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Começo difícil


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Publicado em 03 de janeiro de 2017
Por Jornal Do Dia


Começo difícil

 

Gilson Sousa

 

Não será nada fácil administrar a Prefeitura de Aracaju neste primeiro momento. Edvaldo Nogueira (PCdoB) e Eliane Aquino (PT) precisarão de uma dose reforçada de sabedoria para conduzir bem o processo de reconstrução da cidade deixada por João Alves (DEM). E não é somente o rombo de R$ 500 milhões que preocupa. O problema vai da deficiência em todos os serviços públicos à inevitável perda da autoestima do aracajuano nos últimos anos.

Claro que o momento de instabilidade política e financeira do país atrapalhou quase todas as gestões públicas Brasil afora. A falta de dinheiro circulando abriu espaço para índices elevadíssimos de desemprego, fechamento de segmentos da indústria e comércio, inadimplências diversas, aumento da fome, miséria e consequentemente da violência. Mas tudo isso junto fica bem pior quando o gestor público “não está nem aí para nada”. Ou seja, não custa lembrar que o então vice-prefeito José Carlos Machado disse a todo mundo que João Alves “estava cagando” para os problemas de corrupção na PMA. Imaginem se ele, JAF, estaria preocupado em resolver problemas que afetam o povo de Aracaju.

Ontem, primeiro dia de trabalho do prefeito Edvaldo, em todas as entrevistas que concedeu à imprensa ele falou que precisará de pelo menos um ano para colocar a casa e ordem. “Quatro anos de desmando não se recupera em um dia ou um mês. Nós precisaremos de mais tempo para reconstruir Aracaju”, disse o prefeito. Com essa declaração, Edvaldo Nogueira quis dizer à sociedade que estique o limite de paciência, pois a jornada de reconstrução será longa. Em tempos passados, gestores que assumiam cargos públicos costumavam pedir prazo de 100 dias para arrumar a casa. Os tempos mudaram, e resta saber se a população acatará essa tolerância.

Há urgência em quase tudo. A limpeza urbana precisa ser devidamente regularizada. As unidades de saúde do município precisam funcionar corretamente, ter remédios, contar com escala de médicos, ampliar horário de atendimento etc. O asfalto das ruas e avenidas precisa de reparos constantes. As escolas da prefeitura precisam de professores, equipamentos, merenda. Os espaços públicos precisam de manutenção, principalmente as praças e monumentos. As atividades culturais e esportivas precisam de incentivo. Os trabalhos ligados à assistência social necessitam sair do papel e chegar aos que precisam. Ou seja, é como se muita coisa em Aracaju fosse começar do zero.

Por isso que o desafio de Edvaldo Nogueira e Eliane Aquino neste primeiro momento será enorme. Garantir o pagamento dos salários dos servidores em dia, como sempre foi, já seria um bom começo. Cortar mordomias, abolir as negociatas, ser transparente, enxugar a máquina, coisas que estão sempre nos discursos políticos, devem estar agora na ordem do dia. Somente assim o novo prefeito e sua equipe poderão colocar Aracaju outra vez na rota do desenvolvimento. Não sei se será necessário um ano para isso. Sei que muita coisa precisa ser feita. Portanto, hora de trabalhar.

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Vereadores em conflito

Começou mal a legislatura na Câmara Municipal de Aracaju neste 2017. A eleição de Nitinho Vitale (PSD) para presidir a mesa diretora não foi bem digerida por boa parte dos vereadores. A forma como se deu o processo da eleição, com chapa única nitidamente imposta pelo executivo, provocou uma reação dura de vereadores importantes como Iran Barbosa (PT), Lucas Aribé e Elber Batalha (PSB). Nenhum deles aprovou o nome de Nitinho como presidente e se abstiveram da votação. Além desses três vereadores, deixaram de votar em Nitinho os novatos Cabo Amintas, Emília Correia, Fábio Meireles, Seu Marcos e Zezinho do Bugio. O ex-presidente da Câmara, Vinícius Porto (DEM), também não aprovou o nome de Nitinho.

 

15 a 9

Os que votaram a favor da chapa única foram os seguintes vereadores: Anderson de Tuca, Palhaço Soneca, Antônio Bittencourt, Pastor Alves, Isac, Jason Neto, Bigode do Santa Maria, Américo, Evandro Franca, Dr. Gonzaga, Nitinho, Manuel Marcos, Priscila Lima (Kiti), Thiaguinho Batalha e Juvêncio Oliveira. No final, foram 15 votos a favor e nove abstenções. Desta forma, a nova Mesa Direta ficou assim definida: Nitinho (PSD) – presidente; Juvêncio Oliveira (DEM) – vice; Dr. Gonzaga (PMDB) – 1º secretário; Isac (PCdoB) – 2º secretário; e Thiaguinho Batalha (PMC) – 3º secretário.

 

Sinal de crise

Após a eleição de Nitinho à presidência da Câmara de Aracaju, o sempre sensato vereador Lucas Aribé fez uma análise bem pertinente do fato. “Mais de um terço dos vereadores se abstiveram de votar. Isso é histórico porque tivemos um processo eleitoral que não passou pela discussão de plataformas de trabalho de como pretendem conduzir o legislativo e de que forma a Câmara será acrescida. Foi uma eleição com interferência direta do Poder Executivo na composição de uma chapa e tivemos a desistência de outra chapa”. Segundo ele, esse desacerto pode dar início a uma crise institucional na Câmara de Vereadores. Duvido não.

 

Cabo Amintas

Podem anotar. O vereador novato Cabo Amintas será uma voz ativa no parlamento aracajuano. Ontem, falando sobre a eleição de Nitinho, ele reiterou sua posição contrária e fez críticas a vereadores pouco confiáveis, segundo ele. Ele teceu elogios aos que se abstiveram de votar na chapa única, e ainda afirmou que “a vereadora Emilia Correia foi mais homem que muitos homens ali”. O novato Fábio Meireles também foi elogiado por ele. “Teve uma posição correta”, disse. “Enfim, eu quero dizer que não consigo entender como uma pessoa pode mudar de lado de um momento para o outro”, explicou Cabo Amintas, numa indireta a parlamentares como Palhaço Soneca, Juvêncio Oliveira e Thiaguinho Batalha.

 

Perfil

A propósito, Nitinho Vitale é político experiente, ousado, amigueiro, tem bom trânsito em todos os setores da sociedade, mas não tem perfil de gestor de um poder que precisa urgentemente reconstruir sua imagem desgastada perante a população. Até muito pouco tempo era um escudeiro fiel de João Alves Filho e Maria do Carmo Alves, seus padrinhos políticos desde o começo de sua carreira. Por conta de desavenças, justamente quando foi gestor na Funcaju, a relação com os demistas se azedou. Foi acolhido de braços abertos pelo PSD, partido comandado por Fábio Mitidieri e que integra a base aliada do governador Jackson Barreto. Coisas da política. 

 

Novos deputados

Ontem o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Luciano Bispo (PMDB), deu posse a dois suplentes, Tijoi Evangelista (Adelson Barreto Filho) e Moritos Matos. Eles assumiram as vagas abertas pelos deputados Gilson Andrade, eleito prefeito de Estância, e Padre Inaldo, prefeito de Nossa Senhora do Socorro. A solenidade de posse, que contou com a presença de familiares e autoridades de Sergipe, ocorreu no gabinete da presidência da Alese. O próximo suplente a assumir uma vaga na Alese será Gilmar Carvalho, que se encontra em viagem de férias e será empossado na próxima segunda-feira (09). Ele ocupará a vaga de Valmir Monteiro, agora prefeito de Lagarto.

 

Religião e política

Muito religioso, o deputado Moritos Matos aproveitou o momento para fazer um discurso emocionado. “É uma felicidade grande para mim, uma pessoa que veio da periferia chegar ao parlamento. Deus foi muito bom para mim. Se o restante da minha vida eu dobrasse os joelhos para agradecer, não conseguiria. Peço que Deus me dê a sabedoria de Salomão e a paciência de Jó na condução do meu trabalho nesta Casa”, disse.

 

Corda bamba

Não será fácil a estadia na Alese do novo deputado Tijoi Evangelista. Ele ainda tem problemas com a justiça no campo criminal, chegando inclusive a ser conduzido à delegacia e detido por envolvimento em supostas fraudes com as verbas de indenização quando era vereador por Aracaju até o ano passado. Pela decisão judicial que afastou das funções legislativas ele e mais nove vereadores no ano passado, Tijoi estaria proibido de assumir função pública. Mas o presidente da Alese, Luciano Bispo, não interpreta o caso dessa forma e por isso garantiu a posse do novato ontem. “Estarei aqui para atender aos anseios da sociedade”, limitou-se a dizer Tijoi.

 

Bom começo

Sem perder tempo, ontem mesmo a vice-prefeita de Aracaju Eliane Aquino deu início à sua gestão na Secretaria Municipal de Assistência Social. Ela realizou uma reunião com os coordenadores que compõem a equipe da pasta e deixou claro quais são as suas metas. "Debatemos sobre o atual diagnóstico do município e damos início à construção de estratégias para colocarmos em prática tudo o que preconiza o Sistema Único da Assistência Social (SUAS). Iremos trabalhar com a Assistência Social como política pública e como direito, distante de práticas meramente assistencialistas ou de favores. A mudança começou", avisou Eliane Aquino.

 

André e o ministro

O deputado federal André Moura (PSC-SE), que é líder do governo na Câmara dos Deputados, avisou ontem que na próxima quinta-feira (05), o ministro da Saúde, Ricardo Barros, estará em Sergipe, atendendo a convite seu. Aqui, o ministro irá realizar palestra aos prefeitos sergipanos com o tema ‘O papel do Ministério da Saúde nos municípios’. Ele também responderá aos questionamentos dos novos gestores sobre ações, programas e serviços desenvolvidos pelo órgão e dará orientação para a elaboração de convênios. Além do atendimento aos gestores, também serão feitas visitas a unidades de saúde, liberando recursos e assinando convênios. A agenda do ministro Ricardo Barros no estado está sendo organizada pelo próprio André.

 

 

"Os que têm muito a esperar e nada a perder serão sempre perigosos"

 

Edmund Burke

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