Quinta, 28 De Março De 2024
       
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Globo, em defesa da causa gay?


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Publicado em 27 de julho de 2013
Por Jornal Do Dia


A telenovela, espelho e reflexo da sociedade

* Anderson Bruno

Há períodos na história da humanidade que valores, princípios, comportamentos, pensamentos e atitudes mudam ou são devidamente inseridos dentro de um contexto sócio-cultural. Movimento feminista, movimento negro, movimento religioso; são vários os grupos vencedores (numa luta constante) de causas ao longo da história. Pode-se afirmar que, atualmente, a causa homossexual é uma das mais polêmicas, influentes e atuantes no momento.

O movimento LGBT tem conquistado algumas vitórias em seu caminho de lutas Brasil afora. A telenovela brasileira, tanto um espelho para a sociedade quanto um reflexo dela, não deixou o fato de lado. Passou a reproduzi-lo em sua dramaturgia. A questão que fica é: a quem interessa a exposição maciça da homo afetividade nos folhetins televisivos? Será que é uma ‘bondade’ das emissoras para com a causa gay? Penso que não!

A primeira aparição de um papel homo foi na novela da Rede Globo ‘Assim na Terra Como no Céu’ (1970/1971), de Dias Gomes. Ary Fontoura interpretava o carnavalesco Rodolfo Augusto. Outros papéis apareceram, porém de tempos em tempos. Mas desde 2003, até o presente ano de 2013, os gays dominaram as tramas. Estamos presenciando até mesmo o ápice dessa exposição: Mateus Solano é um dos protagonistas da telenovela das 21 horas, ‘Amor à Vida’, escrita por Walcyr Carrasco. Seu personagem: um gay! Conquista homossexual? Pode até ser, a depender do ponto de vista. Lei da ação e da reação. A conquista LGBT por dignidade tem reação nos grupos reacionários.

Essa situação não envolve apenas a aceitação popular. Envolve também questões culturais, religiosas, íntimas e por aí vai. O respeito precisa haver sempre. Mas a aceitação é um pouco mais complicada. Se a telenovela, enquanto veículo de massa impõe essa aceitação, a reação vai ser inevitável. E nem sempre vai ser positiva. Conclusão: movimentos evangélicos pipocando nas esferas políticas contra direitos de gênero alcançados pelo movimento homossexual.

Tendo a consciência de que o público gay tem um bom poder aquisitivo (geralmente por não terem gastos com família) e conquistou direitos sociais, não sejamos ingênuos a ponto de pensar que a Rede Globo (principal emissora a difundir a cultura LGBT nas telenovelas) está na ‘defesa da causa’. Como toda empresa, a emissora vê o lucro na exploração desse nicho. Se não fosse essa a causa principal, todo folhetim da emissora teria personagens indígenas, cegos, surdos, mudos, negros e deficientes físicos. Só para falar de algumas categorias que lutam por inclusão social país afora.

É bom ver o público homo afetivo ser retratado na televisão. Mas o que poderia ser a última pá de cal no túmulo da intolerância de gênero está se transformando numa batalha social, litúrgica, política e psicológica. É só prestar atenção a projetos de segregação a gays em trânsito no Congresso Nacional. Todos elaborados por deputados evangélicos. Cabe às emissoras tratarem com bom senso o uso do tema LGBT, sem apelar ou exagerar na dose. Quem é contra está de olho. Abramos nossos olhos também.

** Anderson Bruno é crítico audiovisual.

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