Segunda, 20 De Janeiro De 2025
       
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Consciência Negra


Publicado em 18 de novembro de 2023
Por Jornal Do Dia Se


Atenção aos homens de carne e osso.(Divulgação)

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
 
20 de setembro é Dia Nacional da Consciência Negra. A coluna aproveita a oportunidade para lembrar macumbagens e protestos merecedores de apreço, em discos, livros e riscos já mencionados neste espaço. Retratos de traços fortes. Muito além do Black isbeautiful.
O primeiro registro oficial da Reação, lançado em meados de 2004, é registro precioso, mas ainda passa longe de fazer justiça à reunião ecumênica de suas apresentações – todo mundo gosta da banda.
O disco é uma pedrada de 13 faixas que não realiza qualquer concessão. Reggae Roots, versando sobre a importância da fé num cotidiano pontuado por carências de todas as ordens, realidade que os seus músicos conhecem muito bem.
Não é fácil viver essa vida, mas o reggae da Reação extrai da luta das comunidadesnegras, dos obstáculos da pobreza e do embate diário entre as sombras do crime e a brutalidade cega da lei a força necessária para enfrentar os percalços do desamparo.
Cirulo – A adoção de um nome artístico resvala quase sempre em misticismo ou pieguice. Não é o caso de Cirulo. Sugerida pelo seu avô, desde sempre contrário ao nome próprio pelo qual nunca chamou o menino, a assinatura do artista colabora com as implicações étnicas e culturais latentes nos talhos de tinta spray gravados nos muros de Aracaju. Sereia em pedra dura. Cirulo é prenome cunhado na própria ancestralidade.
 
Força de reza braba – Um trio batizado em iorubá. Não é a primeira vez que o sotaque e o vocabulário de povos originários contaminam as melodias paridas nessa margem do rio. O acento étnico da paulista MetáMetá, no entanto, não apenas acena para uma África inteira de ritos e cultura, completamente alheia aos acidentes da geografia, como ainda assina uma carta de intenções redigida sob o signo do próprio tempo. Quem tem medo de tambor deve evitar. Em tempo de fundamentalismo crescente, o acento étnico da banda Meta Metá ganha força de reza braba.
 
Preto, pobre, marginal – A demanda pela presença de autores negros nas alturas da inteligência tupiniquim é escandalosa. Neste sentido, a produção assinada por Lima Barreto oferece um belo alento. Preto, pobre e marginal, nunca fugiu à própria condição para se afirmar na escrita. Muito ao contrário. A atenção dedicada aos homens de carne e osso, toda a gente em seu redor, resultou num dos picos da literatura brasileira, antecipando preocupações de tema e forma cultivadas até hoje. 
Prova disso, não faltam aproximações possíveis entre o escritor e os de gerações posteriores. Exemplo destacado é João Antonio, que estreou com merecido estrondo, aos 26 anos, com ‘Malagueta, Perus e Bacanaço’ (1963), ambientado no subúrbio boêmio de São Paulo.
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