Fato consumado
Publicado em 18 de abril de 2020
Por Jornal Do Dia
O ministro da Saúde mudou. A cabeça do pre sidente é ainda a mesma. Ontem, ao dar pos se a Nelson Teich, Jair Bolsonaro reafirmou todos os absurdos proferidos desde o início da pandemia de coronavírus. Para ele, a prioridade é salvar economia nacional, a morte de milhares de brasileiros é um fato consumado.
Apesar de garantir o alinhamento com o presidente, o ministro Teich já avisou de que o fim do isolamento social, por exemplo, não se dará da noite para o dia. Segundo ele, todas as decisões relacionadas ao coronavírus serão tomadas com base em dados sólidos e todo o rigor científico. Resta saber se ele terá pulso para conter o ímpeto negacionista de Bolsonaro.
Neste particular, o ex-ministro Mandetta não teve sorte. As medidas de isolamento social defendidas pela Organização Mundial de Saúde, Ministério da Saúde, governadores e prefeitos brasileiros foram mantidas, sim. Mas à revelia do comportamento pessoal do presidente. No combate à pandemia, Bolsonaro jogou do outro lado.
Dependesse do presidente, o comércio não seria fechado. Por sua vontade, a cloroquina estaria sendo administrada de modo generalizado, apesar dos efeitos colaterais mais severos e da eficácia discutível. Ciente dos efeitos da economia no humor coletivo, Bolsonaro só se preocupa mesmo é com o próprio pescoço. Mas, na eventualidade de o comércio abrir as portas sem mais nem menos, como ele deseja, terá de responder pelos mortos e infectados.