Sexta, 19 De Abril De 2024
       
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Mitidieri usa máquina e TCE é instrumento de uso político


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Publicado em 30 de abril de 2022
Por Jornal Do Dia Se


“Fábio Mitidieri vem dando mostras de que não se preocupa em se beneficiar eleitoralmente do uso da máquina administrativa”

O uso da máquina pública e das instituições na campanha eleitoral a favor do candidato governista, pode se transformar numa ameaça a transparência e a lisura nas eleições deste ano no estado de Sergipe. Adversários começam a denunciar casos escabrosos que vão precisar de uma vigilância rigorosa por parte do Ministério Público Eleitoral.
Os senadores Rogério Carvalho (PT) e Alessandro Vieira (PSDB), pré-candidatos a governador por seus partidos, já acusaram conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SE) de agirem junto a prefeitos que manifestam simpatia por suas candidaturas. Rogério também acusou o Departamento de Crimes contra a Ordem Tributária e Administração Pública – Deotap de perseguir adversários. O ex-prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho (PL), que também pode vir a ser candidato a governador, seria uma dessas vítimas.
Além das denúncias dos adversários, o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), pré-candidato do bloco governista, participa de todos os atos do governo Belivaldo Chagas, desde inaugurações até autorização de obras de serviços. São verdadeiros comícios, com a convocação da população e de lideranças políticas do município.
Esse tipo de ato político já provocou muita dor de cabeça ao atual governador. O TRE-SE considerou as caravanas de autorização de obras em 2018 como abuso político durante a campanha eleitoral, e cassou o seu mandato. A medida foi revista pelo TSE, mas Belivaldo atravessou quase três anos com a pecha de governador cassado.
Belivaldo era o governador da época e disputava a reeleição, por isso tinha a prerrogativa de autorizar essas obras. Fábio Mitidieri é apenas um papagaio de pirata que tenta pegar carona nos benefícios que o governo pode levar para essas comunidades.
Mitidieri também é acusado de usar a máquina pública nas reuniões que vem promovendo em municípios do interior, chamadas de “Sergipe, Caminhos da Esperança”. Na reunião realizada na semana passada em Estância, funcionários comissionados do gabinete do governador e até secretários de estado foram vistos desfilando e mobilizando eleitores vestidos com a camisa do evento.
No caso do uso político das instituições, o TCE não passa uma eleição incólume. Desde que os próprios políticos passaram a ser os conselheiros – e não os seus apaniguados – a situação piorou. Dos sete conselheiros atuais, três tem interesse direto nas eleições, indicam parentes e aliados para cargos no governo do estado e nas prefeituras, e chegam a participar abertamente de reuniões políticas.
Ulices Andrade é pai do deputado estadual Jeferson Andrade (PSD); Luiz Augusto Ribeiro pai do deputado federal Gustinho Ribeiro (PSD) e sogro da prefeita de Lagarto, Hilda Ribeiro; Angélica Guimarães é casada com o deputado Vanderbal Marinho (PSC). A conselheira Susana Azevedo, que foi deputada estadual por quatro mandatos, também participa ativamente das campanhas eleitorais, só que apoiando candidatos que não são de sua família. Os conselheiros Flávio Conceição, atual presidente, e Carlos Pinna também participam de rodas políticas e empresariais. O sétimo conselheiro, Luis Alberto Meneses, é oriundo do Ministério Público de Contas e está no cargo há poucos meses.
Nestas eleições Ulices era um dos quatro nomes do bloco governista na disputa pela candidatura a governador. Interferiu diretamente para que o escolhido fosse Mitidieri e participou da reunião do grupo que sacramentou a pré-candidatura. O seu filho disputa a reeleição.
O filho de Luiz Augusto também disputa a reeleição, enquanto Angélica tenta viabilizar a candidatura de um sobrinho, já que o marido parece ter desistiu de tentar a reeleição.
O TCE fiscaliza as contas dos órgãos públicos. No caso das prefeituras, os municípios são divididos em áreas e cada conselheiro tem a sua região de fiscalização. Se um conselheiro tem interesse eleitoral, há o risco de que prefeitos e vereadores sejam pressionados para que votem a favor de seus parentes e/ou protegidos.
Rogério Carvalho e Alessandro Vieira fazem bem em denunciar essas irregularidades, mesmo que os conselheiros neguem os fatos. Fábio Mitidieri vem dando mostras de que não se preocupa em se beneficiar eleitoralmente do uso da máquina administrativa.
Como diz que não pretende mais disputar uma eleição, o governador Belivaldo Chagas tem sido conivente com esses abusos. Resta a fiscalização dos adversários, do Ministério Público e da Justiça Eleitoral.

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