Quarta, 09 De Abril De 2025
       
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Chico Buarque, ao vivo


Publicado em 15 de abril de 2020
Por Jornal Do Dia


Firme, forte, afiado, no Youtube

 

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
A gravadora Biscoito 
Fino resolveu ofere-
cer um mimo para os confinados de bom gosto. Ninguém sabe ao certo quanto tempo o isolamento social ainda vai durar. Até lá, no entanto, o show ‘Caravanas’, de Chico Buarque, estará disponível no Youtube.
Quando o Rio ainda era lindo.
‘Caravanas’ é um produto de outro tempo, quando todo mundo amava Chico Buarque e o Rio de Janeiro ainda era lindo. É um disco de ponteiros trocados. E, por isso mesmo, o lançamento mais oportuno e importante dos últimos anos.
Agora é tempo de submeter os desígnios insondáveis da criação a sensibilidades organizadas. Mesmo Chico Buarque, admitido até outro dia como um caso singular, único exemplar conhecido de um macho capaz de se colocar na pele de uma mulher, teve as orelhas puxadas pela patrulha feminista em função de um verso pinçado aleatoriamente de uma canção, à revelia do contexto. A turba anda agitada. Pobre de quem empregar uma vírgula sem pedir licença ao movimento.
‘Caravanas’, ao contrário, apresenta o mesmo Chico Buarque de sempre, um compositor obediente apenas às próprias premissas e à musicalidade de um espaço idílico, de lirismo profundamente identificado com um Rio ideal, repleto de tipos e paisagens.
Os temas podem até variar, conforme o curso dos acontecimentos. Na faixa que batiza o disco, por exemplo, a tensão racial tupiniquim emerge com tesão e força, em forma e conteúdo.Em geral, entretanto, o sambista de sotaque carioca, o cronista do entorno, o amante desesperado é quem dá as cartas. E, em todos estes, o poeta do prosaico, de olhar arguto e melodias pungentes.
Chico Buarque é a prova viva de que a gente também pode viver na pele dos outros, experimentar experiências alheias, arriscar uns passos além do próprio umbigo. E foi por isso mesmo que ‘Caravanas’ virou alvo de dedos acusadores, apontados para a ousadia da subjetividade. Sinal dos tempos. E da necessidade, ainda mais agora, de um artista autêntico como Chico Buarque – firme e forte, e afiado, em todas as plataformas de streaming.

Rian Santos

A gravadora Biscoito  Fino resolveu ofere- cer um mimo para os confinados de bom gosto. Ninguém sabe ao certo quanto tempo o isolamento social ainda vai durar. Até lá, no entanto, o show ‘Caravanas’, de Chico Buarque, estará disponível no Youtube.
Quando o Rio ainda era lindo.
‘Caravanas’ é um produto de outro tempo, quando todo mundo amava Chico Buarque e o Rio de Janeiro ainda era lindo. É um disco de ponteiros trocados. E, por isso mesmo, o lançamento mais oportuno e importante dos últimos anos.
Agora é tempo de submeter os desígnios insondáveis da criação a sensibilidades organizadas. Mesmo Chico Buarque, admitido até outro dia como um caso singular, único exemplar conhecido de um macho capaz de se colocar na pele de uma mulher, teve as orelhas puxadas pela patrulha feminista em função de um verso pinçado aleatoriamente de uma canção, à revelia do contexto. A turba anda agitada. Pobre de quem empregar uma vírgula sem pedir licença ao movimento.
‘Caravanas’, ao contrário, apresenta o mesmo Chico Buarque de sempre, um compositor obediente apenas às próprias premissas e à musicalidade de um espaço idílico, de lirismo profundamente identificado com um Rio ideal, repleto de tipos e paisagens.
Os temas podem até variar, conforme o curso dos acontecimentos. Na faixa que batiza o disco, por exemplo, a tensão racial tupiniquim emerge com tesão e força, em forma e conteúdo.Em geral, entretanto, o sambista de sotaque carioca, o cronista do entorno, o amante desesperado é quem dá as cartas. E, em todos estes, o poeta do prosaico, de olhar arguto e melodias pungentes.
Chico Buarque é a prova viva de que a gente também pode viver na pele dos outros, experimentar experiências alheias, arriscar uns passos além do próprio umbigo. E foi por isso mesmo que ‘Caravanas’ virou alvo de dedos acusadores, apontados para a ousadia da subjetividade. Sinal dos tempos. E da necessidade, ainda mais agora, de um artista autêntico como Chico Buarque – firme e forte, e afiado, em todas as plataformas de streaming.

 

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