Esfomeados

“A insegurança alimentar alcança 125 milhões de brasileiros – 33 milhões não têm sequer um pedaço de pão para comer”

Os brasileiros têm fome. Não se apela aqui para uma metáfora, a fim de fazer alusão aos apetites comuns a todo ser humano. Trata-se, antes da realidade nua e crua. Sob Bolsonaro, o Brasil empobreceu a ponto de grande parte da população ter o prato vazio – um país de esfomeados.
A situação já dava na vista, perceptível no crescimento da população de rua, visível a olho nu. As estatísticas, no entanto, ajudam a mensurar a miséria da política social do governo Bolsonaro. Segundo relatório da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), a insegurança alimentar alcança 125 milhões de brasileiros – 33 milhões não têm sequer um pedaço de pão para comer.
O salto para trás é cada vez mais largo. Em 2018, 5,8% dos brasileiros passavam fome. Em 2020, essa parcela subiu para 9%. No ano corrente, a população de famintos já chegou a 15,5%.
Famélicos, os pretos, os nordestinos, os jovens e as mulheres de barriga vazia não fazem parte das preocupações do presidente da República, a sua agenda considera apenas quem Bolsonaro chama “gente de bem”. Estes estão cada vez mais gordos, defendem o porte e a posse de armas de fogo, querem o direito de abrir crateras nas florestas e passar o trator por cima dos povos indígenas.
Sem um pingo de sensibilidade social, Bolsonaro governa apenas para a própria laia. Garimpeiros, grileiros, madeireiros, milicianos, todos os que operam à revelia da Lei comovem o presidente. Os esfomeados não.