Quinta, 25 De Abril De 2024
       
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As curvas da criação


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Publicado em 03 de agosto de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Riscado moderno

Rian Santos
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Leio sobre a Praça São Francisco, um patrimônio cultural fincado no coração de São Cristóvão. Reflito sobre o quase nada que conheço da cidade mãe. Lá, visitei igrejas seculares, provei o caldo saboroso de panelas quentes. De tudo quanto vi e experimentei, entretanto, a lembrança mais viva remete aos traços de dois artistas visuais – gigantes que passam quase despercebidos no meio de sua gente.
Procuro informação sobre Gladston Barroso e Nivaldo Oliveira nos descampados da internet, mas encontro apenas dados objetivos, de natureza cartorial. O silêncio é um acinte. Cada qual a seu modo, um e outro atualizam a linguagem comprimida nas ruas estreitas da cidade histórica, ampliando-lhes o sentido.
Gladston usa e abusa das curvas, investe na sugestão de movimento no riscado moderno de telas e ilustrações. Nivaldo, um gravador dedicado, entalha a madeira com o rigor de um Mestre, mas não se sujeita passivamente aos motivos da tradição. Antes, os explora como bem entende, orientado por um sentido espacial muito evidente. O conjunto da obra, uma produção das mais profícuas, revela um impulso desejável de ousadia, sem o qual todo artista sucumbe a expectativas alheias, virado em um embuste, surdo para os apelos da verdadeira criação.
Gladston e Nivaldo trabalham como loucos, pintam, riscam, entalham e cinzelam, ministram oficinas, pintam o diabo. A cada golpe, talvez não percebam, eles assentam uma pedra diferente sobre as vias mais antigas de São Cristóvão, erguem uma urbe de sensibilidade nova sobre a outra, de horizonte mais amplo, com o potencial de extrapolar os marcos históricos, as praças, igrejas e casarões.

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