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Falta de definição
Publicado em 18 de maio de 2014
Por Jornal Do Dia
O senador Eduardo Amorim (PSC) tenta usar a disputa presidencial para retirar a sua candidatura a governador do Estado da fase mais crítica desde que ele se lançou candidato, em dezembro de 2010, antes mesmo da sua posse como senador. Na sexta-feira, aliados mais afoitos já anunciavam até a chapa, que na verdade representa a ‘sua chapa dos sonhos’: Amorim governador, o deputado federal Valadares Filho (PSB) vice e a senadora Maria do Carmo Alves (DEM) candidato ao Senado.
Não há nada ainda definido e tanto o prefeito João Alves Filho (DEM) quanto o senador Valadares (PSB) conversam muito com o governador Jackson Barreto (PMDB), candidato à reeleição. Amorim despreza o fato de que o seu partido terá candidato próprio a presidente da República, o pastor Everaldo, e promete mundos e fundos aos coordenadores nacionais das campanhas de Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), garantindo que seria possível a montagem de palanques fortes, apesar da disputa que se dá entre eles.
Desde que anunciou que permaneceria no comando da prefeitura de Aracaju, João Alves sinaliza para todos os lados e nos últimos dias vem realmente recebendo pressões da direção nacional do DEM para que reforce o palanque de Aécio Neves em Sergipe e mantenha a candidatura à reeleição da sua mulher. Na quinta-feira, após anunciar reajuste de 6,5% para os servidores municipais, o prefeito disse que nunca pensou em participar de uma aliança com o PT, o que na leitura dos aliados de Amorim, seria uma demonstração de que ele não teria como compor com Jackson, que considera prioritária a coligação com o PT e trabalha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff.
João Alves vai continuar conversando com Jackson e Amorim até o prazo final para a realização das convenções partidárias, 30 de junho, em plena Copa do Mundo, da mesma forma que Valadares. Na semana passada o senador se reuniu com Jackson em Brasília e ainda esta semana deverá ter novo encontro.
Independente de pressões, João não tem maiores preocupações com a disputa presidencial porque o seu partido não tem candidato e apesar da antiga aliança com o PSDB desta vez não deverá ter direito nem mesmo a indicar o candidato a vice-presidente. A definição entre Jackson e Amorim passa exclusivamente pela candidatura de Maria, não sendo descartada nem mesmo a criação de uma chapa alternativa para o governo do Estado.
Valadares que logo após o lançamento da candidatura de Eduardo Campos vem sendo pressionado a lançar a sua candidatura a governador, hoje já enxerga a possibilidade de continuar aliado ao governador Jackson Barreto, montando um palanque à parte para Campos. O PSB começou a flexibilizar a situação nos Estados para evitar perda de representatividade no Congresso Nacional. O senador exige a participação do PSB na chapa majoritária, mas nunca colocou o nome do deputado federal Valadares Filho à disposição. Ele será candidato à reeleição em qualquer situação. Suas chances de vitória são claras, a não ser que o partido opte por uma chapa isolada na disputa para governador, o que Valadares pai certamente não deixará acontecer.
Na noite de sexta-feira, depois de mais uma maratona de inaugurações no interior do Estado, o governador Jackson Barreto disse que continuaria conversando tanto com João quanto com Valadares e que mantinha confiança na montagem de uma chapa competitiva no pleito de outubro.
As candidaturas a governador estão postas, a disputa se dará entre Jackson e Amorim mesmo que surja um candidato que se apresente como terceira via, mas não há uma decisão sobre a montagem dos palanques. Isso só ocorrerá no final do próximo mês, o que torna até irritante o noticiário, recheado de contradições.
Por enquanto, o que se vê é Jackson trabalhando, mostrando eficiência administrativa e em sintonia com a população. O senador Amorim faz uma oposição desleal, usando para isso o poderio econômico da família e a sua forte rede de emissoras de rádio. Na semana passada até ensaiou um discurso mais contundente contra o governo estadual no plenário do Senado, mas lá a sua voz quase não é ouvida. Ele não é propositivo e não cumpre o que acerta com os colegas.
Novo estilo
O governador Jackson Barreto (PMDB) tem um estilo que o diferencia dos demais políticos: não deixa nada para depois e procura enfrentar o problema de frente, sem subterfúgios. Sem falar da sua disposição para o trabalho 24 horas por dia, apesar dos seus 70 anos completados recentemente. Na sexta-feira, ele deu mais uma demonstração disso. Em Maruim, quando foi inaugurar a obra de urbanização da entrada da cidade e a ponte do Lachez sobre o rio Ganhamoroba, orçadas em mais de R$ 3 milhões, e assinar ordem de serviço para pavimentação de ruas, Jackson enfrentou duas manifestações: uma dos moradores de bairros pobres que pleiteavam as casas prometidas e outra de alunos que queriam melhorias para a escola.
Conversa
Sem artifícios, Jackson chamou para uma conversa os moradores que faziam protesto queimando pneus. Disse que não esqueceu do compromisso para construção das 98 casas, que o projeto estava sendo concluído e a licitação está marcada para acontecer no dia 18 de junho. Ao final da conversa, foi aplaudido. Depois o governador foi conversar com os alunos para saber a razão dos protestos. Eles disseram que desejavam melhoria na estrutura física da escola e, imediatamente, ligou para a secretária da Educação, Hortência Araújo, para se inteirar e já deixou agendada reunião para resolver definitivamente o problema.
Propriá
Em Propriá, última etapa de suas andanças na sexta-feira, onde recebeu título de cidadania e inaugurou o mercado municipal, Jackson enfrentou manifestação de estudantes de Telha. Ele já previa esse ato e levava, inclusive, projeto com detalhes da obra reivindicada. Mais uma vez, a ação dos adversários para criar constrangimentos acabou sendo benéfica ao governador que sabe como poucos conversar com o povo e atender aos seus anseios.
Reconhecimento
Jackson acha que há um reconhecimento popular do trabalho executado pelo governo, e diz ter consciência de que hoje lidera em quase todos os municípios, mas que não fará nenhum carnaval até porque as eleições estão muito longe. "Se fossem os nossos adversários, estariam fazendo a festa, já eu quero trabalhar. Meu carnaval será somente no próximo ano. O povo está reconhecendo o nosso trabalho e festeja a nossa passagem nos municípios, inaugurando ou autorizando novas obras. O reconhecimento do povo é muito gratificante, me deixa como um pinto no lixo", ressalta.
Veto
O governador admite que não tem certeza de que a Assembleia Legislativa vai manter os vetos que fez ao Proredes, que garante financiamento para a saúde. Mas adverte que a população sabe quem trabalha contra os seus interesses. "Parece que meus adversários não perceberam o desgaste em função do atraso na tramitação do Proinveste. Eles criaram tantas dificuldades para o governador Marcelo Déda que só agora as obras financiadas com aqueles recursos estão sendo autorizadas. No caso do projeto da saúde é a mesma situação", adverte.
Liga
O deputado federal Rogério Carvalho, presidente estadual do PT, comemora a unidade obtida no partido após momentos de turbulência no início do ano. "O PT sergipano chegou a um entendimento que parecia quase impossível. Além do acordo entre as lideranças há também a participação das bases partidárias", ressalta. Ontem o PT realizou as tradicionais caravanas nos municípios de Nossa Senhora da Glória e Porto da Folha. Outros encontros serão realizados até a convenção estadual, no final de junho.
Disputa
Rogério Carvalho não teme enfrentar Maria do Carmo Alves na disputa para o Senado. "Ela está há 16 anos no Senado e não tem qualquer propositura importante, não participa de debates, é uma parlamentar ausente. Estou preparado para enfrentá-la", garante.
Apoio
Ontem o deputado estadual Francisco Gualberto (PT), que lidera a bancada governista na Assembleia Legislativa, foi ao município de Poço Redondo para receber oficialmente um apoio de peso à sua campanha de reeleição. Lá, o prefeito Roberto Araújo (PT) e centenas de militantes petistas garantiram que estarão juntos com Gualberto agora em 2014. Ligado politicamente ao deputado João Daniel e historicamente ao MST, Roberto Araújo é uma das maiores lideranças consolidadas no sertão sergipano. O apoio a Gualberto tem o apadrinhamento de João Daniel, é claro, que este ano pretende disputar mandato de federal.