Todos os projetos do governo estadual parecem vinculados diretamente a programas do governo federal, e precisam de recursos. O governador ainda patina e parece não saber o rumo adequado para a administração.
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Fábio Mitidieri tenta dividir a bancada e isolar parlamentares do PT
Publicado em 11 de março de 2023
Por Jornal Do Dia Se
O governador Fábio Mitidieri (PSD) reuniu esta semana, em Brasília, deputados federais e senadores para defender o nome do senador Alessandro Vieira (PSD) como coordenador da bancada. Não convidou para a reunião o senador Rogério Carvalho e o deputado federal João Daniel, do PT.
Os dois reclamaram pelas redes sociais. “Isso nunca aconteceu na história da política sergipana. É algo de se lamentar profundamente! Nunca houve problemas na escolha dos coordenadores. Queremos esclarecimentos imediatos”, criticou João Daniel.
A reação de Rogério: “Eleição de líder de bancada é feita com todos os parlamentares convidados para este fim. Mas nem eu, nem João Daniel recebemos convite formal, como local, data e hora. É o autoritarismo substituindo o diálogo fundamental para melhorar a vida do povo de Sergipe”.
Ao invés de ligar para os dois lamentando a falha de sua assessoria, o governador Mitidieri partiu para o ataque. “Eles poderiam ajudar o estado, ao invés de ficarem reclamando. Tragam recursos para o estado, como tem feito o ministro Márcio Macedo. Esse sim, tem feito um grande trabalho. Abrindo as portas de Brasília para o nosso estado. Diferentemente deles que só sabem reclamar”, declarou durante entrevista ao programa do radialista George Magalhães.
Governador eleito no segundo turno depois de perder no primeiro para Rogério, Mitidieri quer todos aos seus pés. Tenta isolar João Daniel e Rogério não apenas da convivência com a bancada federal, mas também para reduzir a importância dos dois junto ao governo do presidente Lula. Como tem boa relação com o ministro Márcio e foi favorecido com a visita do presidente no início de janeiro para autorizar o reinício das obras de duplicação da BR-101, Mitidieri não passa uma semana sem ir à Brasília em busca de apoio junto aos ministros e dirigentes de órgãos do governo petista.
Todos os projetos do governo estadual parecem vinculados diretamente a programas do governo federal, e precisam de recursos. O governador ainda patina e parece não saber o rumo adequado para a administração.
Antes de assumir, Mitidieri patrocinou um projeto aprovado por ampla maioria pela Assembleia Legislativa, elevando de 18% para 22% o ICMS cobrado no estado, já em vigor. Alega que foi preciso elevar o modal do ICMS para compensar as perdas de arrecadação previstas em função da lei federal que limitou em 18% a cobrança do imposto por todos os estados sobre os combustíveis, calculadas por ele em R$ 450 milhões – o mesmo que pretende arrecadar com o arrocho na tarifa.
O aumento do ICMS foi indiscriminado, atingindo todos os produtos e serviços. Na terça-feira (7), o presidente da Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) Sergipe, Bruno Dórea, alertou que o Governo precisa repensar suas estratégias e reduzir os impostos. “Nós, enquanto representantes de categorias, compreendemos que a alta dos impostos precisa ser reavaliada pelo Governo. É importante que ocorram diálogos com o setor produtivo, que, mesmo em cenários tão instáveis, não mediu esforços para ampliar suas atividades e garantir a geração de emprego”, avalia o empresário.
Como o empresariado pode gerar mais empregos – principal promessa da campanha eleitoral – sendo arrochado pelo governo com as mais elevadas taxas de ICMS do país? O Caged referente ao mês de janeiro, divulgado na quinta-feira (9) pelo Ministério do Trabalho, deveria servir de alerta ao governador: No estado de Sergipe foram admitidos no mês 9.589 trabalhadores, e desligados 10.016. O saldo negativo foi de 427 postos de trabalho. A variação relativa foi de -0,14%.
Voltando a questão da bancada, Rogério e João Daniel deram provas de que apostam na união da bancada, ao contrário do que prega o governador. Já definido pela maioria como coordenador, Alessandro Vieira convocou uma reunião para a quinta-feira (9) e foi escolhido por unanimidade. Com a participação também dos petistas, como sempre acontece desde os governos Albano Franco (1995-1998/1999-2002).
Mitidieri tentou passar para a opinião pública a ideia de que João Daniel e Rogério não ajudam o estado, quando ele, como governador, é quem atua para dividir a bancada e ficar com os louros dos investimentos federais em Sergipe.
Em poucos dias de governo, a humildade da posse se transformou numa arrogância sem precedentes. Como os velhos coronéis da política sergipana.