ELE NÃO É DOIDO, MAS TEIMA EM FAZER DOIDEIRA
Publicado em 27 de junho de 2024
Por Jornal Do Dia Se
* Rômulo Rodrigues
O Brasil enfrenta um momento bastante peculiar na sua história republicana que é o dos movimentos concatenados e aleatórios das placas tectônicas da política brasileira.
O sempre direitista Ciro Gomes, na versão o retorno, que não se cansa nos seus deslocamentos no tabuleiro político, demonstra cada vez mais que, ao não saber o que a orquestra está tocando, dança fora do compasso, com a costumeira arrogância de quem enxerga que todos no salão estão dançando errado e só ele dança certo.
Enquanto a orquestra toca um bolero de Ravel ele se sacode ou, se remexe, no ritmo de um imaginário arrocha, flertando com o discurso do ódio contra mulheres meninas estupradas que Artur Lira quer criminalizar, condenando-as à morte, veste um surrado disfarce atacando a primeira dama Janja Lula da Silva, com um brado machista de que lugar de mulher não é onde ela quiser e sim, onde o coronel mandar que seja.
Ciro Gomes é muito preparado e sabe que o bolsonarismo, ainda resistente, não tem nenhuma característica que o faça ser classificado como tendo resiliência e por isso, sem ter o que dizer, acena para os moucos, que é simpático à alternativa de extrema direita, embaixo do guarda sol do governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
Cinicamente, usa da verborragia calhorda de dizer que seu paquera está perdoado dos inúmeros assassinatos que a sua UDR praticou contra trabalhadores rurais ao longo de décadas recentes, porque ficou a favor da vacina contra o Covid-19, mesmo aliado de genocida que permitiu mais de 700 mil mortes, acrescentando que o goiano governa uma província.
Na sua lógica cretina, o criminoso que enfiar uma peixeira vasada na barriga de um desafeto, estará inocentado se pagar os curativos.
O Brasil com Dilma na presidência da República ocupava a posição de 6ª economia do mundo com a inflação controlada e o grau de pleno emprego com o maior PIB per capita da história e, por ser mulher, protagonista, como Janja está sendo, sofreu um Golpe de Estado, com o apoio velado de Ciro Gomes que, viu ali, a possibilidade de ser o candidato dos golpistas em 2018.
Seu partido, PDT, fundado por Leonel Brizola e muitos bons trabalhistas, foi a saída encontrada por ele e fies seguidores para se recuperarem da perda do PTB para a deputada Ivete Vargas, herdeira de Getúlio Vargas.
E Ciro Gomes, onde estava? Provavelmente germinando como uma erva daninha em algum monturo da história.
Não tem quem de boa consciência e fé possa negar que o Brasil está a caminho de se consolidar, ainda em 2024, como a 6ª economia mundial, posição que ocupava até ser dado o golpe de 31 de agosto de 2016.
No momento, se todos os organismos internacionais especializados em estudos e análises econômicas elogiam a condução do país pelo presidente Lula, inclusive o presidente da CNI, o coronel de Sobral, interior do Ceará, se alia com Michelle Bolsonaro para atacar a primeira-dama do país e, sem nunca ter plantado um pé de coentro, faz eco ao insulto a que já lhe estendeu a mão, fazendo-o ministro de Estado.
Se em Aracaju ele aparecer para destilar ódio na campanha em favor do pacato Luiz Roberto do seu PDT, pode crer, será morte certa. Até porque, poderá ser a gota d’água para o indeciso candidato ser cristianizado, assim como aconteceu com o candidato Cristiano Machado em 1950 e parecido com o que houve com o Dr. Ulisses Guimarães em 1989, em eleições presidenciais.
A disputa entre os dois campos ideológicos alçados ao centro do tabuleiro do xadrez da política e das relações entre grupos sociais definidos, mostra a boca do jacaré com pouca abertura mas, as chances de ir abrindo, com o tempo, é em favor do campo democrático, onde Ciro já não cabe.
No foco de para onde o vendaval vai se deslocar, está o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que aparenta ter assumido sério compromisso de destruir a ascensão da economia, já ficando cada vez mais isolado e cujo equilíbrio é duvidoso após a nota pública dos homens fortes da indústria.
Os seguidos encontros do presidente Lula com os ex-presidentes FHC e José Sarney, além dos cientistas sociais renomados Noam Chomsky e Raduam Nassar dão um recado bem significativo para que a boca do jacaré abra com mais velocidade; a política vai vencer, para o bem da civilização, como venceu com a liberdade de Assange.
* Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político