Verbete obrigatório na enciclopédia virtual do rock brazuca
Dois anos de botequice com Wildner
Publicado em 27 de setembro de 2012
Por Jornal Do Dia
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
O boteco mais descolado da cidade está completando dois anos e convocou o cantor e compositor Wander Wildner (ex Replicantes) para bater os parabéns. Ninguém mais adequado. Dono de uma verve fermentada em barril de carvalho, o gaúcho assina canções repletas de um lirismo descarado, que promete fazer bater mais forte o coração pun/ brega dos notívagos que elegeram o Tio Maneco como o maior porto seguro da noite aracajuana.
A apresentação acústica abre a programação de aniversário do Maneco com chave de ouro, mas os proprietários do boteco garantem que ainda vem muita coisa boa por aí. "Estamos programando um mês inteiro de atrações. Durante esses dois anos, fomos acolhidos por um público exigente, que não tinha muita opção na cidade, e queremos retribuir o carinho", explica Fredy Franco, sócio do Tio Maneco.
Wander Wildner – Verbete obrigatório da enciclopédia virtual do rock desde que era cantor dos Replicantes nos anos 80, Wander Wildner estreiou sua carreira solo em 1996 com o album "Baladas Sangrentas" produzido por Tom Capone, nascendo ali o punkbrega – estilo em que mistura as influencias da jovem guarda com o punkrock – e onde canta algumas musicas em "español selvagem".
Wander inicia 2012 sendo escalado para participar do Festival Internacional Lollapalooza em São Paulo e depois dá inicio a tour de lançamento do dvd Rodando el Mundo, reunindo material antigo com raridades, lados B, e gravações ao vivo.
Roqueiro punk folk capaz de impressionar beberrões de uísque barato que batem o pé em bailões do interior do país ou adeptos de alt-rock que rebolam sua modernidade nas festinhas blasés das capitais. Sua música de culto tem todos os elementos para fazer sucesso popular. Um sujeito apaixonado e visceral que vive em conflito (e quem não vive?). O que faz dele um artista pop é o dom de transformar os próprios conflitos em sons e versos diretos e pungentes. Ele faz música com muita facilidade e, sobretudo, com muito coração. É um sujeito irracional, e isso é um elogio, pois é irracional na hora de fazer arte.
Wander se expõe em tudo o que faz, se define em cada verso. Ou, para facilitar ainda mais as coisas, em cada título. Pode-se dizer que ele é um garoto solitário, meio-hippie-meio-punk-meio-rajneesh, cuja vida oscila entre anjos & demônios, mas que ainda acredita em milagres. É do tipo que segue no ritmo da vida, e nada pode descrever com tanta exatidão este roqueiro que gosta de transformar os conflitos em canções simples, feito um legítimo punk.
Compositor por instinto, e a veia instintiva talvez essa seja sua maior marca, ele é capaz de fazer versos como "meu cachorro Vênus foi roubado / fiquei um pouco preocupado" ou "dois por dois mede o quarto da empregada / para mim ele vale muito / para outros não vale nada" soarem como pura poesia. Poesia em estado bruto, diga-se. Coisa de roqueiro que gosta das coisas simples.
Os shows de Wander Wildner são capazes de despertar os mais viscerais e simplórios dos sentimentos, aqueles que autorizam a sair escrevendo clichês, relembrar amores desfeitos ou as memórias da infância, sacar de um lencinho pra secar as lágrimas. E sentir-se bacana com isto tudo. No repertorio do show ele reúne os clássicos de sua carreira e novas canções.
Serviço:
Local: Tio Maneco (Rua Manoel Espírito Santo, 593, Grageru)
Data: 28 de setembro
Hora: 22 horas