EDITORIAL: Um suposto todo poderoso

O governador se comporta como um suposto todo poderoso, revela um pendor autoritário que não lhe cai bem.

Fabio Mitidieri, o governador mais bem pago do Brasil, resolveu mover céus e terra para silenciar os professores da rede estadual de ensino, ora empenhados em mobilização perfeitamente legítima pelo pagamento devido aos profissionais do magistério, nos termos da Lei 11.738/08. E foi ainda além.

Depois de acionar a Justiça contra o aguerrido Sintese, pedindo o bloqueio de suas contas, Mitidieri foi com tudo para cima do professor Roberto Silva, presidente do sindicato. Ao personalizar um embate que deveria ser estritamente técnico, no entanto, o governador se comporta como um suposto todo poderoso, revela um pendor autoritário que não lhe cai bem.

Mitidieri solicitou a abertura de um inquérito contra o professor Roberto Silva por conduta antisindical. Acusação, assim, estapafúrdia, ainda mais quando parte de onde partiu, assume as feições da calúnia pura e simples, uma campanha difamatória, uma perseguição.

Ao invés de sentar à mesa com os professores da rede estadual, em busca de uma solução para o impasse estabelecido, o governador resolveu jogar todo o peso do aparelho público do estado contra os servidores estaduais – uma postura covarde, incompatível com a importância do cargo que lhe foi confiado pelos sergipanos.

O governador errou a mão, para dizer o mínimo. Melhor seria calçar as sandálias da humildade e recuar na perseguição flagrante e sem cabimento aos professores da rede estadual. Mas o arrefecimento do embate não irá acontecer. O orgulho ferido dos vaidosos abancou-se à cadeira do governador. E não dá sinais de apear tão cedo.