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Enxugar gelo


Publicado em 29 de outubro de 2021
Por Jornal Do Dia


A apreensão de uma tonelada de maconha em território sergipano não é fato que chame muita atenção. A imprensa trata o episódio como algo ordinário, a rotina dos agentes de segurança a serviço do estado. Em verdade, no entanto, a prisão dos traficantes flagrados com a droga é apenas a ponta do iceberg.

Os indícios da presença do crime organizado em Sergipe podem ser colhidos em notícias corriqueiras, como a de ontem. O Departamento de Narcóticos da Polícia Civil (Denarc) apreendeu centenas de tabletes de maconha em uma casa no povoado Areia Branca, na região do Mosqueiro.

Dois homens foram presos. O comércio do qual estes são acusados, contudo, envolve esquemas muito bem orquestrados, movimenta um capital incalculável, impõe-se mediante o emprego de armas, subornos e o uso da força. Não se trata aqui de simples boca de fumo numa periferia de Aracaju.

Sergipe, como de resto todo o Brasil, é um território em disputa. Há, de um lado, o País com todos os papéis em ordem, as instituições em perfeito funcionamento e o devido registro em cartório. Do outro lado, no entanto, o Estado é um ente sem nenhum poder de fato. Aqui, os cidadãos não reclamam direitos, não protestam, nem votam. No Brasil da favela e do xilindró, a única lei em vigor é a do crime organizado.

Vira e mexe, a realidade do conflito de todos os dias emerge em tragédia e sangue. Quase sempre, no rastro de mortes encomendadas pelos chefões do tráfico. Se antes, contudo, a guerra era privilégio dos morros cariocas, agora o sistema carcerário se encarrega de distribuir o medo pelos quatro cantos. Hoje, com maior ou menor escândalo, diversas facções se enfrentam na bala, tanto nas ruas como atrás das grades.

No contexto geral, os policiais do Denarc sabem que enxugam gelo. A apreensão de uma tonelada de maconha no Mosqueiro é mesmo quase nada.

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