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DEPOIS DO CARNAVAL PODE HAVER CINZAS NA POLÍTICA
Publicado em 10 de fevereiro de 2018
Por Jornal Do Dia
Nesta terra que Jorge Amado em tom de galhofa e constrangimento chamou de País do Carnaval, naquele que foi o seu sofrível livro de estreia, o ano só começa mesmo quando os sons da fuzarca, derem lugar aos sinos repicando, chamando os fieis para a cerimônia de aposição de cinzas. A folia se estende, e as manhãs das quarta feiras não aquietam os chamegos que ultrapassam as ¨terças-feiras gordas¨, presumido fim do que antes se chamava o tríduo do Rei Momo. Mas o Rei Momo já virou relíquia rara. De qualquer forma a folia termina mesmo pela exaustão dos foliões, ou por se tornar um abuso.
A cerimônia da aposição de cinzas, é um ritual da Igreja Católica, que sugere a passagem da exacerbação da carne , da luxuria, para a meditação sobre o transitório da vida , e a precariedade da carne. O sacerdote põe cinzas na testa das pessoas, e em latim alguns ainda repetem: ¨Memento hominis pulvis es et pulveris reverteris¨. Lembrai- vos homens, sois pó e ao pó retornareis.
É também um chamamento à razão, à sobriedade, ao equilíbrio do espírito, o que significa dizer, também a busca de um necessário desapego ao puramente material, ou a essa coisa tão imaterial que se chama vaidade. Enfim, são as vaidades que se reduzem à cinzas.
Mas enfim, das cinzas que aqui tratamos neste fevereiro são outras, são as que poderão com o julgamento pautado do TSE para o final deste mês sobrar das carreiras políticas de alguns dos nossos parlamentares, que serão julgados. O rigor que se anuncia pela boca do novo presidente do tribunal Superior Eleitoral parece indicar que vai prevalecer, íntegra, a Lei da Ficha Suja, impondo a vedação do registro de candidaturas, ou, pior ainda, a cassação de mandatos. Não é nada que deva ser comemorado, porque há casos em que a saída da vida pública de alguns, marcará no fim das contas, uma certa desproporcionalidade nos castigos aplicados para ilícitos diversos.
Mas há casos tão evidentes de atropelo da lei, que a empáfia, transformando-se em cinzas, é algo positivo para a nossa tão afrontada vida pública.