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Educação “Uber”


Publicado em 04 de outubro de 2024
Por Jornal Do Dia Se


De acordo com o Censo da Educação Superior, existem hoje 4,9 milhões de matrículas nos cursos a distância

As mudanças em curso no perfil do ensino superior no Brasil são exemplares de uma incongruência flagrante: propostas e implementadas pelo governo Michel Temer, homologadas pelo governo Bolsonaro, as diretrizes da Educação a Distância são encaradas como instrumento de democratização do ensino de terceiro grau pelo governo Lula.

As tais diretrizes oferecem uma resposta simples para um problema muito complexo, confundindo o necessário investimento na formação dos brasileiros com simples custo. Trata-se, em suma, de “uberizar” o ensino, para usar uma expressão corrente, autorizando o ensino a distância, a torto e direito, por intermédio do computador.

De acordo com o Censo da Educação Superior, existem hoje 4,9 milhões de matrículas nos cursos a distância – número que representa 49% do total.

Para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), as projeções apontam que os estudantes nos chamados cursos de educação a distância (EADs) devem superar os matriculados em cursos presenciais, já em 2024.

O número de cursos de educação a distância no país cresceu 232% no período compreendido entre 2018 e 2023. As instituições privadas respondem pela ampla maioria dos inscritos nos cursos EADs: 79,3% no total.

O crescimento da modalidade de 2022 a 2023 na rede particular ficou em 7,3%. As instituições públicas, por sua vez, assistiram a uma diminuição de 0,4% das vagas ocupadas na modalidade a distancia, o que representa 20,7%, no mesmo período.

Todos os dados disponibilizados pelo Censo deveriam acender um sinal de alerta. Infelizmente, as autoridades responsáveis pelo ensino de terceiro grau no Brasil se mostram entusiasmadas com a mercantilização da educação, apesar dos reflexos deletérios na qualidade do ensino, previsíveis e mensuráveis.

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