MANIFESTAÇÃO NO HALL DA REITORIA DA UFS
Comunidade acadêmica protesta contra intervenção na UFS
Publicado em 25 de novembro de 2020
Por Jornal Do Dia
Sem apresentar queixas contra a professora Lili ádia da Silva Oliveira Barreto, mas sim contra o processo administrativo adotado pelo Governo Federal, dezenas de servidores, acadêmicos e docentes da Universidade Federal de Sergipe (UFS) se reuniram na manhã de ontem para protestar contra o afastamento do reitor Valter Joviano de Santana Filho, e nomeação de Liliádia como interventora. O problema começou a se agravar quando a comunidade universitária começou a acusar o então reitor, Ângelo Antoniolli, de não ter respeitado o processo ao não consultar a comunidade acadêmica. Sobre a polêmica, Antoniolli destacou que todas as medidas foram adotadas de forma transparente e de acordo com as normas anteriores, já que a Medida Provisória não foi apreciada e votada pelos deputados federais.
Em carta circular, a Chapa 2, que apresentou o nome da professora Denise Leal Albano como candidata ao cargo de reitora, divulgou uma nota esclarecendo que a expectativa era que a lista tríplice fosse formada pelos universitários e servidores da universidade, conforme regulamentação proposta na Medida Provisória nº 914, a qual caducou no dia 1º de junho, por não ser votada pelo Congresso Nacional dentro do prazo legal. De acordo com o presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Luiz Felipe Santos, é inadmissível que as decisões democráticas adotadas na instituição federal de ensino sofram interferências por parte do Palácio do Planalto, em Brasília. O afastamento foi publicado na edição da última segunda-feira (23) do Diário Oficial da União (DOU).
"Estamos reunidos em um ato público democrático em virtude da nomeação da interventora, a qual não temos nada a falar sobre a professora nomeada; acontece que essa mudança lamentável e inaceitável trata-se de uma intervenção assinada pelo Ministério da Educação (MEC), mas com direta interferência do Governo Federal na universidade. Nossa mobilização serve para enaltecer que já temos um candidato eleito pela comunidade. Ele é quem deveria ter sido empossado", protestou. Por meio de nota oficial, no final da manhã de ontem a direção da UFS informou que essa intervenção tem como intuito organizar um novo processo eleitoral de forma a seguir todos os regramentos de participação da comunidade acadêmica.
Também em nota encaminhada aos veículos de comunicação de Sergipe, o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação da Universidade Federal de Sergipe (Sintufs) exige que o resultado da Consulta à Comunidade seja respeitado pelo governo do Presidente Jair Messias Bolsonaro. "Temos reitor eleito pela comunidade acadêmica, o professor André Maurício, e lutaremos para que seja respeitada a vontade popular", destacou.
Já a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (ADUFS), enalteceu que os educadores jamais estarão dispostos a aceitar qualquer tipo de intervenção, seja ela interna ou externa; em comunicado oficial a associação exige ainda respeito ao resultado da Consulta Pública para a Reitoria, realizada entre dezembro de 2019 e agosto deste ano.
"Também não temos nada contra a professora, mas não podemos aceitar essa imposição orquestrada pelo Governo Federal. Em audiência ficou definido que iremos buscar ouvir da interventora nomeada pelo MEC se há disposição em formar uma lista tríplice respeitando a Consulta Pública ou se o desejo é implementar uma política desrespeitosa à comunidade acadêmica. Isso não quer dizer que estamos aceitando a intervenção, mas sim, que precisamos ouvir a reitora pró-tempore", avisou. A Universidade Federal de Sergipe não informou quando essa reunião deve acontecer.
O Conselho Regional de Serviço Social 18ª Região (CRESS Sergipe) também participou na manhã desta terça-feira (24) da manifestação contra a nomeação da professora Liliádia da Silva como reitora pró-tempore da Universidade Federal de Sergipe (UFS).