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O fantasma da fome


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Publicado em 26 de maio de 2022
Por Jornal Do Dia Se


“O contexto é de corrosão do poder de compra dos rendimentos minguados”

O crescimento da insegurança alimentar entre os brasileiros – um fato atestado, sobre o qual não paira sombra de dúvidas – não preocupa o presidente Bolsonaro. Isto se deduz não apenas por força da omissão silenciosa, mas também de seus atos.
O crescimento da fome no Brasil é um fato. Ano passado, a insegurança alimentar atingiu patamar recorde entre os brasileiros e superou, pela primeira vez, a média global. Sobre o assunto, trazido à tona por uma pesquisa de abrangência mundial, recém publicada, o presidente não disse uma palavra.
O silêncio de Bolsonaro é dos mais eloquentes, assim como os seus pronunciamentos. Ontem, por exemplo, ele fez questão de festejar a chacina que derramou o sangue de vítimas inocentes num complexo de favelas do Rio de Janeiro. A operação policial tem saldo em aberto, mas já conta com 25 mortos. Trata-se da segunda ação policial mais letal na história sangrenta da capital carioca. Mas, para Bolsonaro, os policiais envolvidos no massacre estão de parabéns. A dor dos mais pobres não comove o presidente.
As maiores vítimas da insegurança alimentar fazem parte justamente do extrato social desprezado por Bolsonaro. Entre os 20% mais pobres, 75% dos entrevistados responderam que faltou dinheiro para comprar comida ao longo dos 12 meses anteriores. Isso, porque a pesquisa foi realizada ao apagar das luzes de 2021, antes de a guerra no leste europeu pressionar a inflação e provocar nova alta no preço dos alimentos. Hoje, a situação tende a ser muito pior.
Em geral, o trabalhador brasileiro está mais pobre. Não se fala aqui dos milhões de desempregados na rua da amargura, abandonados ao Deus dará. Mas de profissionais com carteira assinada, privilegiados. O contexto é de corrosão do poder de compra dos rendimentos minguados. Mas a dupla Bolsonaro e Paulo Guedes tem outras preocupações, anda muito ocupada com a manutenção do próprio poder, a qualquer custo, não tem tempo e disposição para se ater à fome que assombra os brasileiros.

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