Decifrando o quebra-cabeça
Publicado em 06 de dezembro de 2018
Por Jornal Do Dia
* Rômulo Rodrigues
Bolsonaro ganhou a eleição, é fato. O eleitor que votou nele sente-se representado por ele e muitos até, são exatamente iguais e, de nada adianta argumentar que do ponto de vista da Moral, houve uma fraude.
Ele ganhou com 39,9% dos votos dos eleitores aptos a votar e isso é o que importa, pois, para essa massa disforme que votou nele, tudo foi válido e, casos comprovados de uma grande operação de Fakes, Zapp, a partir de CPFs clonados tenha sido a base da ofensiva contra Haddad nos últimos dias do segundo turno. Parece que a Nigéria será a próxima vítima.
Seus milhões de eleitores vibram com o feito; para eles, o importante é ter derrotado o candidato do PT. Afinal, eles são impulsionados por um eficaz remédio moral; o ódio contra seus semelhantes, fenômeno igual ao que move algumas torcidas de futebol tipo, por exemplo, aquela que vestiu a camisa da CBF e foi para as ruas protestar contra a corrupção e legitima a vitória do seu time contra o rival, mesmo que o gol decisivo tenha sido feito com a mão, ou em impedimento. Porque, ganhar, mesmo que de forma ilícita, leva a crer que o crime compensa.
Nada a ver que o candidato, em 2014, disputando a reeleição para Deputado Federal, pelo PP, estampava no santinho os pedidos de votos para Aécio Neves-Presidente e Pezão-Governador, ressaltando suas qualidades de honestos. O candidato a Vice de Pezão, o atual Vice-Governador do Rio de Janeiro, Francisco Dorneles é primo de Aécio e foi quem, como presidente do PP, indicou Paulo Roberto Costa para Diretor da Petrobrás, em 2003.
O marco atual da Geopolítica indica que o Capital não mais impõe para este neocolonialismo a figura de um líder carismático ou de uma força determinada, como as Forças Armadas. Quem dá as cartas é o indeterminado Mercado. Ele é a liderança e a força operativa ao mesmo tempo.
A recente determinação da força operativa, pelo General Villas Boas, para que os comandos do Exército reescrevam outra narrativa do que chamam de "intentona comunista" de 1935, indica que a estratégia já é; fazer levantamento dos focos de resistência democrática para criminaliza-los e aniquila-los.
Nas ordens de prioridades vêm: PT; PC do B; PSOL; CUT; CTB; MST; MTST; outros Partidos de Esquerda e demais Movimentos Sociais e por Direitos; além de Personalidades como Lula; Dilma; Haddad; Boullos; Stédile; Manuela; Gleisi; Lindberg; Damous; Pimenta; Jaques Wagner e outros.
Para entender o que acontece no Brasil é fundamental decifrar o personagem do momento; o Ex-Capitão do Exército Jair Bolsonaro, como auto imagem de milhões de brasileiros; racistas, homofóbicos, preconceituosos, feminicidas, misóginos, sádicos, sub letrados e subalternos a quem imaginam ser o equilíbrio do Planeta; na mais verdadeira expressão do complexo de vira-lata.
Seus seguidores o veem bem próximo de si, seja como amigo, como marido, como tio, avô ou velho companheiro; como um espelho a refletir a ignorância humana.
Seus sucessivos ataques ao povo e às instituições atingem grande parte da massa que o elegeu. Ao acabar com o Ministério do Trabalho e do Emprego está legitimando tanto o Trabalho Infantil como o trabalho Escravo e, ao transferir as relações sindicais para a pasta de Moro está caracterizando as reivindicações trabalhistas como casos de Polícia.
Após usar a defesa da família como trunfo de campanha, anuncia criar um Ministério para ser entregue a assessora de Magno Malta, como recompensa e, vejam só o nível da contemplada Dra. Damares Alves, que é a autora da aberração disseminada como "Kit Gay" e também da descoberta antológica de que o ponto "G" das mulheres é invenção do PT.
Escreve a Dra. Damares na primeira manifestação após anunciada como Futura Ministra da Família: "Me preocupo com a ausência da mulher dentro de casa. Hoje, a mulher tem estado muito fora de casa. Costumo brincar que gostaria de estar em casa todas as tardes, numa rede, me balançando e meu marido ralando muito, muito, muito para me sustentar e me encher de joias e presentes. Este seria o padrão ideal de sociedade mas não é possível; temos que ir para o mercado de trabalho."
Surfando na onda da megalomania do "Tá tudo Dominado", ele já não esconde suas falsetas e, com bolsa de colostomia e tudo, levantou uma Taça pesando 18 kg, sem mostrar sem mostrar sintomas de esforços e, para completar o show, tentou levantar Felipão, com seus mais de 100 Kg e ainda virou garoto propaganda da CREFISA, patrocinadora do Palmeiras.
Compondo o cenário digno de "YONESCO", vejamos a composição do Ministério de notáveis probos, já anunciados: na Economia, um Administrador denunciado por fraudes bilionárias em Fundos de Pensão; na Saúde, um Deputado Federal investigado por crime de corrupção, tráfico de influência e recebimento de propinas; na Justiça, um juiz com investigações abertas no CNJ e no Comitê das Nações Unidas; na Casa Civil, um Deputado Federal que confessou ter recebido R$ 100 mil de propina e escondeu outros R$ 100 mil; na CGU, vai manter o Ministro de Temer que abafou casos de corrupção; na Petrobras, um lobista das petroleiras americanas rivais do Brasil e na CEF, o genro de Léo Pinheiro, já citado. Tudo seria muito cômico, se fosse tão trágico.
* Rômulo Rodrigues é militante político