Comitê recomenda suspensão de festejos de Réveillon e Carnaval
Publicado em 30 de novembro de 2021
Por Jornal Do Dia
Milton Alves Júnior
Mesmo sem o Governo de Sergipe e a Prefeitura de Aracaju se pronunciarem de forma oficial sobre a realização, ou não, dos festejos alusivos ao réveillon e carnaval 2022, membros do Comitê Técnico-Científico e de Atividades Especiais (Ctcae) começam a votar contrário a organização de eventos públicos, os quais proporcionem a aglomeração de dezenas de milhares de pessoas. A preocupação dos técnicos envolve diretamente a entrada da nova variante da Covid-19, a ômicron. Apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma cepa de preocupação evolutiva, a ômicron pode facilitar a reinfecção, e em todos os continentes já foi possível registrar casos da variante. Para alguns técnicos pertencentes ao Ctcae, realizar aglomeração é um erro.
Entre os profissionais que defendem a não realização desses eventos está Lysandro Borges, integrante do Comitê Técnico-Científico e professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A princípio o especialista pede calma à população e gestores públicos, mas enaltece que medidas preventivas devem ser adotadas por todos. Entre as necessidades está a manutenção do uso de máscaras, higienização das mãos e respeito ao distanciamento social. Paralelo à não realização das festas de réveillon e carnaval, Lysandro Borges orienta que os gestores públicos não protocolem decretos não mais exigindo o uso de máscaras em ambientes públicos e particulares. Até a tarde de ontem, Fortaleza, Belo Horizonte e Salvador já haviam oficializado a não realização da festa de réveillon pelo segundo ano consecutivo.
“São medidas de prevenção e que felizmente são apoiadas pela maioria das pessoas. Em pesquisa rápida pelas redes sociais e em conversa com amigos e familiares é possível observar que a grandiosa maioria das pessoas reconhece que é preciso cautela. Quem sabe nos festejos juninos possamos vivenciar uma outra realidade, um outro cenário, mas agora, réveillon e carnaval, é um erro”, avaliou. A ômicron foi originalmente descoberta na África do Sul. Ela é considerada de preocupação, pois tem 50 mutações, sendo mais de 30 na proteína “spike” (a “chave” que o vírus usa para entrar nas células e que é o alvo da maioria das vacinas contra a Covid-19).
Questionado sobre a necessidade de não se impulsionar uma sensação de pânico, o professor destacou que a ciência tem evoluído em ritmo acelerado para proteger a vida das pessoas. “Nós temos as ferramentas e sabemos o que fazer. A máscara é universal e protege contra qualquer variante que venha a surgir. Segundo lugar evitar aglomeração, o uso do álcool em gel e vacina no braço. Quem tomou a segunda dose, partir para a terceira dose o mais rápido possível e, por acaso, alguém que não veio na segunda dose ou que não quis se vacinar, agora é a hora, pois temos uma das piores cepas da Covid-19”, disse. Com sintomas parecidos, mas não iguais, a variante ômicron causa cansaço e uma dor no corpo generalizada.
Reações que se assemelham com uma gripe bem forte, dor de cabeça e febre. Por enquanto não há registro de perda de olfato e paladar, e poucas notificações de tosse moderada. “Ela muda o perfil da doença; é um vírus da mesma linhagem, mas bem diferente do original. Só na proteína S, são 30 mutações. São 50 mutações e entrou na escala de variante de preocupação, onde está a Alfa, do Reino Unido, a Beta, da África do Sul, a Gama, do Brasil e a Delta, da Índia”, completou o professor Lysandro Borges. A perspectiva é que até a próxima semana o prefeito Edvaldo Nogueira, e o governador Belivaldo Chagas, se manifestem sobre a realização das festas de réveillon e carnaval.