Quinta, 28 De Março De 2024
       
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Pedro Amaro vai para o Céu


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Publicado em 13 de julho de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Seu Cordel, montado em redondilhas.

Rian Santos
[email protected]

Sou informado sobre o falecimento do poeta Pedro Amaro e me ponho a pensar na essência da literatura estampada em páginas de cordel, da qual conheço tão pouco. Popular até a medula, as redondilhas publicada em libretos baratos, penduradas no gogó de um repentista anônimo, no meio da feira, dispensam a mediação de gente metida a besta, como eu. Forjadas na língua fácil do povo, elas transbordam, uma torrente.
Sim, conheço muito pouco da literatura de cordel, em geral. E conheço o trabalho de Pedro Amaro menos ainda. Sei, no entanto, do respeito que poetas mais jovens dedicam ao cordelista. Izabel Nascimento, filha de Pedro Amaro, também ela versada na cadência ligeira do cordel, sempre faz questão de evocar o primeiro de sua linhagem. Batalharam os dois, pai e filha, a luta vã da poesia.
Izabel faz da poesia popular uma causa. Divulgar a literatura de cordel sempre equivaleu, para ela, a fazer justiça ao trabalho de Pedro Amaro, incansável. À menor brecha, a moça expõe páginas e mais páginas, aproveita um mote, declama. Segue o exemplo do patriarca da família, também ele muito ativo, sempre disposto a montar a sua banca, até não poder mais.
Escrevo fiado em depoimento da própria. Durante os festejos de junho, com Pedro Amaro internado, ela declamou sozinha no Arraiá do Povo pela primeira vez. Nem assim se furtou a alardear o aniversário do poeta, nascido em plena festa, há 85 anos.
“Logo nos primeiros dias do evento, fui acompanhá-lo no hospital e contei do brilho da festa, das pessoas que perguntaram por ele. Lembramos de quando íamos juntos para o stand do Cordel, das pelejas com os horários dos ônibus para voltarmos para casa e até da turista que tirou foto com ele, chamando-o de Seu Cordel”.
Pois eu afirmo que a ingenuidade da turista rima com uma verdade maior. Por tudo o que fez e fará sempre, por força de tanto trabalho, Pedro Amaro vai para o Céu montado em redondilhas. E bem merece o nome próprio de Poesia.

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