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Rio São Francisco já provoca inundações em Sergipe


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Publicado em 22 de janeiro de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Em muitos municípios, as águas já estão provocando inundações. (Foto: Divulgação/Defesa Civil)

Gabriel Damásio

Moradores de 14 cidades sergipanas, do Baixo São Francisco, estão apreensivos desde a confirmação, por parte da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), de que a vazão do Rio São Francisco teve que ser aumentada. Até o meio da semana que vem, a liberação de água no rio deve chegar a 4 mil metros cúbicos por segundo(m³/s), muito acima da média habitual de 1.500 m³/s. A última vez que as vazões do rio superaram essa média foi há 12 anos.
O aumento da vazão começou de forma gradual desde 12 de janeiro, sendo 500 metros cúbicos por segundo (m3/s), a cada 48 horas, por causa das fortes chuvas ocorridas na Bahia e em Minas Gerais, que fizeram acumular um excesso de água nos reservatórios das outras usinas hidrelétricas construídas no leito do Velho Chico, como Sobradinho (BA) e Xingó (entre Canindé de São Francisco e Piranhas/AL). Na usina sergipana, quase todos os vertedouros de água estão abertos.A vazão defluente de Xingó foi licenciada em 1.300m³/s, mas por causa da seca dos últimos anos, chegou a ser reduzida para 550m³/s.
A vazão do rio ainda estava por volta de 3.200 m/s nesta sexta-feira, mas alguns efeitos desse aumento já começaram a ser sentidos em algumas cidades ribeirinhas. Uma delas é Telha, onde os bares localizados na praia da Adutora, às margens do rio, ficaram ilhados. Toda a faixa de areia do rio foi coberta pela água. Os moradores e comerciantes destas áreas foram orientados a retirar os objetos que forem possíveis e mudar para locais seguros, durante a permanência desta cheia.
Em Propriá, vizinha a Telha, regiões próximas à orla da cidade também ficaram alagadas. Também foram afetadas as cidades de Amparo do São Francisco, Brejo Grande, Canhoba, Canindé, Gararu, Ilha das Flores, Nossa Senhora de Lourdes, Neópolis, Poço Redondo, Porto da Folha e Santana do São Francisco. As cidades foram acionadas por terem pontos sensíveis a vazões a partir de 2.500 m³/s, conforme classificação da Chesf.
Na manhã de sexta, a região foi visitada por uma equipe de técnicos da Defesa Civil Estadual (Depec) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama). Acompanhados do Grupamento Tático Aéreo (GTA), eles sobrevoaram todo o curso do Rio São Francisco em território sergipano, entre Canindé e Brejo Grande. O objetivo foi fiscalizar e monitorar o impacto das cheias nos municípios ribeirinhos.
Agerente de planejamento e gestão de risco do Depec, capitã Emanuela Cruz,avalia que, mesmo com o aumento do volume ocorrendo de maneira gradativa, a vazão tende a aumentar. “Todos esses locais foram tomados pela cheia e com o ápice da vazão de 4.000m3/s na próxima segunda-feira, o nível do rio subirá ainda mais, o que afetará sua margem nos municípios”, detalha.
Ainda de acordo com a capitã, a Defesa Civil pôs em prática um conjunto de ações preventivas nas cidades afetadas, apoiando as prefeituras e Defesas Civis locais, e alertando as comunidades ribeirinhas, sobretudo àquelas que possuem residências próximas ao leito do rio e criação de animais nas croas e ilhotas em seu curso, para que desocupem as casas e se mudem para um local seguro.
“Em áreas similares onde ainda há um grande fluxo de pessoas e veículos é importante a desocupação, a fim de salvaguardar vidas e patrimônios, visto que um grande volume de chuvas continua ocorrendo na região do Alto São Francisco, no Estado de Minas Gerais, podendo o nível do rio aumentar ainda mais do que o já previsto”, alerta a capitã.
Um possível aumento maior das vazões de água, a depender da continuidade das chuvas em Minas, já é admitido pela própria Chesf, ao prever queo período úmido deva se estender até abril. A estatal diz que fez alertas a um total de 33 prefeituras de municípios ribeirinhos doSubmédio e Baixo São Francisco, incluindo as 14 de Sergipe, e que o aviso prévio sobre o aumento da vazão foi para que as autoridades municipais pudessem se organizar, dentro da agilidade necessária para a situação.

Comunidades – A situação também preocupou o Ministério Público Federal (MPF), que acionou a Chesf para questionar sobre medidas para minimizar os impactos que o aumento da vazão pode causar nas comunidades tradicionais quilombolas, indígenas e de pescadores. O procurador Flávio Matias deu prazo de 48 horas à estatal para que ela relate as ações concretas adotadas em conjunto com o Ibama, o governo do Estado e a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), para diminuir os impactos do aumento da vazão nas áreas urbanas dos municípios ribeirinhos, onde há construções de residências e empreendimentos comerciais às margens do Rio São Francisco.
“Enviamos o questionamento à Chesf porque nada foi noticiado sobre interlocução e contato com as comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas localizadas às margens do Rio São Francisco, a fim de minimizar eventuais danos que possam vir a experimentar em razão do célere aumento da vazão defluente da UHE Xingó num intervalo de poucos dias”, explicou o procurador.

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