Dos navios perdidos no Rio Sergipe diante dos mares revoltos de um peixe Aldir
Publicado em 06 de fevereiro de 2021
Por Jornal Do Dia
Torcemos que a Funcap encontre um caminho para contemplar os aprovados que foram desclassificados por falta de documentos que não foram, pelo órgão, "se necessário", cobrados
* Antônia Amorosa
Por ocasião da nota publicada pela Funcap (Fundação de Cultura e Arte Aperipê) e posterior artigo do jornalista Rian Santos, venho a público, na condição de artista, escriba e administradora de um grupo com 140 integrantes, emitir a minha opinião sobre a questão que envolve a Lei Aldir Blanc em Sergipe.
Todos, dos artistas ao órgão, entraram nesta peleja, aprendendo a manejar o remo, sem saber ao certo, para onde iria o barco.
Em alguns momentos, houve transferência de culpas, como se o governo federal fosse o único responsável por todos os atrasos que ocorreram, o que não concordo. A bem da verdade, afirmo que este atraso já faz parte da cultura brasileira, há décadas. As políticas de cultura deste país sempre privilegiou globais famosos, os que tinham acesso a quem conduzia o poder da caneta, e a cultura nunca foi tratada como prioridade, isto, no contexto estrutural de dados. O fato é que chegou muito dinheiro para quem estava acostumado a contar migalhas.
Quando os milhões chegaram nos cofres da cultura, uma pequena equipe se desdobrou por horas a fio, tentando agilizar reuniões, orientações, sugestões, editais, inscrições, projetos, aprovações, documentos e pagamentos, tudo isto em um curto prazo de tempo e, por estas razões, nada mais justo que reconhecer este trabalho e esforço que a Funcap teve, orientando não apenas PROPONENTES, como os municípios também.
A secretária Conceição Vieira não origina do meio cultural, embora tenha uma sensibilidade social notória. A sua equipe, mesmo que tenha se esforçado ao máximo, cometeu sim, alguns erros que gerou a desclassificação de PROPONENTES por ausência de documentos que caberia ao órgão, cobrar, se formos considerar o que diz o edital.
No texto assinado pelo competente Rian, ele destaca um dos incisos do dever que cabe a Funcap: 10.4 -" Solicitar, caso necessário, complementação de documentação dos (as) proponentes selecionados (as)."
Neste ponto, o jornalista consegue identificar a responsabilidade que compete ao órgão.
No artigo de Rian, discordo apenas da dureza das palavras dirigidas à secretária Conceição Vieira que, entre diversos gestores que conheço, entra no seleto grupo daqueles que age como uma gestora que ouve as diferenças respeitando as divergências.
No entanto, a chamada de Rian tem um sentido social relevante e que deve ser considerado.
Reconheço que Sergipe está entre os Estados que conseguiram cumprir as metas com maior rapidez, e esta escriba tem acompanhado outros Estados que não conseguiram cumprir os prazos.
Em reunião realizada no dia 04/02/2021, com a presença de diversas lideranças, a secretária Conceição Vieira prestou contas do número de aprovados, pendências e possíveis mudanças ou não, sobre a possibilidade de extensão de prazos, que só saberemos após a reunião que irá ocorrer em Brasília, na próxima segunda.
Torcemos que o órgão encontre um caminho para contemplar os aprovados que foram desclassificados por falta de documentos que não foram, pelo órgão, "se necessário", cobrados.
Para que nossos navios se alinhem e possamos comemorar uma vitória singular na história cultural de Sergipe e do Brasil.
* Antônia Amorosa, cantora, agente de comunicação, membro das Academias de Letras de Aracaju e Itabaiana.