A música eletrônica elevada ao estado de arte
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Dica para a quarentena
Publicado em 10 de abril de 2020
Por Jornal Do Dia
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Poucos documentários musicais foram tão felizes ao enfrentar a tarefa de iluminar uma trajetória artística. ‘Daft Punk Unchained’ (2015), de Hervé Martin-Delpierre, supera a ânsia voyeur pelo backstage e se concentra no fundamental: como uma dupla de branquelos franceses evoluiu do pastiche garageiro para assumir a linha de frente da música pop.
A impressão disseminada pela crítica especializada faz crer que o filme "procura o Daft Punk sob as máscaras", por assim dizer. Nada mais equivocado. Trata-se, ao contrário, de compreender a potência de uma música levada ao paroxismo da impessoalidade. Sem rosto, libertos do ego, o duo formado por Thomas Bangalter e Guy-Manuel elevaram a música eletrônica ao estado de arte.
Kraftwerk e Giorgio Moroder, duas influências assumidas, ainda foram menos ousados. O pulo do gato capaz de transformar o Daft Punk em um caso único na história foi o domínio sobre todos os aspectos relacionados ao produto vendido pela dupla. Liberdade criativa e uma consciência impressionante das implicações estéticas extra musicais do próprio trabalho, pensado como uma manifestação sensível e imagética, deram um caráter fenomenal às cada vez mais raras aparições dos dois.
"Daft Punk Unchained" não traz entrevistas novas, não revela escândalos sufocados nos bastidores, não salienta eventuais traços autobiográficos porventura identificados na ainda breve discografia da dupla. Ao invés do circo, uma dedicação obsessiva no sentido de realçar os pressupostos da música.
Em depoimentos de gente como NileRodgers, Michel Gondry, Pharell Williams, o já citado Giorgio Moroder, Pete Tong e Paul Williams, a autoridade conquistada em apenas quatro discos oficiais. As cenas de arquivo e imagens de shows, no entanto, falam por si mesmas. Simplesmente fantásticas.
Rian Santos
Poucos documentários musicais foram tão felizes ao enfrentar a tarefa de iluminar uma trajetória artística. ‘Daft Punk Unchained’ (2015), de Hervé Martin-Delpierre, supera a ânsia voyeur pelo backstage e se concentra no fundamental: como uma dupla de branquelos franceses evoluiu do pastiche garageiro para assumir a linha de frente da música pop.
A impressão disseminada pela crítica especializada faz crer que o filme "procura o Daft Punk sob as máscaras", por assim dizer. Nada mais equivocado. Trata-se, ao contrário, de compreender a potência de uma música levada ao paroxismo da impessoalidade. Sem rosto, libertos do ego, o duo formado por Thomas Bangalter e Guy-Manuel elevaram a música eletrônica ao estado de arte.
Kraftwerk e Giorgio Moroder, duas influências assumidas, ainda foram menos ousados. O pulo do gato capaz de transformar o Daft Punk em um caso único na história foi o domínio sobre todos os aspectos relacionados ao produto vendido pela dupla. Liberdade criativa e uma consciência impressionante das implicações estéticas extra musicais do próprio trabalho, pensado como uma manifestação sensível e imagética, deram um caráter fenomenal às cada vez mais raras aparições dos dois.
"Daft Punk Unchained" não traz entrevistas novas, não revela escândalos sufocados nos bastidores, não salienta eventuais traços autobiográficos porventura identificados na ainda breve discografia da dupla. Ao invés do circo, uma dedicação obsessiva no sentido de realçar os pressupostos da música.
Em depoimentos de gente como NileRodgers, Michel Gondry, Pharell Williams, o já citado Giorgio Moroder, Pete Tong e Paul Williams, a autoridade conquistada em apenas quatro discos oficiais. As cenas de arquivo e imagens de shows, no entanto, falam por si mesmas. Simplesmente fantásticas.