Quinta, 23 De Janeiro De 2025
       
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Cinéfilos da aldeia, uni-vos!


Publicado em 08 de junho de 2018
Por Jornal Do Dia


Qualquer um tocado por um filme de Malle é meu irmão

 

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Deus nos perdoe 
pelo Cinemark. O 
culto ao mercado e a liturgia das filas gigantes no snack bar, regada a bebidas entupidas de açúcar, adora apenas o sacrilégio ruidoso da multidão. Ai de quem levantar a voz para reclamar uma cópia legendada! Nos templos com cheiro de mofo e Pop Corn, caminho largo, o outro será sempre um estranho.
O mundo, no entanto, não fala uma língua só. Há por aí idiomas os mais diversos, peles de todas as cores e tons tecendo narrativas necessárias à expressão das paisagens caras ao relevo das singularidades contemporâneas. A variedade preciosa da Cultura se pronuncia no plural. Daí a porta estreita do Cine Vitória, sempre aberta para um encontro com o inesperado – A nossa salvação.
Cinefilia é comunhão, apesar da afetação de igrejinha. Comunhão consagrada em valores de forma e enunciado. Lampejos duradouros de subjetividade. Afirmações pontuais da sensibilidade coletiva. Na concordância derivada do choque, a revelação de afinidades insuspeitas. De repente, em imprevisto ponto de inflexão, um personagem coroado de todas as virtudes, em oposição ao mal pronto e acabado, se mostra em todas as gradações morais da criatura humana. Dá-se, então, comovido enlace, para vergonha dos dedos apontados na platéia. Confundem-se o espectador, o herói e o seu antagonista. Qualquer um tocado por um filme de Louis Malle é meu irmão.
Cinéfilos da aldeia, uni-vos! Falo como um pseudo intelectual de pouca fé, em falta com as obrigações da sala escura. Motivo para botar os pés nos cultos do Cine Vitória, entretanto, nunca falta (ver matéria sobre o Festival Varilux, nesta página). Ali, em pleno centro de Aracaju, a luz e a sombra projetadas na tela encarnam um Cinema grafado em letras maiúsculas.

Deus nos perdoe  pelo Cinemark. O  culto ao mercado e a liturgia das filas gigantes no snack bar, regada a bebidas entupidas de açúcar, adora apenas o sacrilégio ruidoso da multidão. Ai de quem levantar a voz para reclamar uma cópia legendada! Nos templos com cheiro de mofo e Pop Corn, caminho largo, o outro será sempre um estranho.
O mundo, no entanto, não fala uma língua só. Há por aí idiomas os mais diversos, peles de todas as cores e tons tecendo narrativas necessárias à expressão das paisagens caras ao relevo das singularidades contemporâneas. A variedade preciosa da Cultura se pronuncia no plural. Daí a porta estreita do Cine Vitória, sempre aberta para um encontro com o inesperado – A nossa salvação.
Cinefilia é comunhão, apesar da afetação de igrejinha. Comunhão consagrada em valores de forma e enunciado. Lampejos duradouros de subjetividade. Afirmações pontuais da sensibilidade coletiva. Na concordância derivada do choque, a revelação de afinidades insuspeitas. De repente, em imprevisto ponto de inflexão, um personagem coroado de todas as virtudes, em oposição ao mal pronto e acabado, se mostra em todas as gradações morais da criatura humana. Dá-se, então, comovido enlace, para vergonha dos dedos apontados na platéia. Confundem-se o espectador, o herói e o seu antagonista. Qualquer um tocado por um filme de Louis Malle é meu irmão.
Cinéfilos da aldeia, uni-vos! Falo como um pseudo intelectual de pouca fé, em falta com as obrigações da sala escura. Motivo para botar os pés nos cultos do Cine Vitória, entretanto, nunca falta (ver matéria sobre o Festival Varilux, nesta página). Ali, em pleno centro de Aracaju, a luz e a sombra projetadas na tela encarnam um Cinema grafado em letras maiúsculas.

 

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