Apesar das queixas dos comerciantes, movimento é intenso nas lojas do centro por conta do Dia das Crianças
Comerciantes alegam baixa nas vendas por causa dos bancários
Publicado em 10 de outubro de 2013
Por Jornal Do Dia
Milton Alves Júnior
miltonalvesjunior@jornaldodiase.com.br
A greve dos bancários completa hoje 22 dias de interrupção funcional em mais de 90% das agências bancárias do Estado de Sergipe e comerciantes lojistas alegam queda nas vendas relacionadas ao Dia das Crianças e Nossa Senhora Aparecida. Conforme informações apresentadas pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Aracaju, a perspectiva é que o comércio apresente um crescimento de apenas 4% em todos os seguimentos infantis e religiosos. Esse retrocesso econômico é o mais representativo dos últimos oito anos na capital sergipana. Para os empresários do ramo, a falta de dinheiro nas centrais de auto-atendimento, problemas com cartões de crédito e débito, e inviabilização de depósitos com cheque são as principais causas para o problema.
Considerado um período de vasto lucro para algumas lojas de brinquedos e vestuários, por exemplo, em 2013 muitos comerciantes afirmam registrar prejuízos. Esse é o caso de Nivaldo de Carvalho Pereira que possui três lojas no centro comercial de Aracaju. Para ele, a falta de entendimento entre os banqueiros e bancários está interferindo diretamente no crescimento econômico do país. "Lamentável que estejamos passando por isso. Nossas melhores datas, Dia das Crianças e Natal, vão ser mais ‘pobres’ devido a paralisação. Eu perco com isso e o Brasil também", afirmou. Em termo nacional, caso a greve não encerre até à tarde de hoje, a perspectiva é que mais de R$ 250 milhões deixem de circular no setor varejista/infantil do país.
Além da redução no número de produtos comercializados, os tradicionais empregos temporários também pouco foram registrados. Para aqueles que empregaram novos funcionários visando bons negócios antes mesmo do início da greve, a sensação é de prejuízo. "Nunca imaginávamos que os bancários iriam decretar greve no dia 19, muito menos que a mobilização nacional seria tão fortalecida. Contratei três jovens aprendizes e vou ter que tirar dinheiro das minhas economias para cumprir o acordo feito porque de lucro esse ano não vem nada", lamentou a empresária Anna Stela Gomes. No setor religioso, a queixa dos lojistas é semelhante aos estabelecimentos de artigos infantis. A falta de dinheiro e melhores condições de pagamento estão ‘afastando’ os clientes.
Essa foi a avaliação feita pelo Sr. Antônio da Cruz que possui uma loja no centro de Aracaju. Preocupado com a possibilidade de não baixar o estoque conforme idealizado há dois meses, ele já dispõe de promoção em alguns produtos. "Isso geralmente as lojas fazem depois que passa a data comemorativa. O dia de Nossa Senhora Aparecida é um dos mais lucrativos por ser a padroeira do nosso país, e esse ano parece que nossas preces não estão funcionando", declarou.
Para o presidente da CDL, Samuel Schuster, em sintonia com a greve dos bancários, o aumento da inflação também contribui para que as vendas sejam prejudicadas em toda Grande Aracaju e em municípios considerados polos econômicos, a exemplo de Itabaiana e Tobias Barreto.
"Um conjunto de fatores está nos preocupando quanto ao comercio de brinquedos e roupas, por exemplo. A paralisação dos servidores bancários e o aumento da inflação estão tirando parcialmente o poder de compra da maioria dos assalariados e isso tem interferido nesse crescimento que poderia chegar até 8% esse ano. Vamos torcer para que esse ano as vendas superem em pelo menos 4% o comércio registrado no mesmo período do ano passado", disse.
Em setembro, inflação oficial ficou em 0,35%, após subir 0,24% em agosto. Os bancários pedem reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação), Participação nos Lucros e Resultado (PLR) de três salários mais R$ 5.553,15 e piso de R$ 2.860. Pede, ainda, fim de metas abusivas e de assédio moral que, segundo a confederação, adoece os bancários.