Eleição do novo governador fica indefinida na reta final da campanha

O suposto crescimento da candidatura de Fábio Mitidieri (PSD) a oito dias do segundo turno, conforme o instituto Ipec, deixa indefinido o resultado da disputa para governador de Sergipe. A pesquisa divulgada na noite de quinta-feira (20), pela TV Sergipe, mostra o candidato a governador Rogério Carvalho (PT) com 43% dos votos e Fábio com 40%.
Considerando os votos válidos, Rogério tem 51% e Fábio 49%, o que mostra um empate técnico entre os dois candidatos. Rogério tem 32% de rejeição e Fábio 25%.
Os números do Ipec são bem divergentes dos divulgados no dia anterior pelo Real Time Big Data, contratado pela Rede Record. Por essa pesquisa, Rogério continua com uma boa folga, com 57% dos votos válidos e Fábio (PSD) 43%. Na intenção de voto estimulado, o candidato do PT aparece com 46% e seu adversário, com 35%. Brancos e nulos somam 13% e os indecisos são 6%.
No primeiro turno, Rogério alcançou 338.796 votos (44,70% dos votos válidos) contra 294.936 votos (38,91% dos votos válidos), de Fábio, vantagem de 43.860 votos.
O desempenho de Rogério, no entanto, é muito inferior ao do ex-presidente Lula. O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu nos 75 municípios de Sergipe no 1º turno das Eleições de 2022, com 63,82% dos votos válidos (828.716) contra 29,16% dos votos (378.710) de Bolsonaro. Na pesquisa Ipec desta semana, Lula aparece com 60% e Bolsonaro 31%.
A campanha petista também não apresenta até agora qualquer reflexo positivo em função do apoio declarado pelo ex-prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho (PL). No primeiro turno, os 457.922 votos dados a Valmir de Francisquinho (PL) foram considerados nulos em função da inelegibilidade decretada pela justiça eleitoral.
Passada a eleição, por 6 votos a 1, o TSE reverteu a inelegibilidade, animando Valmir a novas ações judiciais. O ministro Ricardo Levandovski negou liminar para que ele pudesse disputar o segundo com segundo com Rogério, mas ainda há um agravo a ser votado pelo plenário do TSE.
O recurso mostra que ele ainda guarda alguma esperança, mas decidiu entrar pra valer na campanha de Rogério. Para este sábado, por exemplo, está sendo divulgada a realização da “Carreata com Rogério & Time de Valmir”, que começa em Laranjeiras e vai até Porto da Folha, passando por 10 municípios onde o ex-prefeito tem forte influência eleitoral.
Em Itabaiana, foram anulados 37,6 mil votos no primeiro turno, a maioria atribuído a Valmir de Francisquinho, enquanto Fábio obteve 14.738 votos e Rogério 4.665. Lula conquistou 33.995 votos contra 19.995 de Bolsonaro, uma mostra de que o apoio do ex-prefeito ao petista não sofre rejeição, já que boa parte dos votos dados a Lula foram casados com ele.
Mitidieri entra na reta final da campanha cada vez mais dependente dos servidores públicos, que, direta ou indiretamente, chegam a um quarto de todo eleitorado do estado. Além das denúncias de abuso da máquina estadual e da pressão para que servidores comissionados participem de seus atos, o programa de Fábio passou a adotar uma tática terrorista, insinuando que a vitória de Rogério significaria a volta ao poder do ex-governador Jackson Barreto, que atrasou e parcelou salários.
O governador Belivaldo Chagas (PSD) está totalmente envolvido na campanha de Mitidieri, e continua adotando medidas claramente eleitoreiras, pagando benefícios a categorias com grandes efetivos, como professores e policiais, e realizando obras paroquiais em povoados e sedes dos municípios. O prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), que mantém boa popularidade na capital, também passou a priorizar a campanha eleitoral, e vem adotando práticas que sempre condenou.
A discrepância dos números das pesquisas Ipec e Real Time Big Data é gritante e não dá para cravar um favorito.
(A pesquisa ouviu 800 pessoas entre os dias 18 e 20 de outubro em 32 municípios sergipanos. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. Foi registrada no TRE-SE sob o protocolo SE 07256/2022 e no TSE BR 06379/2022. Os dados da pesquisa Real estão na edição do JD do último dia 20, coluna Tribuna).