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Pela Mulher


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Publicado em 22 de junho de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Às vésperas de um pleito eleitoral, nada mais natural do que o fato de todas as atenções se voltarem para o embate nas urnas. Não é justo admitir, no entanto, que a agenda política do País permaneça refém dos interesses partidários. Em tal hora, até o mais progressista dos candidatos treme e debates urgentes como a legalização do aborto, com incidência na realidade concreta da população, acabam sufocados por um moralismo tacanho, relegados a segundo plano.
Toda eleição, o tema volta à baila, sob os argumentos mais atrasados. Desta vez, no entanto, o debate tomou o rumo das vias tortas e chegou de maneira escandalosa à barra dos tribunais. Uma juíza de Santa Catarina, induziu, em audiência, uma menina de 11 anos, vítima de estupro, a desistir de um aborto legal. O episódio ganhou repercussão após a publicação de uma matéria no site The Intercept Brasil. A bem da verdade, situações muito parecidas se repetem todos os dias, nos quatro cantos do país.
No Brasil, o aborto só é arriscado para quem não pode pagar pela intervenção adequada. Segundo a Pesquisa Nacional de Aborto (PNA) realizada há alguns anos, a interrupção da gravidez é prática tão comum que, até completar 40 anos, mais de uma em cada cinco mulheres o comete. De acordo com as estimativas mais conservadoras, pelo menos 330 mil brasileiras abortaram apenas no segundo semestre do ano passado.
Os valores envolvidos na peleja já foram confrontados diante da Justiça, no plenário do Supremo Tribunal Federal. A atuação dos setores religiosos representados pela bancada da bíblia impede que a decisão do STF abra um necessário precedente progressista e crie um ambiente favorável à descriminalização sob qualquer circunstância, postergando uma revolução que, pelo bem da mulher negra e de baixa renda, ainda há de vingar.

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