Dezembro, suas confraternizações e a minha baixa fria
Publicado em 18 de dezembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Sou Antonio, mas não consegui a proeza do Santo: ser visto em dois diferentes lugares na mesma hora. Ano que vem, o furdunço da baixa fria será prioridade número 1
* Antonio Passos
Chegou dezembro e com ele a agenda de confraternizações do final de ano. Quem dorme no ponto e demora a marcar, acaba sem data disponível.
Ainda não havia começado o mês e avistei uma delas. Durante caminhada no Parque da Sementeira, vi um aglomerado de gente. Todos com camisetas de uma mesma cor e presentes na mão.
Pra mim também, este ano, a maratona foi antecipada. Novembro ainda fechava as portas quando aconteceu o encontro da turma do segundo grau.
Sim, isso mesmo! Estudamos juntos durante os anos de 1981, 82 e 83, na antiga Escola Técnica Federal de Sergipe – ETFSe, que hoje recebe o nome de Instituto Federal de Sergipe – IFS.
Terminado o curso técnico em edificações, aos poucos, fomos nos dispersando. Eu mesmo, tinha encontros esporádicos com dois ou três daqueles colegas.
Já se passavam mais de 30 anos quando os contatos começaram a ser resgatados. Isso se fez possível graças as redes sociais, com destaque para o Facebook.
Na aldeia virtual as conexões foram sendo ampliadas e, finalmente, por volta de 2016 decidimos partir para a reaproximação presencial.
De lá pra cá não paramos mais. Fizemos um, dois ou até três encontros a cada ano, sendo indispensável esse de encerramento do calendário anual.
Glória, Beto, Jeane e os demais colegas que tomam a frente na organização foram espertos. Anteciparam a data e assim nos livraram de atropelos.
Não demorou muito e pipocou a sobreposição de eventos. Para o primeiro sábado de dezembro foi marcado um “happy hour” em família e a festa da turma da baixa fria.
Com o passar do tempo, nas conversas do dia a dia, descobri que Aracaju teve muitas “baixas frias”. A minha fica ali entre o muro lateral do IFS e a Av. Desembargador Maynard.
Flávia, uma amiga que nasceu e morou muitos anos em uma casa na Rua Lagarto, lá pras bandas do Carro Quebrado, jura que ali também se chamava baixa fria.
Quando cheguei para morar em Aracaju, trazido pela família em 1972, nosso primeiro endereço foi na Rua Doutor Silvério Fontes, entre Estância e Permínio de Souza.
Havia um grande desnível separando o Siqueira Campos da baixada que se estendia até o pé da ladeira da Rua Estância. O trilho do trem, sobre um enorme barranco, era a linha divisória.
Por ali haviam dunas e regiões pantanosas, riachos a céu aberto com correnteza caudalosa, água límpida e piabas vistas a olho nu. De vez em quando, alguém pescava um caboge!
As poucas ruas por onde passava o ônibus tinham sido pavimentadas com piçarra. O restante eram trilhas abertas pelo vai e vem do povo sobre o mato.
Ano após ano a turma da baixa fria também vem fazendo mais de uma festa, com o palco armado no cruzamento entre a rua Permínio de Souza e a Deputado Antônio Tôrres.
Por força da sobreposição das confraternizações, este ano acabei faltando ao encontro na baixa fria e deixei de rever Zé Ricardo, Chiquinho, Robson, Jamilson e demais amigos e amigas.
Sou Antonio, mas não consegui a proeza do Santo: ser visto em dois diferentes lugares na mesma hora. Ano que vem, o furdunço da baixa fria será prioridade número 1.
Antonio Passos é jornalista