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ELOISA GALDINO E A PERGUNTA QUE RESPONDE


Publicado em 21 de dezembro de 2023
Por Jornal Do Dia Se


* Rômulo Rodrigues

No convite, recebido eletronicamente estava escrito: Lançamento do livro – Política para quem? – Crônicas da Pandemia; local, Museu da gente sergipana, data 13 de dezembro, horário das 17H30 às 21H.
O convite veio no dia 30 de novembro e despertou minha atenção a data da noite de autógrafos; 13 de dezembro, que nunca esqueço por dois motivos; o trágico, outro que me honra.
O dia 13 de dezembro de 1968 foi o da decretação do famigerado e tenebroso AI-5, Ato Institucional número 5, editado pelo ditador Artur da Costa e Silva, acompanhado da cruel frase do coronel Jarbas Passarinho: “Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência”.
O outro 13 de dezembro se deu 25 anos depois em 1993, no auditório da UNB, Universidade Nacional de Brasília, quando fui indicado por aclamação, para representar a classe trabalhadora brasileira na Organização Internacional do Trabalho, OIT, com sede em Genebra na Suiça, e tive que renunciar à honrosa indicação, por motivos estritamente pessoais, meses depois.
O de agora, dia do lançamento do livro da querida amiga Eloisa Galdino, logo cedo, pensei em parodiar Djavan com seus versos maravilhosos em: “Um dia triste e um bom momento para adquirir e saborear um livro escrito por uma inteligência rara e necessária”.
É que, ao raiar do dia, recebi a notícia da partida do companheiro, petroleiro, Luiz Alberto, que exercera mandatos de deputado federal pelo PT da Bahia, onde foi fundador do Movimento Negro Unificado, MNU, e grande líder sindical.
Alguns anos atrás, tive a honra de ser chamado por ele para passar uma semana de campanha na luta pela retomada do SINDIPETRO-BA e ficar encantado com sua generosidade e capacidade de liderança militante de quadro destacado da classe trabalhadora.
A relembrança toda – do verbo Relembrar é justificável porque, bem antes dos fatos narrados, Castro Alves já tinha deixado como legado a justificativa: “OH! Bendito o que semeia livros; livros à mancheia… e manda o povo pensar; o livro caindo n’alma é gérmen que faz a palma, é chuva que faz o mar”.
Em se tratando da pergunta que dá título ao livro escrito e lançado por Eloisa Galdino como momentos de reflexões da pandemia do Covid-19, fica patente e latente no escrito da autora de quem precisa das ações da política.
Para ficar bem impregnado com o título, é preciso, antes, definir o que é política?
Existem definições do que vem a ser política como, por exemplo; política é ciência e arte; política é a arma da critica e a ausência da política é a crítica das armas, exemplos; Ucrânia e Faixa de Gaza.
Entretanto, tudo isso só será válido se houver objetivo claro; para quem?
Na pandemia, ficou claro, que havia objetivos escondidos; segurar para os financistas a contenção de muitos bilhões de reais pelas centenas de milhares de mortes para desafogar os caixas da previdência e da seguridade social; por isso, as teses da negação quaisquer vacinas.
O governo central orientado pelo banqueiro Paulo Guedes, sabia e por isso não aplicaram, que a política era o remédio para salvar, pelo menos, 400 mil vidas humanas.
Não existe uma política específica para tudo, mas, para cada situação um remédio em forma de política específica e para quem estivesse em maior posição de vulnerabilidade.
A negação da política aplicada pelo governo a pedido das elites do atraso era a negação em forma de imunidade de rebanho, que jogava a massa trabalhadora à sua própria sorte e garantiria o lucro.
A abordagem de Eloisa Galdino sai do universo geral e vai, ponto a ponto, em cada núcleo específico, abrangendo seguimentos separadamente, indicando que existem grupos sociais e situações que mesmo necessitando das mesmas políticas transversais, precisam de abordagens específicas.
Assim; abordar saúde mental na pandemia é afirmar que a política, ou as políticas, para tal, vai muito além daquele momento.
Assim como o racismo estrutural, os impactos da pandemia para as mulheres negras, as mortes de grávidas e puérperas que dobraram na pandemia e as dificuldades de ser mãe de crianças negras são desafios para quem devem ser produzidas políticas, sempre.
Já venho construindo uma análise de que o paradigma da luta de classes vem num gradual compasso de deslocamento nos últimos 50 anos no Brasil. Saiu do chão da fábrica da década de 1970, seguiu para o chão do campo nas lutas dos Sem Terra e está instalado no solo urbano nas pautas diversa como o identitarismo e a luta LGBTQIA+?.
Claro que existem outras lutas, como a do MTST, que já produziu uma liderança de impacto nacional e todas elas vão nos levar a construir uma República para valer.
E é acreditando nas vitórias de nossas lutas que me vejo mais revigorado para enfrentar os desafios de 2024. Com a indagação de Eloisa e satisfação de saber que ela conquistou mais uma Vitória. Parabéns, guerreira!

* Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político

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