LULA LIDERA AS PESQUISAS
Eleição presidencial será decisiva para candidatos ao senado e governo do estado
Publicado em 28 de maio de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Disputa presidencial será decisiva na eleição estadual
O resultado da pesquisa Datafolha divulgada na noite de quinta-feira (26) não deixa dúvidas: a campanha para governador de Sergipe será federalizada, queiram ou não os bolsonaristas. Se a eleição fosse hoje, Lula (PT) teria 48% contra 27% de Bolsonaro (PL), 7% de Ciro Gomes (PDT) e 2% de Simone Tebet (MDB). Lula ganharia no primeiro turno com 54% contra 30% de Bolsonaro, sendo que no Nordeste teria 62% contra 17% do atual presidente.
Em Sergipe, dois bolsonaristas que pretendem disputar cargos majoritários defendem que a campanha trate apenas dos interesses de Sergipe, como se o êxito de uma administração de um estado pobre e que vem sendo muito mal administrado nos últimos anos como Sergipe não estivesse vinculado à presidência da República.
O ex-prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho, pré-candidato do PL a governador, e o deputado federal Laércio Oliveira (PP), pré-candidato a senador, não querem discutir temas nacionais. Na semana passada, enquanto Laércio posava ao lado do presidente, Valmir não foi ao ato de Propriá, mesmo sendo do partido do presidente.
Valmir não deixa de ter razão ao evitar Bolsonaro. Antes de formalizar a sua pré-candidatura, foi três vezes à Brasília tentar tirar uma foto ao lado do presidente, mas não conseguiu ser recebido. Na campanha, no entanto, caso consiga superar a inelegibilidade imposta em 2019 pelo TRE-SE, terá que fazer a campanha ao seu lado, a prioridade do PL.
O deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), que esta semana lançou festivamente a sua campanha a governador, deverá ter em sua coligação partidos vinculados diretamente ao presidente, como o PP de Laércio, e o Republicanos do deputado Gustinho Ribeiro e do ex-pastor Heleno Silva, mas não vai permitir que se fale em Bolsonaro na sua campanha. Declarou voto em Lula, mesmo o PT tendo candidato a governador de Sergipe.
Mesmo assim Mitidieri poderá ter a sua candidatura vinculada a Bolsonaro, caso o candidato a senador que venha a ser escolhido pelo bloco governista venha a ser Laércio, que quer uma campanha discutindo os problemas de Sergipe, mas vive com o pé no Palácio do Planalto.
O senador Rogério Carvalho, pré-candidato do PT a governador, é o mais favorecido com a polarização da campanha eleitoral. Se a nível nacional Lula está disparado, em Sergipe e nos demais estados do Nordeste é imbatível. A campanha de Rogério não dará palanque e nem aceitará coligação com qualquer partido vinculado ao governo Bolsonaro.
Na campanha eleitoral de 2018, candidatos ao senado contra os favoritos André Moura, hoje no UB, Jackson Barreto (MDB), e Antonio Carlos Valadares (PSB), Rogério e Alessandro Vieira, agora no PSDB, acabaram sendo os eleitos em função da vinculação direta de suas candidaturas com os então presidenciáveis Fernando Haddad (PT) e Bolsonaro, na época PSL.
Na segunda-feira (23), em Aracaju, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, disse que não descartava a possibilidade do apoio do PT à candidatura do deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), em função da parceria histórica dos dois partidos em Sergipe desde a época do governo Marcelo Déda, e do interesse nacional do PT. Ontem, analisando a pesquisa Datafolha, o mesmo Kassab descartou uma aliança nacional para apoiar Lula e garantiu que a tendência do PSD é liberar que cada estado defina em quem vota para presidente.
Em Sergipe como nem mesmo o pré-candidato do PL quer vinculação com Bolsonaro – apenas o nanico João Fontes (PTB) reivindica essa posição -, a campanha de Lula ficará ainda mais forte.
Em 2018, com Lula preso, Fernando Haddad – um nome desconhecido da maioria do eleitorado – ganhou em todos os municípios sergipanos. No primeiro turno obteve 50,09% (571.234 votos) contra 27,21% (310.310 votos) de Jair Bolsonaro. No segundo turno a votação de Haddad pulou para 67,54% (759.061 votos) contra 32,46% (364.860) de Bolsonaro.
A campanha presidencial terá reflexos diretos na disputa pelo governo de Sergipe e da única vaga de senador. São cargos majoritários, bem diferente das disputas para deputado federal ou deputado estadual, que dependem de apoios nos municípios.
Mitidieri demonstra força
O lançamento da pré-candidatura de Fábio Mitidieri, na noite de segunda-feira (23), foi o principal ato da pré-campanha até agora. Demonstrou força, capacidade de mobilização, organização e da estatura da candidatura. Um ato histórico como nenhum outro lançamento de candidatura já feito em Sergipe.
Para quem tinha dúvida sobre a força, potencial e robustez da candidatura de Fábio, ficou evidente o alto grau de viabilidade dela. Além disso, a presença e qualidade da participação do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, pôs por terra ruídos de que ele faria corpo mole na campanha. O interior e a capital se uniram num grande abraço à candidatura de Fábio.
Sobre a possibilidade de Edvaldo vir a se licenciar do comando da PMA para participar da integralmente da campanha de Mitidieri, assessores acham difícil isso acontecer pelas responsabilidades que gerir a capital representa. Deve dar efetiva colaboração à campanha de Fábio, entendendo que quanto mais ele estiver bem avaliado em Aracaju, mais sua participação terá importância no apoio.
Proposta de indenização
Os deputados federais sergipanos João Daniel (PT) e Márcio Macêdo (PT), além do líder da bancada Reginaldo Lopes (PT-MG), são autores do projeto de lei protocolado ontem de manhã, que dá pensão especial e indenização à dona Maria Fabiana dos Santos, viúva de Genivaldo de Jesus Santos, assassinado covardemente por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Umbaúba/SE, na última quarta-feira.
O projeto propõe também o pagamento de indenização de R$ 1 milhão, que deve ser dividido em partes iguais, aos herdeiros de Genivaldo.
Na justificativa, os autores destacam que “a ação violenta da polícia também está sendo comparada por internautas nas redes sociais às mortes em ‘câmaras de gás’ ocorridas em Auschwitz, campo de concentração nazista, durante a Segunda Guerra Mundial”.
Para os deputados, conceder essa indenização e pensão de caráter vitalício e indenizatório aos herdeiros “é uma das formas de o Estado brasileiro reconhecer que falhou no combate ao racismo em nossa sociedade e na proteção à vida de Genivaldo de Jesus Santos”.
Dinheiro dos estados
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quara-feira (25) o projeto que impede a aplicação de alíquotas de ICMS iguais às cobradas sobre produtos supérfluos para bens e serviços relacionados a combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. A proposta classifica esses setores como essenciais e indispensáveis. O texto foi enviado ao Senado.
Foi aprovado o substitutivo do relator, deputado Elmar Nascimento (União-BA), para o Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/22, do deputado Danilo Forte (União-CE). Segundo o texto, haverá, até 31 de dezembro de 2022, uma compensação paga pelo governo federal aos estados pela perda de arrecadação do imposto por meio de descontos em parcelas de dívidas refinanciadas desses entes federados junto à União.
Segundo o texto, as compensações abrangem perdas ocorridas durante todo o ano de 2022 e serão interrompidas caso as alíquotas retornem aos patamares vigentes antes da publicação da futura lei ou se não houver mais saldo a ser compensado, o que ocorrer primeiro.
Dados do Confaz divulgados após a votação mostram que todos os estados vão perder receita, caso o Senado aprove o projeto. O estado de Sergipe arrecada com o ICMS cobrado desses setores 25,99% de sua arrecadação proveniente do imposto.
Perderia cerca de R$ 500 milhões por ano.
Voto e rejeição
A pesquisa Datafolha divulgada nessa quinta-feira (26) pela Folha de S. Paulo mostrou que subiu para 56% o percentual da população que afirma não confiar nas falas de Jair Bolsonaro. Na última pesquisa, feita em março, o percentual era de 53%. Outros 26% dizem que confiam às vezes no que diz Bolsonaro e 17% sempre confiam; 1% não quis opinar.
A pesquisa também mostrou que 48% dos entrevistados consideram o governo de Bolsonaro ruim ou péssimo. Para 27%, o governo é regular e 25% consideram ótimo ou bom. O índice mantêm Bolsonaro como o presidente com a pior avaliação entre todos os eleitos após a redemocratização.
Segundo o Datafolha, se as eleições presidenciais fossem hoje, o ex-presidente Lula venceria a disputa no primeiro turno, com 48% dos votos. Bolsonaro tem 27%, uma diferença de 21 pontos percentuais entre os dois, no melhor resultado de Lula desde desde o início das pesquisas da instituição, em maio de 2021.
A pesquisa Datafoilha ouviu presencialmente 2.556 pessoas com 16 anos ou mais em 25 e 26 de maio em 181 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Está registrado no TSE sob o número BR-05166/2022.