Sábado, 07 De Setembro De 2024
       
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Edvaldo não preparou nome para disputar à sua sucessão


Publicado em 10 de junho de 2023
Por Jornal Do Dia Se


Desde a redemocratização do Brasil em 1984 do século passado quando foram restabelecidas as eleições diretas nas capitais, Aracaju enfrenta altas e baixas com os seus prefeitos, mas a exceção dos quatro anos de João Alves Filho, a cidade conseguiu manter serviços básicos em funcionamento e apresenta avanços.
Até então, os prefeitos das capitais eram indicados pelo governador do Estado. Quando se elegeu governador pela primeira vez, em 1982, João Alves Filho pelo então PDS, sucedâneo da Arena que mantinha o regime militar, escolheu Heráclito Rollemberg, que fez uma administração capenga, mantendo o caráter provinciano.
A partir da eleição de Tancredo Neves através da chamada “Aliança Democrática”, uma junção de dissidentes do regime e oportunistas com o PMDB, João Alves, e os então deputados Jackson Barreto e José Carlos Teixeira iniciaram as negociações para repetição da aliança em Sergipe culminando com a demissão de Heráclito e a indicação de José Carlos para a PMA, cujo mandato foi de 30/05/1985 a 31/12/1985. A partir daí, a prefeitura passou a ser voltada para as áreas periféricas da cidade, que viviam literalmente na lama.
No mesmo ano, Jackson foi eleito o prefeito mais votado do país e a prefeitura fez a opção preferencialmente pelos mais pobres. Foi o maior volume de obras já executado até então na capital, não interrompido nem mesmo com a intervenção decretada pelo governador Antonio Carlos Valadares, em 1987. Depois da passagem do interventor, JB renunciou e Viana de Assis deu sequência as obras de infraestrutura.
Em 1988, Jackson elegeu Wellington Paixão contra a máquina do governo usada escancaradamente por Valadares. Paixão concluiu a gestão de forma melancólica, a partir do rompimento com JB, que acabou voltando ao comando da PMA em 1992. Com a renúncia de Jackson em 1994 para disputar o governo do Estado, assumiu o vice Almeida Lima, mas JB voltou a ser decisivo no pleito de 1996 quando elegeu João Augusto Gama.
A partir do ano 2000 com a eleição de Marcelo Déda, aos 40 anos, tendo Edvaldo Nogueira como vice, uma nova geração passou a comandar os destinos de Aracaju. Déda fez uma gestão impecável tanto no aspecto moral quanto administrativo e foi reeleito sem qualquer dificuldade em 2004; em 2006 renunciou para disputar e vencer o governo do Estado, cedendo o cargo para Edvaldo, que manteve a mesma estrutura administrativa e foi reeleito no primeiro turno em 2008. Edvaldo enfrentou problemas no final de sua gestão e acabou permitindo a ressurreição de João Alves Filho, derrotado por Déda em 2006 para o governo.
A volta de João Alves significou o fim do ciclo progressista na PMA, a desorganização administrativa e financeira, retrocedendo ao patamar da época de Heráclito. A prefeitura literalmente parou, não pagava salários de funcionários, empreiteiros, fornecedores e prestadores de serviço, a coleta de lixo foi suspensa diversas vezes, e só conseguiu concluir o mandato porque os órgãos de controle de Sergipe não atuaram.
Na disputada eleição de 2016, Edvaldo enfrentou um renhido segundo turno e derrotou Valadares Filho, o seu protegido em 2012, com pouco mais de 12 mil votos. Assumiu com o discurso de reconstrução da cidade, atualizou os salários dos servidores, retomou os serviços, e estabeleceu um cronograma de obras, que garantiu a sua reeleição em 2020 sem maiores problemas, mesmo tendo que disputar o segundo turno.
Em 2024, Edvaldo Nogueira estará completando 16 anos como prefeito de Aracaju, não pode disputar a reeleição e será a primeira vez que o grupo criado por Jackson Barreto na década de 1980, fortalecido anos depois por Marcelo Déda, não tem nenhum nome para apresentar como opção. Interessados não faltam, mas nenhum com potencial eleitoral suficiente para que seja considerado um candidato nato.
Em 1988 com Wellington Paixão, e em 1996 com João Augusto Gama, o município elegeu nomes que não eram da linha de frente da política tradicional, mas militantes históricos em defesa da redemocratização. Tinham por trás o referencial eleitoral de Jackson Barreto, o que não ocorre neste momento.
A tendência é de que na disputa do próximo ano nenhum candidato possa mais basear a sua campanha em discursos que não sejam voltados exclusivamente para a esfera administrativa. Isso pode favorecer quem venha a ser apoiado pelo atual prefeito.
Edvaldo encerra o ciclo de um grupo político no comando da Prefeitura de Aracaju sem nunca ter preocupado em apresentar novas opções para o eleitorado. Chegará ao pleito de 2024 sem ter um nome para apresentar como o seu candidato.

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