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ECOS DE 1821


Publicado em 03 de dezembro de 2021
Por Jornal Do Dia


Por Inocêncio Nóbrega

Já sentimos proximidade da agonia de 2021, deixando-nos memória, nem tantos auspiciosos acontecimentos, porém, em termos históricos, o enfrentamento, pelo Senado da República, através da CPI da Covid-19, ao negacionismo do governo Jair Bolsonaro. A crise na saúde pública, o desmatamento da Amazônia, o descaso da educação e da cultura, somando-se à aceleração da pobreza, queda da economia e fustigações à democracia, tornaram-se ininterruptos debates nos parlamentos e na mídia e nas esquinas. No campo da moralidade nem se fala, derrubaram o programa Bolsa Família, mas se insiste na prática do Bolso Parlamentar, mediante um tal orçamento secreto. Tudo isso, ao invés de expectativa e preparação para a festa bicentenária, ano que vem, da nossa Independência. Não há mobilizações visando o registro compatível com magna efeméride. Nesse sentido, as autoridades mantém-se acomodadas e a população alienada em torno de sua história.
Não surgiu por acaso, 2021 foi copiado de outros ou com eles guardando semelhanças. Apesar de épocas tão distantes, trazemos à colação o ano de 1821, embora se distem em alguns aspectos, como de virilidade patriótica, que buscava a autonomia política da Colônia. Confluem-se, se falarmos em termos de atitudes de dois chefes mandatários, assemelhados nas formas de atitude, um, D. João VI, mandalete, bonachão, residente no antigo casarão da Quinta da Boa Vista, depois Palácio Real, no Rio de Janeiro, outro no Palácio do Planalto, em Brasília, sede do Gabinete do Ódio. Na verdade, com a partida do monarca o Brasil passou a ser conduzido pelo futuro Imperador, Pedro I, que não demorou tornar-se pedante. Quanto aos três, há algo em comum, pouca vocação de governar.
Consideremos que a Revolução do Porto, de agosto do ano anterior, concorreu para instabilidades políticas e institucionais em território brasileiro. Em decorrência, vejamos o que aconteceu logo no primeiro dia de janeiro de 1821, em Belém: a Guarnição local, juntamente com o povo, acossada pelas pregações de Patroni e do padre Batista Campos, depõe a Junta Provincial, substituindo-a por uma segunda. A escaramuça se reflete na Bahia, que protesta contra novo ministério, nomeado por D. João VI. Dez de fevereiro, o tenente de artilharia marcha contra o Palácio, ocasionando o embarque do Conde de Palma, em seu lugar assume um Conselho Militar.
Em abril, o Banco do Brasil entra em regime falimentar, com o retorno de D. João VI, que levou consigo todo numerário da instituição. Eis a retrospectiva dos quatro primeiros meses de 1821. Deverei prosseguir noutro comentário.

* Inocêncio Nóbrega, jornalista

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