Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
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CRISE MÚLTIPLA VERSUS CRISE MUNDIAL


Publicado em 28 de março de 2020
Por Jornal Do Dia


 

* Pedro Abel Vieira e Manoel Moacir Costa Macêdo
A confirmação pela Organização Mundial da Saúde – OMS da pandemia do "Coronavírus" colocou o mundo em crise. As principias bolsas de valores do mundo caíram, fronteiras foram fechadas, estimativas de crescimento despencaram, estoques no varejo escassearam e especulações afloraram. A mesma lógica globalizante do Norte para o Sul e dos ricos para os pobres. Dessa vez, não se globalizou mercadorias ou valores, mas o vetor desconhecido de uma moléstia, um "vírus" que destrói vidas, economias e esperança. Uma diáspora, onde todos perdem, mas as sequelas serão maiores para os pobres, os que estão abaixo da linha do equador. Um caos anunciado com consequências humanitárias imprevisíveis. O risco social com o sofrimento advindo da desigualdade é alto, tensões tendem a crescer, impactando a economia e o mercado de capitais.
No arrastão do "Coronavírus" mundo afora, motivado por disputas geopolíticas, além da ‘crise sanitária’, duas potências com história, estratégias e economias diferentes, mas gigantes na produção de petróleo, atrás apenas dos Estados Unidos, respectivamente Rússia e Arábia Saudita, protagonizam uma ‘crise energética’ às avessas reduzindo em mais de 30% o preço do petróleo. 
No cenário de ‘crise múltipla’, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, prevê que muitos países entrarão em recessão. Ela reduziu o crescimento da economia mundial em 2020. O Brasil, não está fora dessa previsão. O PIB previsto será de zero. Dificuldades para enfrentar o desemprego e destravar o crescimento. Ainda, não estão devidamente precificados os efeitos do "Coronavírus" na economia, a exemplo dos investimentos no curto prazo, no precário sistema público de saúde e incentivos ao setor produtivo.  As reformas aprovadas como prenúncio de crescimento, não repercutiram nem no emprego, nem no investimento e nem na renda dos brasileiros. A estimativa para o déficit fiscal para o ano em curso, pode chegar a 200 bilhões de reais. Um cenário de ameaças, dores e sofreres.
Num ambiente global permeado de incertezas, a exemplo das indefinições geopolíticas, dois grandes atores pelejam por hegemonia, respectivamente os Estados Unidos e a China. Em consequência expectativas e incertezas sobre o futuro. Os globalizados dependem deles, nas duas pontas, como importador de bens primários, e exportador de inovações estratégicas. Uma grosseira comparação de soja versus chip. Estamos na chamada Revolução 4.0, onde a modernidade é pautada por redes sociais, com influências relevantes, crescentes e imprevisíveis.Uma realidade dependente de condicionantes culturais, valores, crenças e experiências. Quando esses efeitos chegam aos investimentos, podem ser devastadores para a economia.
Na economia internacional do trabalho, em tempo de ‘crise sanitária’, a economia como um todo foi atingida. Uma combinação de choque de oferta e demanda que, no contexto das cadeias de valor integradas e globais, atingem o planeta. Nessa contingência, a incerteza pode ter uma maior duração. Essa crise não tem similaridade com a de 2008. Ela terá efeitos duradouros. Irá depender dos fundamentos da economia e da indefinição geopolítica que, possivelmente, serão agravadas pela atual ‘crise múltipla’. É possível que a ‘crise sanitária’ provoque deslocamentos nas referidas cadeias de valor, dependentes da China, e contribua para a desconcentração da renda e o consequente crescimento da economia global.Pode-se supor que a ‘crise energética’, após um período de indefinição, especialmente quanto às energias alternativas, renováveis e o gás de xisto, contribuam para o crescimento da economia global por conta da redução no preço do petróleo.
Uma realidade a ser conferida, com incertezas globais, onde as políticas tradicionais, a exemplo da monetária, podem compensar os choques de oferta e de demanda. Isso foi importante no caso da China, para evitar que o choque de oferta se propagasse em ondas de sufocamento das empresas mais vulneráveis. Quando o Federal Reserve, o banco central americano, em função da ‘crise sanitária’, antecipou a redução dos juros, não suponha reverter ou evitar eventuais choques de oferta na economia interna, mas mitigar a propagação desses choques sobre as empresas. Espera-se que as medidas adotadas pelos países, e as que venham a ser estimuladas posteriormente, tragam benefícios à economia global. Com "Corona ou sem Corona vírus", a economia brasileira, lastreada na exportação de commodities primárias, concentrada no mercado chinês, inexoravelmente sofrerá os efeitos da "crise múltipla", numa relação comercial desigual, dependente e de aversão ao risco.
* Pedro Abel Vieira e Manoel Moacir Costa Macêdo são engenheiros agrônomos

* Pedro Abel Vieira e Manoel Moacir Costa Macêdo

A confirmação pela Organização Mundial da Saúde – OMS da pandemia do "Coronavírus" colocou o mundo em crise. As principias bolsas de valores do mundo caíram, fronteiras foram fechadas, estimativas de crescimento despencaram, estoques no varejo escassearam e especulações afloraram. A mesma lógica globalizante do Norte para o Sul e dos ricos para os pobres. Dessa vez, não se globalizou mercadorias ou valores, mas o vetor desconhecido de uma moléstia, um "vírus" que destrói vidas, economias e esperança. Uma diáspora, onde todos perdem, mas as sequelas serão maiores para os pobres, os que estão abaixo da linha do equador. Um caos anunciado com consequências humanitárias imprevisíveis. O risco social com o sofrimento advindo da desigualdade é alto, tensões tendem a crescer, impactando a economia e o mercado de capitais.
No arrastão do "Coronavírus" mundo afora, motivado por disputas geopolíticas, além da ‘crise sanitária’, duas potências com história, estratégias e economias diferentes, mas gigantes na produção de petróleo, atrás apenas dos Estados Unidos, respectivamente Rússia e Arábia Saudita, protagonizam uma ‘crise energética’ às avessas reduzindo em mais de 30% o preço do petróleo. 
No cenário de ‘crise múltipla’, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, prevê que muitos países entrarão em recessão. Ela reduziu o crescimento da economia mundial em 2020. O Brasil, não está fora dessa previsão. O PIB previsto será de zero. Dificuldades para enfrentar o desemprego e destravar o crescimento. Ainda, não estão devidamente precificados os efeitos do "Coronavírus" na economia, a exemplo dos investimentos no curto prazo, no precário sistema público de saúde e incentivos ao setor produtivo.  As reformas aprovadas como prenúncio de crescimento, não repercutiram nem no emprego, nem no investimento e nem na renda dos brasileiros. A estimativa para o déficit fiscal para o ano em curso, pode chegar a 200 bilhões de reais. Um cenário de ameaças, dores e sofreres.
Num ambiente global permeado de incertezas, a exemplo das indefinições geopolíticas, dois grandes atores pelejam por hegemonia, respectivamente os Estados Unidos e a China. Em consequência expectativas e incertezas sobre o futuro. Os globalizados dependem deles, nas duas pontas, como importador de bens primários, e exportador de inovações estratégicas. Uma grosseira comparação de soja versus chip. Estamos na chamada Revolução 4.0, onde a modernidade é pautada por redes sociais, com influências relevantes, crescentes e imprevisíveis.Uma realidade dependente de condicionantes culturais, valores, crenças e experiências. Quando esses efeitos chegam aos investimentos, podem ser devastadores para a economia.
Na economia internacional do trabalho, em tempo de ‘crise sanitária’, a economia como um todo foi atingida. Uma combinação de choque de oferta e demanda que, no contexto das cadeias de valor integradas e globais, atingem o planeta. Nessa contingência, a incerteza pode ter uma maior duração. Essa crise não tem similaridade com a de 2008. Ela terá efeitos duradouros. Irá depender dos fundamentos da economia e da indefinição geopolítica que, possivelmente, serão agravadas pela atual ‘crise múltipla’. É possível que a ‘crise sanitária’ provoque deslocamentos nas referidas cadeias de valor, dependentes da China, e contribua para a desconcentração da renda e o consequente crescimento da economia global.Pode-se supor que a ‘crise energética’, após um período de indefinição, especialmente quanto às energias alternativas, renováveis e o gás de xisto, contribuam para o crescimento da economia global por conta da redução no preço do petróleo.
Uma realidade a ser conferida, com incertezas globais, onde as políticas tradicionais, a exemplo da monetária, podem compensar os choques de oferta e de demanda. Isso foi importante no caso da China, para evitar que o choque de oferta se propagasse em ondas de sufocamento das empresas mais vulneráveis. Quando o Federal Reserve, o banco central americano, em função da ‘crise sanitária’, antecipou a redução dos juros, não suponha reverter ou evitar eventuais choques de oferta na economia interna, mas mitigar a propagação desses choques sobre as empresas. Espera-se que as medidas adotadas pelos países, e as que venham a ser estimuladas posteriormente, tragam benefícios à economia global. Com "Corona ou sem Corona vírus", a economia brasileira, lastreada na exportação de commodities primárias, concentrada no mercado chinês, inexoravelmente sofrerá os efeitos da "crise múltipla", numa relação comercial desigual, dependente e de aversão ao risco.

* Pedro Abel Vieira e Manoel Moacir Costa Macêdo são engenheiros agrônomos

 

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