Esperança vã

A segunda onda de infecções por Covid-19 che gou com força, como era previsível e este JOR NAL DO DIA alertou desde o início do plano de retomada econômica encampado pelo governo de Sergipe. Só agora, com o aumento drástico dos casos, o governador Belivaldo Chagas toma providências no sentido de impedir aglomerações.
Antes tarde do que nunca. Com o risco iminente de colapso na rede pública de saúde, a ficha dos gestores finalmente caiu. O próprio Belivaldo fez questão de sublinhar: os números estão piorando muito. A situação é drástica, a quantidade de pessoas contaminadas é muito grande e hoje, infelizmente, Sergipe tem o maior RT do país. Isso significa que, neste momento, 100 pessoas contaminadas estão contaminando 187. "Lamentável, é preciso que a gente conte com a colaboração da sociedade".
A esperança do governador é vã. A disposição para manter o isolamento social é inversamente proporcional ao crescimento dos casos e à duração da pandemia. Os brasileiros se comportam como se estivessem anestesiados. Mais de 180 mil vítimas fatais não comovem, não assustam quase ninguém.
A flexibilização da quarentena, responsabilidade do governador Belivaldo Chagas, compartilhada com o prefeito Edvaldo Nogueira, pode ter consequências funestas para a população de Sergipe. Pressionado pelas urgências da economia, o poder público local se omitiu de zelar pela vida dos cidadãos, a exemplo do comportamento adotado pelo presidente Jair Bolsonaro. Para milhares de vítimas, a reação chega tarde.