"Mãe preta", pintura do artista Florival Santos
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Delegados atacam abaixo da cintura
Publicado em 13 de setembro de 2020
Por Jornal Do Dia
Desde o início do processo eleitoral des te ano, o senador Alessandro Vieira(Cidadania) vinha sendo retirado da linha de frente da campanha da delegada Danielle Garcia (Cidadania) para a Prefeitura de Aracaju. Entre os aliados, havia a sensação de que o senador, que foi delegado geral da Polícia Civil durante quase todos os governos Jackson Barreto, não agregava e que poderia criar empecilhos no decorrer da campanha.
Na sexta-feira (11), o senador Alessandro resolveu radicalizar para tentar alcançar algum tipo de protagonismo em relação a chapa Danielle/Valadares Filho. Em entrevista a Gilmar Carvalho (Jornal FM), atacou adversários e, principalmente o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), que disputa a reeleição. Alguns tópicos da entrevista:
"Edvaldo (Nogueira) é prefeito da Torre, dessa vergonha que é o único Hospital de Campanha de capital nordestina sem leito de UTI…". E ainda desafiou o prefeito a "dizer qual é o rabo que o prende à Torre".
O senador também fez críticas à bancada federal sergipana e ao governador Belivaldo Chagas ‘(PSD):
"A bancada federal e o deputado federal Fábio Reis (MDB) – coordenador da bancada sergipana no Congresso Nacional – são preguiçosos". (O senador é um dos integrantes da bancada, mas prioriza atividades individuais);
"Belivaldo (Chagas) é um governador preguiçoso. Mesmo com a pandemia, ele não reuniu a bancada federal em momento algum… (Como se alguém da bancada tivesse uma receita mágica para combater a covid-19);
Sobre o deputado estadual Rodrigo Valadares (PTB), antigo aliado e virtual candidato a PMA, o senador o classificou como demagogo:
"Ele posa como de direita, mas todos sabem quem ele representa. É um demagogo".
Coma o discurso belicoso, Alessandro Vieira se aproxima do discurso raivoso que vem sendo posto em prática em Sergipe desde a campanha eleitoral de 2018, quando Danielle Garcia se aproximou da candidatura de Valadares Filho ao governo do estado apenas para atacar o hoje governador Belivaldo e os seus aliados. O tom do segundo turno da campanha para governador deverá ser o mote principal da campanha da delegada Danielle, aliás como já vem sendo demonstrado em todas as entrevistas e discursos nesse processo. No discurso que formalizou a sua candidatura, domingo passado (6), Danielle Garcia deixou claro que, caso eleita, a gestão não será muito diferente de sua atuação na época em que chefiava a Deotap e protagonizou operações policiais sempre contestadas pela justiça, aos moldes da fase inicial da Lava Jato (a delegada fez parte da equipe de Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça (DRCI/SNJ) no primeiro ano do governo Bolsonaro, quando Sérgio Moro ainda era o ministro da Justiça): "Faremos uma gestão que tem como prioridade os aracajuanos e a resolução dos problemas da cidade, em especial os que já duram anos e que as últimas gestões se esquivaram. Alguns, inclusive, viraram até caso de polícia. Mas nós vamos mudar essa realidade, pois não estamos aqui para administrar preocupados em agradar aliados. Montamos um plano de governo com propostas que irão proporcionar uma Aracaju melhor em todas as áreas", ressaltou a candidata.
Em 2018, a eleição Bolsonaro, do próprio Alessandro Vieira e de tantos outros policiais para Assembleias Legislativas e Congresso Nacional já representou a negação da política. Este ano, somente em Aracaju, além da candidatura da delegada Danielle, estão previstas as candidaturas à PMA dos delegados Paulo Márcio (DC), Georlize Teles (DEM) e Mário Leony (PSOL), além da candidatura da delegada Katarina Feitoza (PSD) como vice na chapa de Edvaldo Nogueira. E ainda há inúmeros policiais civis e militares disputando vagas para a Câmara Municipal de Aracaju.
De todos os delegados, no entanto, o mais beligerante é Danielle Garcia, que levou até o sisudo senador Alessandro a agir da mesma forma. É a chamada ‘nova política’, tão velha, rabugenta e conservadora como a maioria dos que nunca largaram o poder. Os "novos" se escudaram em partidos conservadores e lideranças derrotadas e muito questionadas, inclusive sob o ponto de vista ético.
Aliança possível
Com a convenção partidária marcada para o próximo dia 16, último dia previsto pelo calendário eleitoral, Márcio Macêdo (PT) disse que o nome do candidato a vice ainda não foi definido, mas continua trabalhando para atrair o ex-presidente da OAB, Henri Clay, pré-candidato a prefeito pela Rede. "Eu vou aguardar as definições para escolha do vice. Cada partido tem a sua posição. Henri Clay é um nome respeitado, uma pessoa digna, muito inteligente. Mas não cabe a mim, depende dele e da Rede. Mas temos um partido forte. O PT tem estrutura partidária, tem trabalho prestado, tem projeto pro povo", pontuou.
Isolado, Henri Clay caminha para a aliança com o PT, mesmo que não aceite a condição de candidato a vice-prefeito. A convenção da Rede será também no dia 16, no mesmo horário da do PT.
Márcio, que já recebeu o apoio do Pros, se mostra preocupado com algumas alianças que têm surgido no cenário político municipal. Fator que, para eles, não apresenta nenhum benefício ao povo. "Quem se diz ‘a nova política’ se junta a Edvan Amorim, ao PL de Waldemar da Costa Neto. Tudo isso atrás de tempo de TV. Isso não é a nova política. Ela está ao lado da velha política", disse, numa referência a delegada Danielle Garcia, pré-candidata do Cidadania. "De nova não tem nada. Já Edvaldo se apoia e se submete a Temer, André Moura e Laércio Oliveira, ele se afasta da esquerda. Edvaldo se esconde, não assume posições, ele não é um líder", destacou.
Lives e showmícios
O TSE adverte: é vedada a apresentação de artistas como cantores e atores, sejam estes remunerados ou não, em transmissões ao vivo pela internet (lives) feitas por candidatos.
O entendimento foi proferido em resposta a uma consulta do Psol, que havia indagado ao TSE se, levando em consideração o contexto da pandemia de covid-19, seria permitida a "realização de apresentação dos candidatos aos eleitores juntamente com atores, cantores e outros artistas através de shows (lives eleitorais) não remunerados e realizados em plataforma digital".
O relator da consulta, ministro Luís Felipe Salomão, entendeu que as lives com candidatos e a apresentação de artistas equivalem a showmícios, que são proibidos pela legislação eleitoral. Para o magistrado, é "irrelevante" que tais eventos sejam realizados em uma plataforma diferente.
Fogos dão multa
O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) manteve, na sessão de quinta-feira (10), a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE-SE) que determinou que Lucimara Dantas Passos, candidata a deputada federal nas eleições de 2018, devolva o valor de R$ 30 mil do Fundo Partidário usado para a compra de 120 caixas de fogos de artifício.
O relator, ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, negou provimento ao pedido para reformar a decisão. O julgamento foi em lista.
Em decisão monocrática de julho deste ano, o ministro Tarcisio já havia negado pedido para mudar a decisão do TRE de Sergipe que desaprovou a prestação de contas de Lucimara e destacou que a legislação eleitoral não permite que tais itens sejam pagos com recursos da campanha, especialmente com dinheiro público.
Lucimara Passos é candidata a vereadora pelo PCdoB.
Mais espaço para os negros
Partidos políticos terão que dividir recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e o tempo de rádio e televisão entre candidatos brancos e negros nas eleições municipais deste ano. A decisão é do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski que atendeu a pedido de liminar feito pelo Psol. No mês passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou a divisão, mas entendeu que a medida só poderia ser aplicada nas eleições de 2022.
Ao analisar o caso, Lewandowski entendeu que a nova regra não vai trazer prejuízos para os partidos. "Segundo o calendário eleitoral, ainda se está no período das convenções partidárias, qual seja, de 31/8 a 16/9, em que as legendas escolhem os candidatos, cujo registro deve ser feito até o dia 26/9. Tal cronograma evidencia que a implementação dos incentivos propostos pelo TSE não causará nenhum prejuízo às agremiações políticas, sobretudo porque a propaganda eleitoral ainda não começou, iniciando-se apenas em 27/9", decidiu o ministro.
Quem engana?
O deputado estadual Rodrigo Valadares foi às redes sociais criticar adversários. Disse que, nas convenções partidárias, Danielle Garcia escondeu Alessandro Vieira, e Edvaldo Nogueira não apareceu com André Moura. Apressado, Rodrigo "esqueceu" que a presidente do seu partido, a ex-deputada Cristiane Brasil, foi presa nesta semana, apontada pelo Ministério Público do Rio de estar envolvida em corrupção na Prefeitura da capital carioca. Será que Rodrigo vai publicar, em seus perfis, fotos com Cristiane?
Muito dinheiro
Em Aracaju, um candidato a vereador poderá gastar nestas eleições até R$ 186.003,67 e o candidato a prefeito a importância de até R$ 4.286.917,89 no 1º turno e até R$ 1.714.767,16 no 2º turno. O limite de gastos engloba a contratação de pessoal de forma direta ou indireta, que deve ser detalhada com a identificação integral dos prestadores de serviço, dos locais de trabalho, das horas trabalhadas, da especificação das atividades executadas e da justificativa do preço contratado.
Com agências