Valdevan Noventa é alvo de investigação da polícia de SP

Gabriel Damásio

O deputado federal cassado Valdevan Noventa (PP) foi um dos alvos da Operação Chapelier, deflagrada nesta sexta-feira pela Polícia Civil de São Paulo. Ela investiga práticas de corrupção e lavagem de dinheiro na gestão do Sindmotoristas, o sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo. Valdevan, que é sergipano e se elegeu deputado por Sergipe, construiu sua carreira na capital paulista, onde presidiu a entidade por cerca de 30 anos – e mantém ligações com ela até hoje.
Ao todo, 10 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça foram cumpridos. Um deles foi em um haras de luxo na zona rural de Arauá (Sul), cidade natal e reduto eleitoral do sindicalista. Segundo a polícia, a propriedade de 133 hectares pertence a Valdevan e era usada por ele para a criação de 50cavalos de raça, alguns deles avaliados em até R$ 2 milhões cada.Agentes da 1° Delegacia Seccional de Polícia de Guarulhos (SP) estiveram no haras, apoiados por equipes da Coordenadoria de Polícia Civil do Interior (Copci).
Os outros mandados foram cumpridos em endereços ligados ao deputado cassado e a outros dirigentes do Sindmotoristas em São Paulo e na cidade de Taboão da Serra (GrandeSãoPaulo), que é outro reduto eleitoral de Valdevan. Vários bens e documentos foram apreendidos. O delegado paulista Roberto Monteiro, responsável pela operação, disse em entrevista coletiva que há indícios de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito dos suspeitos, a partir de práticas como extorsão, corrupção e pagamento de propinas, envolvendo recursos e benefícios arrecadados pelo sindicato junto à Prefeitura de São Paulo e às empresas de transporte coletivo que atuam na cidade.Ele disse também que a Operação Chapelier foi um desdobramento da investigação do Ministério Público Eleitoral de Sergipe, realizada em 2019, que apurou a doação irregular de recursos para a campanha de Valdevan em 2018,com uso de “laranjas”. Essa investigação resultou na cassação do mandato de Valdevan, confirmada em março pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Sobre as buscas no haras, Roberto Monteiro disse que os cavalos criados ali não tinham nome e nem a fazenda tinha a documentação exigida pelos órgãos de fiscalização agropecuária. “Dá a nítida impressão de que os membros dessa organização criminosa, já prevendo as movimentações da polícia,se precaveram no sentido de ocultar informações e dificultar a ação da polícia. Eles não vão conseguir, porque já estamos preparados para produzir as provas, e temos essa situação dos 50 cavalos encontrados em Sergipe”, falou o delegado.
Em nota, a assessoria do deputado Valdevan Noventa afirmou que a operação policial envolve o Sindmotoristas, de cuja diretoria ele faz parte, e de que “trata-se de uma investigação no curso de um inquérito, que somente após comprovação do que foi denunciado é que poderá ou não, se transformar em processo”. A nota diz também que, “apesar do estardalhaço que fizeram, não há nessa operação nada que deponha contra Valdevan, nem nada que o desabone, ou impeça sua candidatura”. (com informações da Band TV)