Quarta, 16 De Abril De 2025
       
**PUBLICIDADE
Publicidade

Crônicas musicais: Aracaju jazz night


Publicado em 08 de abril de 2020
Por Jornal Do Dia


 

O Jornal do Dia publica, sempre às quartas, uma série de artigos assinados pelo jornalista Antonio Passos. São textos ambientados nos anos de formação de uma empolgante cena musical sergipana, nos quais Passos relata o que viu e viveu de perto, in loco, no calor do momento.
***
Para além do tradicionalíssimo "violão e voz" ou dos grupos que canalizam todas as energias e o volume possíveis para apenas tentarem reproduzir, com fidelidade, sucessos da MPB (salvo algumas honrosas exceções), o público aracajuano vem contando, desde o mês de setembro, com uma sofisticada opção musical noturna. As apresentações têm acontecido às sextas e sábados, a partir das 23h30, no Piano´s Bar (caminho da praia de Atalaia), quando o quarteto formado por Zenóbio (piano), Fradinho (baixo elétrico), Ademir (bateria) e Carla (vocal), ocupando um canto localizado na parte interna do bar e, segundo a modesta opinião da vocalista, conscientes de que "a música, nesse tipo de ambiente, é apenas um pano de fundo", iniciam a execução jazzística de um variado repertório que inclui composições de origens diversas.
Quanto aos três instrumentistas citados, são velhos conhecidos do público local, uma vez que já participam, por meio de outros projetos, há algum tempo, da movimentação musical aracajuana. A vocalista Carla, entretanto, tem sido, duplamente, alvo de comentários: tanto pela competência artística quanto pela sua inserção súbita no nosso cenário musical. Vale, portanto perguntar: de onde vem Carla?
Carla não fez sua formação musical em terras sergipanas. O mais interessante é que trocou os palcos de um grande centro urbano pela pacata noite local, casualmente, encantada pelo que ela chama: "a beleza natural aracajuana". A vocalista em pauta é mineira de Nova Lima (cidade localizada a alguns minutos de Belo Horizonte). Iniciou publicamente sua carreira musical em ’79 com participação, como compositora e intérprete, em festivais de música popular, ainda em sua terra natal.
A partir dessas primeiras experiências, seu notório perfeccionismo a conduziu ao aprendizado do canto erudito, ingressando para tanto na Escola Cantorum, localizada em BH, à qual faz boas referências, sobretudo, pelo fato de funcionar acoplada ao teatro Palácio das Artes, proporcionando aos alunos um aprendizado teórico e prático, efetivamente.
Daí por diante, com seu potencial talento impulsionado pelas aulas de canto, iniciou sua participação em grupos musicais. Primeiro passou a integrar o "Antes Arte do Que Tarde", mistura de uma mini-orquestra (violinos, violas, cellos, etc) com uma banda de rock, na qual aproximadamente entre ’85 e ’87, ao lado de outras vocalistas, Carla desempenhava a função de solista.
Quase simultaneamente, ingressou no "Quatourle Jazz", um grupo especializado em jazz produzido entre os anos 1920 e 50. Acompanhada por um contrabaixo acústico, duas guitarras acústicas e um violino, pôde passear pelos repertórios de Ella Fitzgerald, Billie Holiday e outras grandes intérpretes.
Após um período de intensa atividade, Carla acabou desligando-se dos grupos que participava, quando, pensando apenas em mudar de ares, resolveu aceitar um convite feito pelo artista Augusto Barreto (grupo Mamulengo de Cheiroso) e conhecer Aracaju, o que fez em junho de ’89.
Chegando à capital sergipana, Carla resolveu ficar um pouco mais que o inicialmente previsto e, para tanto, procurou trabalho dentro do seu campo profissional: a música. Participou então de curtas temporadas no restaurante Chapéu de Couro e no Hotel Beira Mar, até que o músico Fradinho a ouviu cantar e convidou-a para o Piano’s Bar.
Seria, porém, injusto falar da música executada no Piano’s Bar focando apenas o desempenho vocal de Carla e esquecendo os demais músicos. O espetáculo jazzístico apresentado – assim o chamo porque a interpretação torna-se um ato de recriação permanente, por meio de improvisos e da liberdade de ação dos músicos em relação às partituras originais, com destaque para a ágil execução do piano e ocasionais solos de baixo – deixa audível e claro que Carla, Zenóbio, Fradinho e Ademir, formam uma equilibrada "Jazz Band".
Publicação original em:
Folha da Praia, Aracaju, 08 a 14 de abril de 1990.

O Jornal do Dia publica, sempre às quartas, uma série de artigos assinados pelo jornalista Antonio Passos. São textos ambientados nos anos de formação de uma empolgante cena musical sergipana, nos quais Passos relata o que viu e viveu de perto, in loco, no calor do momento.

***

Para além do tradicionalíssimo "violão e voz" ou dos grupos que canalizam todas as energias e o volume possíveis para apenas tentarem reproduzir, com fidelidade, sucessos da MPB (salvo algumas honrosas exceções), o público aracajuano vem contando, desde o mês de setembro, com uma sofisticada opção musical noturna. As apresentações têm acontecido às sextas e sábados, a partir das 23h30, no Piano´s Bar (caminho da praia de Atalaia), quando o quarteto formado por Zenóbio (piano), Fradinho (baixo elétrico), Ademir (bateria) e Carla (vocal), ocupando um canto localizado na parte interna do bar e, segundo a modesta opinião da vocalista, conscientes de que "a música, nesse tipo de ambiente, é apenas um pano de fundo", iniciam a execução jazzística de um variado repertório que inclui composições de origens diversas.
Quanto aos três instrumentistas citados, são velhos conhecidos do público local, uma vez que já participam, por meio de outros projetos, há algum tempo, da movimentação musical aracajuana. A vocalista Carla, entretanto, tem sido, duplamente, alvo de comentários: tanto pela competência artística quanto pela sua inserção súbita no nosso cenário musical. Vale, portanto perguntar: de onde vem Carla?
Carla não fez sua formação musical em terras sergipanas. O mais interessante é que trocou os palcos de um grande centro urbano pela pacata noite local, casualmente, encantada pelo que ela chama: "a beleza natural aracajuana". A vocalista em pauta é mineira de Nova Lima (cidade localizada a alguns minutos de Belo Horizonte). Iniciou publicamente sua carreira musical em ’79 com participação, como compositora e intérprete, em festivais de música popular, ainda em sua terra natal.
A partir dessas primeiras experiências, seu notório perfeccionismo a conduziu ao aprendizado do canto erudito, ingressando para tanto na Escola Cantorum, localizada em BH, à qual faz boas referências, sobretudo, pelo fato de funcionar acoplada ao teatro Palácio das Artes, proporcionando aos alunos um aprendizado teórico e prático, efetivamente.
Daí por diante, com seu potencial talento impulsionado pelas aulas de canto, iniciou sua participação em grupos musicais. Primeiro passou a integrar o "Antes Arte do Que Tarde", mistura de uma mini-orquestra (violinos, violas, cellos, etc) com uma banda de rock, na qual aproximadamente entre ’85 e ’87, ao lado de outras vocalistas, Carla desempenhava a função de solista.
Quase simultaneamente, ingressou no "Quatourle Jazz", um grupo especializado em jazz produzido entre os anos 1920 e 50. Acompanhada por um contrabaixo acústico, duas guitarras acústicas e um violino, pôde passear pelos repertórios de Ella Fitzgerald, Billie Holiday e outras grandes intérpretes.
Após um período de intensa atividade, Carla acabou desligando-se dos grupos que participava, quando, pensando apenas em mudar de ares, resolveu aceitar um convite feito pelo artista Augusto Barreto (grupo Mamulengo de Cheiroso) e conhecer Aracaju, o que fez em junho de ’89.
Chegando à capital sergipana, Carla resolveu ficar um pouco mais que o inicialmente previsto e, para tanto, procurou trabalho dentro do seu campo profissional: a música. Participou então de curtas temporadas no restaurante Chapéu de Couro e no Hotel Beira Mar, até que o músico Fradinho a ouviu cantar e convidou-a para o Piano’s Bar.
Seria, porém, injusto falar da música executada no Piano’s Bar focando apenas o desempenho vocal de Carla e esquecendo os demais músicos. O espetáculo jazzístico apresentado – assim o chamo porque a interpretação torna-se um ato de recriação permanente, por meio de improvisos e da liberdade de ação dos músicos em relação às partituras originais, com destaque para a ágil execução do piano e ocasionais solos de baixo – deixa audível e claro que Carla, Zenóbio, Fradinho e Ademir, formam uma equilibrada "Jazz Band".

Publicação original em:
Folha da Praia, Aracaju, 08 a 14 de abril de 1990.

 

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE
Publicidade