Família
Publicado em 15 de maio de 2019
Por Jornal Do Dia
* Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, SDB
Ontem, 15/05, celebrou-se o Dia Internacional da Família. Pois bem! Família será o assunto do nosso artigo de hoje.
O mestre dos juristas brasileiros, Ruy Barbosa, chamado "Águia de Haia", sentenciou: "A família é a célula mater da sociedade".
Para a Igreja, a família nasce do amor, constitui-se no amor e só se mantém no amor. Amar é dar, é doar-se. Não é receber. O amor é essencialmente gratuito. Nada pede em troca, a não ser amor. O amor que espera retribuição, não é amor, é investimento. É dar para receber. Alguém que se casa, não se casa só "para ser feliz" e sim para fazer "o outro feliz". Seu grande desejo é "criar felicidade".
O amor na família é quadripartido. Ele possui quatro dimensões, que reproduzem as quatro relações, e é a base que constitui o vínculo familiar. Dele deriva a paternidade-maternidade, o amor dos pais para com seus filhos, que faz a comunidade de amor, que é a família unida. A terceira faceta desse mesmo e único amor, que está no coração da família, é a filiação, que é a resposta de amor dos filhos para com os pais, a "pietas" romana. Vem por último a fraternidade, que une os irmãos entre si e transforma a casa num lar de afeto, carinho e compreensão mútua, e produz a união dos irmãos, que vivem em harmonia e sabem perdoar-se, compreender-se e ajudar-se mutuamente.
O mais precioso fruto do amor humano é o filho. O filho é a fortuna, a preciosidade e o tesouro de um lar. Nenhum bem material, nenhuma riqueza terrena pode comparar-se a um filho. Um lar sem filhos é um lar vazio. É uma casa triste. É uma família incompleta. Muitas vezes sem culpa dos esposos. Mas um casal sem filhos não deixa de ser um fato triste. O filho é a encarnação do amor do pai e da mãe. No filho, o amor se faz pessoa. Como o Cristo é a encarnação do Verbo, assim o filho que vem à vida é o amor dos dois esposos, que se faz uma criatura humana. O III Encontro Mundial do Papa com as famílias, no ano 2000, definiu os filhos como "primavera da família e da sociedade".
Uma palavra ainda sobre dois pecados, repugnantes ao amor na família. São: o adultério e o aborto.
O adultério, seja do marido, seja da mulher, é igualmente grave, sem nenhuma diferença. Quem pratica adultério – hoje, infelizmente, tão generalizado – comete, de acordo com a moral católica, pelo menos três pecados: o contra a castidade, violando a santidade matrimonial, o contra a justiça, violando o direito exclusivo e excludente que o cônjuge tem sobre o corpo do outro, e o de perjúrio, renegando o juramento matrimonial, que fez diante do altar de Deus, na presença das testemunhas e recebido pelo ministro, em nome da Igreja.
O aborto, ou seja, a expulsão provocada do feto imaturo do seio materno, é um dos crimes mais hediondos que o direito penal da Igreja conhece. Se levado a efeito, isto é, que não se trate de mera tentativa sem êxito, o cânon 1398 pune este crime (o pecado de aborto cometido com pleno conhecimento do fato e da penalidade correspondente, sem coação ou medo grave) com a pena mais severa do direito penal da Igreja, que é a excomunhão automática, "ipso facto", que o direito chama de "latae sententiae". Esta pena atinge por igual todos os que cooperaram materialmente no efeito obtido (médico, enfermeiro, parteira) ou moralmente de forma eficaz, como o amante, o marido ou os pais, que ameaçaram a mulher grávida, obrigando-a a recorrer ao procedimento abortivo. Se sabiam da pena, ficam todos excomungados.
Concluo: Não podemos esquecer o ensino de São João Paulo II: "O futuro da humanidade passa pela família".
* Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, SDB é Arcebispo Emérito de Maceió (foi Bispo Auxiliar de Aracaju – 1975 a 1980)dedvaldo@salesianorecife.com.br