Estacionamento – Um negócio da China
Publicado em 28 de novembro de 2012
Por Jornal Do Dia
* Antônia Amorosa
Um dos negócios mais rentáveis da atualidade, não é o cidadão formar-se na universidade, mas ter um estacionamento no lugar da necessidade precisa dos cidadãos. E o espaço de um Shopping Center, substituto social das praças antigas, gritam lucros e prevenções. Sob um aspecto, a população tem suas razões e direitos, e por outro, as administradoras destes condomínios, também. Sendo assim, é preciso enxergar a moeda com suas duas faces que envolvem uma dual interpretação.
A primeira delas é que Sergipe, especificamente Aracaju, está entre as Cidades brasileiras privilegiadas no acesso gratuito ao estacionamento de um centro comercial multifuncional. A maioria dos estacionamentos em todo o país, cobra pelo serviço. Independentemente das leis constituídas em cada Cidade, há uma outra lei que disputa direitos paralelos – propriedade privada não é propriedade pública.
Ainda em "defesa" do Shopping na cobrança do estacionamento, existem algumas realidades paralelas que precisam ser conhecidas pela população. Moradores que se situam nos arredores destes espaços comerciais, utilizam o estacionamento como continuidade da garagem dos seus condomínios. Tendo direito a apenas uma vaga ou duas, tendo mais de três veículos, preferem utilizar a segurança "máxima" destes gratuitos espaços. Outro ponto a ser observado, é que estes ambientes têm servido a muitos, como escritórios a céu aberto, onde marcam reuniões e passeios de negócios, uns não tão lícitos assim (sem generalizar), com direito a ar condicionado, cadeiras, e o custo máximo de um café e uma água mineral, com ou sem gás. Sem contar aqueles que não estão no shopping, mas em outros ambientes independentes que não vale citar.
Mas, alguns pontos precisam ser considerados pelas administradoras destes complexos de negócios. Se há um abuso por um número considerável de usuários do estacionamento, não seria justo que o cliente pague por esta despesa ou controle. Então, um acordo com os lojistas na utilização de um carimbo mediante a compra de um produto, seria um filtro importante para promover justiça e oferta de conforto aos consumidores, excluindo-os da taxa ou oferecendo um desconto especial.
O alarme que explodiu nas redes sociais deu-se não apenas pela surpresa inesperada, mas também pelo valor cobrado, não importando se o tempo será de 40 minutos ou 4 horas: Paga-se quatro reais da mesma forma. Ora, por que não fracionar este valor para estimular a continuidade, ao invés do boicote?
Vale destacar também os funcionários que trabalham entre seis e dez horas por dia. Irão trabalhar só para pagar estacionamento? Não é justo. Uma área do espaço deveria ser destinada a estes profissionais, mesmo que estabeleçam um rodízio onde um dia específico não fosse permitido. Há solução para tudo. Menos, para a ditadura econômica. Sonho, eu.
Deste modo, a melhor saída para a continuidade das entradas dos clientes nos shoppings da Cidade, é a busca do equilíbrio, onde uma parte não se sinta lesada nos seus direitos fundamentais. Quando não se habitua uma criança a repetir o mesmo gesto, dificilmente a convencerá de fazê-lo depois de acostumada. O mesmo se aplica ao cliente.
Esperamos por uma reflexão coerente, onde as autoridades se pronunciem e ajam, os empresários revejam os padrões determinados, e busquem um acordo saudável ao bolso de todos, e não apenas aos seus. Afinal, um Shopping pode existir com muitas lojas. Mas, ele se torna um deserto sem a presença calorosa de quem lhe dá vida.
* Antonia Amorosa é cantora e jornalista