Era uma vez uma atriz
Publicado em 06 de maio de 2020
Por Jornal Do Dia
Rian Santos
Depois de aceitar a Se cretaria Especial de Cultura, a atriz Regina Duarte aproveitou a cerimônia de posse para realizar uma performance constrangedora, falou pelos cotovelos, deu um espetáculo. Tudo indica, entoava sem saber o próprio canto dos cisnes. Sob a tutela do presidente Bolsonaro, ela teve de se fechar em copas, não pode dar um pio, apita nada.
O cheque em branco oferecido pelo presidente, ao convidar profissionais respeitados em suas áreas de atuação para fazer parte do governo, não tem fundos. Ontem, por exemplo, Bolsonaro nomeou Dante Montovani como presidente da Fundação Nacional de Arte (Funarte), cargo do qual fora afastado como condição para Regina tomar posse.
Regina "eu tenho medo" Duarte descobriu assim, mediante humilhação pública, que a palavra de um Bolsonaro vale aquilo que o gato enterra. Os sinais eram claros. Regina deveria temera própria ingenuidade.
Em primeiro lugar, desde o início do governo, o troca troca de ministros é constante.Depois, manifestou-se no Palácio do Planalto uma curiosa indisposição para consultar outras instâncias da sociedade civil organizada. O presidente age como quem supõe saber tudo. Quase sempre, quem se recusa à controvérsia, fundamenta as próprias opiniões em terreno movediço, age às cegas, ao sabor do vento.
Jamais saberemos se Regina Duarte poderia fazer algo de bom para a Cultura tupiniquim, além de encarnar um ideal de mulher sem sal, atormentada por dilemas morais absurdos, o tipo preferido do escritor Manoel Carlos.Nas novelas globais, a atriz tratou de fazer caras e bocas, a fim de ganhar o pão. No governo federal, terá de disfarçar a careta e aturar uma dieta rigorosa, a base de muitos sapos.