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Evoé Governador! "Memórias"


Publicado em 02 de outubro de 2012
Por Jornal Do Dia


* Gilfrancisco

Ouvi falar pela primeira vez do deputado Marcelo Déda, em 1994, por intermédio de meu irmão Jaime Francisco, na época profissional de vendas nesse estado, dos Tubos e Conexões Tigre. Como representante atuante nos 75 municípios, teve tempo suficientemente para obter um panorama político do Estado e construir uma idéia própria, baseando-se em comentários de eleitores em território sergipano. Ao retornar ao final de cada semana à Salvador, durante o almoço ou uma caminhada pelas alamedas de Ipitanga, Lauro de Freitas, comentava a atuação de um jovem parlamentar sergipano, que vinha se destacando no cenário político nacional.

Quando cheguei à Aracaju, no início de fevereiro de 1996, para coordenar e chefiar o Departamento do curso de letras, da Universidade Tiradentes – UNIT passando a acompanhá-lo melhor na sua trajetória política e endossar as observações feitas por Jaime, sobre o estreante parlamentar federal.
Apesar de sermos de partidos diferentes, ideologicamente, comungamos no mesmo rosário, no mesmo

abecê socialista, quis conhecê-lo pessoalmente. Nosso encontro foi breve e de impressão forte, não falei com ele, mas observei seu rosto tinha a estampa viva de um triunfante jovem parlamentar. O ocorrido deu-se em 2004, quando da abertura da via de interligação do Conjunto Beira Mar I e II ao Conjunto Santa Tereza (rota de fuga). Ali tive a oportunidade de cumprimentá-lo, no momento em que passava pela porta da minha residência, dirigindo-se ao palanque, armado em frente ao Bar de Buarque, popular arrumadinho.

Mas os vereadores Sérgio Góis e Emanuel Nascimento haviam me chamado para perguntar algo que no momento não me recordo, e fui desviado do tão esperado encontro com o prefeito.

Finalmente aconteceria em 15 de julho de 2005, no terraço do Edifício Walter Antonio Bonfim, sede do Cinform, em que reuniu vários convidados para um intercâmbio de idéias, quando estiveram presentes Marcelo Déda, Eliane Aquino (sua esposa), Edvaldo Nogueira, Oliveira Júnior, Rosalvo Alexandre, Jozailto Lima, Murilo Lima, Antonio Bomfim e outros. Ali tivemos uma entusiasmada conversa por mais de três horas, sobre música, filosofia, literatura, política, os bastidores de Brasília, o governo Lula, o Partido dos Trabalhadores, escândalos sobre corrupção envolvendo membros do PT e especificamente a estratégia da sua campanha ao governo do Estado de Sergipe. (ver. Vandré, um nome que marcou a canção de protesto. Cinform, 29/08 a 04/09/2005)

Ouvi atentamente, com ouvidos de caçador e paciência de pescador. Não excitaria em afirmar que estava diante de um político preparado, um intelectual muito bem articulado nas questões humanísticas, e esses conhecimentos filosóficos e de teorias políticas o fizeram solidificar seu pensamento, durante sua gestão na Prefeitura Municipal de Aracaju. Inteligente e questionador desde os tempos do colégio Atheneu segundo depoimento dos colegas, Marcelo Déda é essencialmente um político que pensa, planeja e executa. Quero dizer, um pensador, um educador e gestor das formas institucionais de transmissão da cultura.

Na qualidade de jornalista cultural, sempre tive prudência em falar sobre esse assunto, devido à convivência com alguns políticos baianos, que não quer dizer medo, pois já havia trabalhado assessorando o Secretário de Educação e Cultura do Estado da Bahia, o amigo Edivaldo Machado Boaventura, hoje Diretor Geral do Jornal A Tarde; com o senador Antônio Carlos Magalhães (indiretamente), durante quatro anos no Correio da Bahia, jornal de sua propriedade, onde divulguei boa parte da literatura comunista (brasileira e estrangeira), sem nunca ter sido punido por quaisquer dos textos publicados, apesar de não concordar com seus métodos truculentos. No governo de Waldir Pires, com o secretario de Cultura, o poeta José Carlos Capinan e um trabalho intelectual com o senador Luiz Viana Filho, na pesquisa para a reedição de dois livros de sua autoria: A Sabinada (1938) e A Margem d’ Os Sertões (1960). Do senador arenista guardo autografados dois livros: um exemplar da Constituição do Brasil, edição recolhida por trazer equivocado o prefácio em lugar do Preâmbulo, e A vida de José de Alencar, que pela nossa intimidade, trata-me carinhosamente: "Ao amigo e confrade Gilfrancisco muito cordialmente".

Todos nós sabemos que o partido dos trabalhadores, abriga diversas facções e tendências, todas posicionadas à esquerda no espectro político, inclusive um, ou várias, expressamente denominadas socialistas. Hoje, quando as ideologias simplificadoras são recolocadas em questões, quando o questionamento se refere mais que nunca aos direitos humanos, estamos prontos para ouvir as vozes dos excluídos. Porque o princípio da soberania é um só para todos os níveis de produção da vida social, não apenas da indústria, mas de toda a economia, as artes, a saúde, a literatura e outros.

Aos poucos, o governo estadual vai procurando ajustar a máquina do governo junto ao secretariado, para amenizar as chagas das desigualdades nas condições de vida do povo sergipano, o predomínio do interesse individual sobre as necessidades sociais.

Experiente, equilibrado, capaz de dialogar com a condução de uma liderança firme, democrática, com profundo conhecimento de vários pensadores da história universal, a relação da vida do político Déda é como de um artista com sua obra, sempre levantou problemas embaraçosos, e essa avidez em ver noticiado, exibido e discutido em público aquilo que antes não era da conta de ninguém e constituíra assunto estritamente privado.

Além da ação eficaz e intensa mobilização da própria sociedade sergipana em torno do projeto comum de desenvolvimento com justiça e exercício pleno da cidadania, certamente, postura dessa natureza, exige habilidade, e nesse sentido, o governador Marcelo Déda está atento para todas as cenas da sociedade.

Graças ao seu carisma, o tornou a principal liderança no Estado de Sergipe, por possuir um discurso (é, portanto a língua atualizada num momento dado, por um dado individuo, quer como fala ou como escreve) que nos redime de uma linguagem política inoperante e invasora, ensinando-nos outras maneiras de ver e amar as coisas. Esse discurso reside na sólida crença ideológica, na solidariedade e dignidade humanas, valores morais ainda capazes de impedir o triunfo do niilismo e do totalitarismo nesses tempos tão difíceis por que não dizer "sombrios", que não são novos, como não constituem uma raridade na história. Contudo, creio que o tempo histórico, está visivelmente presente em toda sua trajetória política. Que mesmo no tempo mais sombrio, temos o direito de esperar alguma iluminação, porque existem homens que não conseguem diferenciar a luz de um vela ou a de um sol resplandecente.

Não acreditamos em milagre, mas em muita disposição e empenho para o trabalho. Enfrentamos problemas em alguns setores da administração fáceis de serem superados, mas é preciso prudência, não queremos devolver o Estado às velhas oligarquias. Recordo-me que na instalação do primeiro governo democrático da Bahia, Waldir Pires e seu secretário, pouco puderam realizar em pouco mais de um ano, pois renunciou o governo para candidatar-se em 1989 a vice-presidência da república. Em nosso caso é diferente, Marcelo Deda terminará o mandato e será candidato a reeleição.

O governo Marcelo Déda é um esforço sério para mostrar que Sergipe tem rumo definido entre os estados do nordeste. Digo isso porque recompôs o homem por inteiro, pleno de alegria e felicidade, sabe como poucos, manter unidas a ética política e a cultura, com rara coerência entre as idéias e sua ideologia partidária. O chefe do Estado, incumbido de fazer executar as leis e velar pela execução dos negócios do Estado, em meio a tantas atribulações de várias ordens, pôde expressar o seu apego às idéias de Rousseau, Hegel, Marx e Gramsci, numa tentativa permanente de renovação do legado teórico, tanto a tradição como a história, herdadas por esses pensadores, as preparou para captar melhor uma época em que se apagam as fronteiras territoriais e ideológicas, para reinventar uma moral sobre os escombros de outras morais falidas.

E foi assim que o democrata Marcelo Déda Chagas, sergipano simãodiense, chegou ao Palácio Governador Augusto Franco, a passos tardo, mas firme, para ocupar uma governadoria mutilada, de um estado em crescente empobrecimento.  

Sua permanência no primeiro escalão da liderança sergipana deve-se à sua arguta inteligência, perspicácia, e experiência política e principalmente à sua sabedoria. Déda revela um homem extremamente educado, polido, discreto e com certas características do homem do interior, afável, feito para o convívio, para a convivência e explosivo quando necessário. Com calma, absoluto controle, sabedoria de vida, vai tecendo o seu enredo sem demonstrações exageradas de afeto ou intimidade. Sempre comedido e bem informado.

Por todos esses motivos aqui expostos pelas suas realizações marcantes e inovadores na Prefeitura Municipal de Aracaju, pela sua liderança e firmeza, pela dedicação à causa democrática, é que o nome de Marcelo Deda se destacou e continuará sendo respeitado pela comunidade, civil, religiosa e política. Seu discurso reflete quem o é, descobriu, conheceu e revelou-se seguindo as diretrizes do seu programa de governo com as quais se compromete. Finalizando esta missiva, proclamo agora, àqueles que ainda não se aperceberam em tempo, outros atributos seus: rigidez de princípios, fidelidade aos amigos, fraternidade com todos. Meu respeito, minha admiração.

Ninguém se espante se em breve o nome de Marcelo Déda, for fonte múltipla de evocação regional e nacional. Evoé Governador!

* Gilfrancisco é jornalista, professor universitário, Diretor do Departamento de Imprensa da ASI, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e do Instituo Geográfico e Histórico da Bahia.
gilfrancisco.santos@gmail.com

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