos aliados.
Um novo governo sempre tem crédito, mas não pode perder a hora de começar a agir e de mostrar para o que veio.