Gabriel Damásio
O ex-vereador de Ara
caju Adriano Oliveira
Pereira, o ‘Adriano Taxista’, foi preso em flagrante ao início da tarde deste sábado pela Polícia Militar, enquanto fazia uma manifestação com motoristas e cobradores na entrada do Terminal de Integração do Mercado, centro da capital. Ele é apontado como responsável pela paralisação forçada de parte do transporte coletivo da Grande Aracaju, ocorrida desde a tarde de sexta-feira.
O movimento resultou na depredação de 130 ônibus, que tiveram vidros quebrados e pneus cortados ou esvaziados, no momento em que saíam das garagens das empresas. Segundo informações do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp), motoqueiros e ocupantes de carros de passeio interceptaram os coletivos durante a madrugada do sábado e, também fizeram ameaças aos colegas para que eles voltassem às garagens. Boa parte das linhas de ônibus da capital não circulou e a estimativa é de que mais de 100 mil passageiros ficaram prejudicados.
De acordo com a PM, algumas abordagens foram violentas e nelas, os motoristas e passageiros foram intimidados, sob ameaça de agressão e até de incêndio nos coletivos. "Eles mandavam descer dizendo que, se não fizessem isso, iam colocar fogo nos coletivos com os passageiros dentro. Isso é um crime, e não vamos admitir", disse o comandante de Policiamento da Capital, coronel José Moura Neto, ao fim de uma reunião de emergência que definiu a ativação de uma escolta policial para os ônibus que saíram das garagens, a partir das 12h de sábado.
Equipes de vários batalhões e companhias da Polícia Militar foram deslocados do quartel do Grupamento Especial Tático de Ações com Motos (Getam), para as sedes das empresas do transporte coletivo metropolitano e acompanharam tanto a circulação dos ônibus quanto o funcionamento dos terminais. Houve ainda o reforço de soldados da Guarda Municipal de Aracaju e a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT).
Uma dessas escoltas acabou na prisão em flagrante de ‘Adriano Taxista’, que foi levado para a Central de Flagrantes da Polícia Civil. Os detalhes da prisão não foram revelados, mas a SSP confirmou que Adriano foi autuado em flagrante e indicado pelos crimes previstos em três artigos do Código Penal: o 265, que dispõe sobre o atentado contra a segurança ou funcionamento de serviços de utilidade pública; o 268, que refere-se à infração de determinação do poder público destinada a impedir a introdução e a propagação de doença contagiosa (o que se refere à proibição de aglomerações de pessoas); e o 330, sobre a prática de desobediência de ordem legal de servidor público.
Foi ressaltado ainda que o movimento liderado pelo ex-vereador descumpriu uma liminar da desembargadora Rita de Cássia Pinheiro, do Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região (TRT-20),que considerou a greve abusiva e ilegal, ordenou a sua suspensão imediata e impôs uma multa de R$ 100 mil à Asmacom. Uma segunda liminar tinha sido baixada na segunda-feira passada pelo desembargador Fábio Tulio, também do TRT-20, que proibiu a paralisação e impôs multa de R$ 65 mil. Foi em resposta à paralisação do último dia 19, que segundo o Setransp, terminou com 243 ônibus depredados, equivalente a 56,25% da frota operante e a um prejuízo de mais de R$ 100 mil.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o trabalho de escolta seguirá sendo realizado por tempo indeterminado, para manter o serviço de transporte coletivo da capital sendo prestado à população. "Muitos usuários do transporte público necessitam ir ao trabalho e retornar para suas casas com segurança. Muitos trabalhadores da saúde, por exemplo, precisam chegar ao local do trabalho para cuidar dos doentes, principalmente nesse momento de pandemia da Covid-19?, afirma o coronel Neto.
Acordo contestado – Os ataques aos ônibus começaram após o anúncio de um acordo firmado na sexta-feira entre oSetransp e o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Aracaju (Sinttra), que foi mediado pelo Ministério Público do Trabalho(MPT-20) e garantiu a assistência médica e a volta do tíquete-alimentação, com valor inicial de R$ 250 a partir de março e reajustes escalonados até chegar a R$ 600, em março de 2023, quando também será tratado um reajuste salarial com base no INPC.
O acordo foi contestado por uma dissidência do Sinttra, reunida na chamada Associação dos Rodoviários Motoristas e Cobradores do Município de Aracaju e Regiões Metropolitanas (Asmacom), a qual alegou que o acordo não foi discutido com toda a categoria. Ele também exigia que os cobradores demitidos pelas empresas fossem recontratados. Ainda na tarde de sexta, os ônibus começaram a parar na Avenida Barão de Maruim, de onde os manifestantes seguiram para todos os terminais de integração. O Setransp e o Sinttra reagiram e acusaram os envolvidos de apedrejar ônibus e furar pneus dos ônibus. E apontaram o envolvimento direto de Adriano, que liderou uma greve semelhante em 2009 e é adversário da atual direção do Sinttra.
Em vídeos gravados por celular, e divulgados na noite de anteontem pelo site Fan F1, o ex-vereador aparece dentro de um carro orientando um grupo de motoristas a ir aos terminais e trancar a saída dos ônibus. "Automaticamente, o pessoal parava e pronto. Não precisa ir buzinando. Ia lá no terminal, puxava o ‘manete’ e tchau! Sem vandalismo, sem quebra-quebra", disse ele, citando ainda que o deputado estadual Capitão Samuel (PSL) estaria em contato com ele para viabilizar um carro de som aos grevistas. Nas redes sociais, Samuel disse que estava "ao lado dos rodoviários e dos usuários do transporte público", e que se colocou à disposição das partes "para mediar conflito criado pelo sindicato".
Em nota, o Setransp disse que "repudia esses atos, que descumprem a decisão liminar do Tribunal Regional do Trabalho proibindo o serviço de transporte de ser paralisado totalmente por ser essencial, em especial, neste momento de pandemia. E além de causar transtorno à população cerceando o direito de ir e vir das pessoas, gera grande prejuízo ao sistema de transporte". Sobre o acordo com o Sinttra, a entidade ressalta que "tudo tem sido avaliado conforme a realidade que o setor vive em Aracaju e sua Região Metropolitana, de grande queda de passageiros e de receita, ultrapassando 45%, e de aumento dos custos". E que, "mesmo com todas as dificuldades, o setor segue lutando pela manutenção dos postos de trabalho e por soluções para a boa funcionalidade do transporte público coletivo".
Gabriel Damásio
O ex-vereador de Ara caju Adriano Oliveira Pereira, o ‘Adriano Taxista’, foi preso em flagrante ao início da tarde deste sábado pela Polícia Militar, enquanto fazia uma manifestação com motoristas e cobradores na entrada do Terminal de Integração do Mercado, centro da capital. Ele é apontado como responsável pela paralisação forçada de parte do transporte coletivo da Grande Aracaju, ocorrida desde a tarde de sexta-feira.
O movimento resultou na depredação de 130 ônibus, que tiveram vidros quebrados e pneus cortados ou esvaziados, no momento em que saíam das garagens das empresas. Segundo informações do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Aracaju (Setransp), motoqueiros e ocupantes de carros de passeio interceptaram os coletivos durante a madrugada do sábado e, também fizeram ameaças aos colegas para que eles voltassem às garagens. Boa parte das linhas de ônibus da capital não circulou e a estimativa é de que mais de 100 mil passageiros ficaram prejudicados.
De acordo com a PM, algumas abordagens foram violentas e nelas, os motoristas e passageiros foram intimidados, sob ameaça de agressão e até de incêndio nos coletivos. "Eles mandavam descer dizendo que, se não fizessem isso, iam colocar fogo nos coletivos com os passageiros dentro. Isso é um crime, e não vamos admitir", disse o comandante de Policiamento da Capital, coronel José Moura Neto, ao fim de uma reunião de emergência que definiu a ativação de uma escolta policial para os ônibus que saíram das garagens, a partir das 12h de sábado.
Equipes de vários batalhões e companhias da Polícia Militar foram deslocados do quartel do Grupamento Especial Tático de Ações com Motos (Getam), para as sedes das empresas do transporte coletivo metropolitano e acompanharam tanto a circulação dos ônibus quanto o funcionamento dos terminais. Houve ainda o reforço de soldados da Guarda Municipal de Aracaju e a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT).
Uma dessas escoltas acabou na prisão em flagrante de ‘Adriano Taxista’, que foi levado para a Central de Flagrantes da Polícia Civil. Os detalhes da prisão não foram revelados, mas a SSP confirmou que Adriano foi autuado em flagrante e indicado pelos crimes previstos em três artigos do Código Penal: o 265, que dispõe sobre o atentado contra a segurança ou funcionamento de serviços de utilidade pública; o 268, que refere-se à infração de determinação do poder público destinada a impedir a introdução e a propagação de doença contagiosa (o que se refere à proibição de aglomerações de pessoas); e o 330, sobre a prática de desobediência de ordem legal de servidor público.
Foi ressaltado ainda que o movimento liderado pelo ex-vereador descumpriu uma liminar da desembargadora Rita de Cássia Pinheiro, do Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região (TRT-20),que considerou a greve abusiva e ilegal, ordenou a sua suspensão imediata e impôs uma multa de R$ 100 mil à Asmacom. Uma segunda liminar tinha sido baixada na segunda-feira passada pelo desembargador Fábio Tulio, também do TRT-20, que proibiu a paralisação e impôs multa de R$ 65 mil. Foi em resposta à paralisação do último dia 19, que segundo o Setransp, terminou com 243 ônibus depredados, equivalente a 56,25% da frota operante e a um prejuízo de mais de R$ 100 mil.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o trabalho de escolta seguirá sendo realizado por tempo indeterminado, para manter o serviço de transporte coletivo da capital sendo prestado à população. "Muitos usuários do transporte público necessitam ir ao trabalho e retornar para suas casas com segurança. Muitos trabalhadores da saúde, por exemplo, precisam chegar ao local do trabalho para cuidar dos doentes, principalmente nesse momento de pandemia da Covid-19?, afirma o coronel Neto.
Acordo contestado – Os ataques aos ônibus começaram após o anúncio de um acordo firmado na sexta-feira entre oSetransp e o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Aracaju (Sinttra), que foi mediado pelo Ministério Público do Trabalho(MPT-20) e garantiu a assistência médica e a volta do tíquete-alimentação, com valor inicial de R$ 250 a partir de março e reajustes escalonados até chegar a R$ 600, em março de 2023, quando também será tratado um reajuste salarial com base no INPC.
O acordo foi contestado por uma dissidência do Sinttra, reunida na chamada Associação dos Rodoviários Motoristas e Cobradores do Município de Aracaju e Regiões Metropolitanas (Asmacom), a qual alegou que o acordo não foi discutido com toda a categoria. Ele também exigia que os cobradores demitidos pelas empresas fossem recontratados. Ainda na tarde de sexta, os ônibus começaram a parar na Avenida Barão de Maruim, de onde os manifestantes seguiram para todos os terminais de integração. O Setransp e o Sinttra reagiram e acusaram os envolvidos de apedrejar ônibus e furar pneus dos ônibus. E apontaram o envolvimento direto de Adriano, que liderou uma greve semelhante em 2009 e é adversário da atual direção do Sinttra.
Em vídeos gravados por celular, e divulgados na noite de anteontem pelo site Fan F1, o ex-vereador aparece dentro de um carro orientando um grupo de motoristas a ir aos terminais e trancar a saída dos ônibus. "Automaticamente, o pessoal parava e pronto. Não precisa ir buzinando. Ia lá no terminal, puxava o ‘manete’ e tchau! Sem vandalismo, sem quebra-quebra", disse ele, citando ainda que o deputado estadual Capitão Samuel (PSL) estaria em contato com ele para viabilizar um carro de som aos grevistas. Nas redes sociais, Samuel disse que estava "ao lado dos rodoviários e dos usuários do transporte público", e que se colocou à disposição das partes "para mediar conflito criado pelo sindicato".
Em nota, o Setransp disse que "repudia esses atos, que descumprem a decisão liminar do Tribunal Regional do Trabalho proibindo o serviço de transporte de ser paralisado totalmente por ser essencial, em especial, neste momento de pandemia. E além de causar transtorno à população cerceando o direito de ir e vir das pessoas, gera grande prejuízo ao sistema de transporte". Sobre o acordo com o Sinttra, a entidade ressalta que "tudo tem sido avaliado conforme a realidade que o setor vive em Aracaju e sua Região Metropolitana, de grande queda de passageiros e de receita, ultrapassando 45%, e de aumento dos custos". E que, "mesmo com todas as dificuldades, o setor segue lutando pela manutenção dos postos de trabalho e por soluções para a boa funcionalidade do transporte público coletivo".