Entidades comemoram vetos ao Ato Médico
Publicado em 22 de agosto de 2013
Por Jornal Do Dia
Cândida Oliveira
candidaoliveira@jornaldodiase.com.br
O Congresso Nacional manteve os Vetos da presidente Dilma Rousseff a diversos pontos da lei do Ato Médico, fato que agradou a muitos profissionais da área de saúde, como psicólogos e enfermeiros, que acreditam que continuarão tendo mais autonomia, mas desagradou aos médicos.
Para a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Sergipe, Flávia Brasileiro, o posicionamento do Congresso dá autonomia aos profissionais e é uma forma de garantir a saúde pública dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ela relatou que Shirley Marshal, diretora do Sindicato e vice-presidente da Federação Nacional dos Enfermeiros foi a articuladora em Brasília (DF) nos dias de votação e também em Sergipe. "Ela esteve presente junto à bancada dos deputados e senadores solicitando apoio na manutenção dos vetos. Em Sergipe fizemos várias reuniões, inclusive com a bancada sergipana", lembrou Flávia. No Estado há 3 mil enfermeiros e 13 mil profissionais técnicos e auxiliares de enfermagem.
A presidente do Conselho Regional de Psicologia, Edelvaisse Mendonça, acompanhou a votação em Brasília. "Tivemos que conversar muito, fizemos vigília no Congresso para que as pessoas percebessem a nossa presença e a força que tem 13 profissões somadas ao povo brasileiro, pois precisávamos garantir a manutenção do veto para que a saúde pública fosse respeitada, além da autonomia dessas profissões".
Ao conversar com alguns senadores e deputados, Edelvaisse relatou que foi surpreendida com o posicionamento dos parlamentares. "Eu particularmente conversei com a senadora Maria do Carmo e os deputados federais Mendonça Prado e Rogério Carvalho e eles nos receberam de braços abertos e entenderam a proposta da manutenção dos vetos".
Para ela, a lei tinha a questão velada do desrespeito a outras profissões, o que afetaria a saúde pública. "Não estava explícito na lei, mas no futuro veríamos a falência da saúde pública". Edelvaisse lembrou que nenhuma profissão lutou contra a regulamentação da medicina, embora a medicina já seja regulamentada por decreto desde 1932. "Mas a gente entende que a lei precisa ser revista e éramos favoráveis a revisão da lei. Não podíamos permitir que isso impedisse o funcionamento do SUS, prejudicasse a saúde pública e ferisse a autonomia de 13 profissões de saúde que estariam submetidas aos médicos, caso a lei passasse sem os vetos", alertou.
Médicos – Em nota, o Sindicato dos Médicos do Estado de Sergipe lamentou o resultado da votação. Na avaliação dos representantes do Sindimed, quem perdeu não foram os médicos e quem ganhou não foram as outras categorias da saúde. "Quem perdeu foi a população. E quem ganhou foi o Governo Federal e os senadores que votaram a favor do Governo em prol dos seus benefícios partidários", dizia a nota.
A médica e diretora do Sindimed, Leila Nacer reclamou da postura de outras categorias e lembrou dos problemas que podem ocorrer. "As outras categorias da saúde entraram no jogo do governo e olharam apenas para o próprio umbigo. Agora, a população pobre vai continuar recebendo bolsa esmola para tudo e ficar sem trabalhar. Vai ocorrer uma onda de diagnósticos e tratamentos errados e responsabilização criminal por isto".
A médica Edla do Amaral disse estar desestimulada e que deve mudar de profissão em breve. "A partir de hoje meus projetos mudarão, medicina será temporário, espero que dentro de dois anos meu caminho seja outro".