Internos da Fundação Renascer conversam com familiares pelo celular
DETENTO CONVERSA COM FAMILIARES PELAS REDES SOCIAIS
Publicado em 19 de abril de 2020
Por Jornal Do Dia
Internos da Fundação Renascer conversam com familiares pelo celular
DETENTO CONVERSA COM FAMILIARES PELAS REDES SOCIAIS
Milton Alves Júnior
"Fomos, e estamos todos impactados diretamente por esse novo coronavírus. Infelizmente muitas medidas difíceis precisaram ser aplicadas não como forma de censura, ou algo nesse sentido, mas sim para salvar a vida das pessoas. Aos poucos, com conversas e com os adolescentes assistindo informações apresentadas pelos principais telejornais do estado e do país conseguimos conscientizar a todos quanto a importância de temporariamente suspender as visitas semanais". Presidente da Fundação Renascer do Estado de Sergipe desde 04 de fevereiro de 2015, o advogado e professor Wellington Mangueira revela ter buscado com os técnicos administrativos e operacionais medidas emergenciais que pudessem garantir aos mais de 200 adolescentes acolhidos pelo sistema socioeducativo o direito de conversar com os pais, avós ou tios. Todas as ações de acordo com o que rege o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase).
Com o aval do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe (TJ/SE), um mecanismo de videoconferência tem sido realizado desde o início do mês, quando, a cada nova ligação, os adolescentes conversam por cerca de 20 minutos com os respectivos familiares; esses encontros virtuais são acompanhados por monitores socioeducativos, psicólogos e técnicos pedagógicos. Conforme destacado pelo gestor, em decorrência dessa ação coletiva – a qual conta ainda com o apoio do Ministério Público Estadual (MPE), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e da Defensoria Pública, o Governo de Sergipe conseguiu minimizar os riscos de motins e rebeliões. Ao JORNAL DO DIA, Wellington Mangueira destacou a postura transparente realizada pela Fundação Renascer, bem como o apoio dos familiares.
"Jamais conseguiríamos conquistar a confiança dos adolescentes e mudar aquele cenário antigo de conflitos se por nossa parte não houvesse transparência das medidas e o apoio dos familiares. Mesmo sabendo que as visitas estavam suspensas, mostramos os motivos, as razões e garantimos que ninguém ficaria sem poder falar com os familiares. Nessas ligações os próprios pais também destacam a importância do distanciamento social como forma de evitar que estejamos mais distantes da COVID-19", destacou o gestor que completou destacando: "esse sistema de videoconferência será mantido até o dia em que os órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS), e a Secretaria de Estado da Saúde (SES), indicarem sinal positivo para o reencontro pessoal."
Na região Nordeste, esse mesmo sistema tem sido utilizado nos estados da Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Ceará. No país, as visitas virtuais começaram a ser realizadas ainda no final do mês passado nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás e Amazonas. De olho em um futuro próximo, o adolescente L.F.S, de 16 anos, reconhece que a distância é sacrificante, apesar de necessária. "Essa distância é a mais difícil, podem ter certeza. Vamos ter um Dia das Mães sem poder dar um abraço, mas é para o nosso bem, fazer o quê? Estamos pagando pelos nossos erros e o que nos resta é se apegar a essas ligações em vídeo", disse.
Evolução – No sistema penitenciário [adultos], o Governo de Sergipe, por intermédio da Secretaria de Estado da Justiça, do Trabalho e de Defesa do Consumidor (SEJUC), também tem atuado com a perspectiva de aproximar internos e familiares durante a pandemia do Coronavírus e vigência do Decreto Governamental. Ações semelhantes adotadas pelas unidades socioeducativas estão sendo utilizadas por internos acomodados nas três unidades do sistema prisional de Sergipe. Inicialmente operacionalizado por meio de cartas, desde o início da semana passada videochamadas estão à disposição dos detentos. De acordo com o diretor da Cadeia Pública de Estância, Vanilson Soares, o apoio familiar também contribuiu para diminuir os riscos de conflitos internos.
"Está sendo muito positivo para as famílias e internos, assim mantemos o vínculo familiar que é muito importante para a ressocialização. São em média 180 internos com famílias cadastradas, assim está entre cinco e dez minutos a duração da videochamada. Com isso, mantemos a família em segurança, sem precisar sair de casa para ter notícias de um filho, de um irmão, do pai, que esteja aqui na unidade prisional, assim como o interno está sabendo de notícias da família", declarou. A SEJUC informou que a videochamada está sendo realizada, em dia e horário previamente agendados, dentro da unidade prisional, em uma sala que foi adaptada para que os internos e familiares possam continuar mantendo contato mesmo diante dessa fase de isolamento social.