Quarta, 24 De Abril De 2024
       
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Aweto


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Publicado em 18 de maio de 2022
Por Jornal Do Dia Se


De corpo e alma.

Rian Santos
[email protected]

Fato raro, instrumentos de percussão ocuparem
toda a extensão de um palco, como os dispõe Pedrinho Mendonça no show Aweto. Sem outro recurso, além do som adormecido sob a superfície de peles, couros, madeiras, argilas, metais, o maestro dá vida a uma delicada suíte de estalos e carícias, em conexão profunda com as forças da natureza. Há algo de ritualístico e até sagrado. O tom é o mais introspectivo.
Pedrinho é amigo de festa, irmão do riso fácil. À frente do Burundanga, em colaboração com a melhor música realizada em Sergipe, ele solta a munheca sem fazer economia dos sopapos. Com Aweto, no entanto, a exuberância do ritmo serve a propósito diverso: Emoção e reverência emergem do pulso.
Ouso afirmar: Naná Vasconcelos, talvez o maior nome da percussão mundial, jamais concebeu algo assim tão bonito. O show já apresentado no Teatro João Costa, do Centro Cultural de Aracaju, progrediu em uma atmosfera cada vez mais empolgante, passo a passo, ‘in crescendo’, até uma explosão de atabaques, desfecho glorioso, peça de Pedrinho e Tonico de Ogum. Arrepio-me ao lembrar.
Mencionar o valor de verdade em todo trabalho no qual o maestro coloca o pandeiro seria cometer redundância. A sua relação com tudo quanto é festa e folguedo é de conhecimento público. Aqui, no entanto, a energia do músico foi canalizada em código vivo. Há pulso, calor, vibração… Música de corpo e alma, dos pés à cabeça, cóccix, pescoço, experiência e idílio.
Aweto será apresentado hoje, às 19 horas, no auditório do Museu da Gente Sergipana, em evento promovido pela pró-reitoria de extensão da Universidade Federal de Sergipe, com entrada franca. Impossível prever o que ocorrerá, então. Quem se dispor à maravilha, contudo, esteja certo de se admirar.

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