Escalada golpista

Nunca se tratou de conversa fiada, simples ar tifício de retórica – como soou aos ouvidos  mais ingênuos, a princípio. A escalada golpista do presidente Jair Bolsonaro já colocou o processo eleitoral sob risco. Mau perdedor, ele deu a disputa pela própria reeleição por vencida e trata, desde já, de envolver a vontade soberana dos brasileiros em uma nuvem carregada de suspeitas.
Bolsonaro quer ganhar de qualquer jeito, na força ou no grito. Por isso as acusações delirantes a respeito das urnas eletrônicas. Contra um sistema eleitoral a prova de cabresto, o presidente advoga a velha e ultrapassada cédula de papel, vulnerável ao escrutínio de coronéis e milícias.
A pregação mentirosa a respeito das eleições brasileiras é crime. Logo, nada mais natural do que incluir o presidente entre os investigados de inquérito já instaurado pelo Supremo Tribunal Federal, destinado a apontar quem está por trás de uma rede muito bem articulada de fake news. Bolsonaro não gostou, naturalmente. Tem a pretensão de permanecer impune, como se o mandato conquistado justamente nas urnas eletrônicas o colocasse a salvo da Lei, acima do bem e do mal. 
Nada disso. Em Democracias ninguém é livre para delinquir, nem o presidente. E por boas razões. As grosserias e patadas de Bolsonaro, por exemplo, foram toleradas por tempo demais. Deu no que deu. Hoje, ele chega a ponto de ameaçar um golpe, com todas as letras. Que o seu crime seja punido, portanto, a bem da liberdade de todos os brasileiros.