A desativação da Fafen, em Laranjeiras, provocará desemprego e terá grande impacto na economia sergipana
Fechamento da Fafen provoca mobilização política
Publicado em 21 de março de 2018
Por Jornal Do Dia
Em nota oficial publi- cada em seu site, a Pe- trobras confirmou ontem o fechamento até o final do primeiro semestre deste ano, das fábricas de fertilizantes nitrogenados da Bahia (Fafen-BA), localizada no polo petroquímico de Camaçari, e de Sergipe (Fafen-SE), na cidade de Laranjeiras. O fechamento da fábrica de Sergipe foi comunicada pelo governador Jackson Barreto, na noite de segunda-feira, após receber telefonema do presidente da Petrobras, Pedro Parente.
Jackson divulgou uma nota de protesto contra a medida e iniciou um processo de mobilização das classes política e econômica para tentar reverter a decisão. Hoje, às 11 horas, está marcada uma reunião do governador com deputados e senadores sergipanos, no gabinete da senadora Maria do Carmo Alves, em Brasília. Ainda hoje, o governador tentará também uma reunião com o presidente Michel Temer, para mostrar as consequências graves que a decisão trará para a economia sergipana. Jackson também deverá se encontrar com o presidente da Petrobras.
"Eu disse ao presidente Pedro Parente que uma decisão dessa envergadura não deve apenas ser comunicada ao governador por telefone. Pedi que me recebesse em audiência na sede da Petrobrás no Rio de Janeiro para aprofundar esse tema na busca de alternativas. Não iremos desistir sem lutar. Afinal, são interesses do Estado de Sergipe que estão em jogo. Ele disse que estava a disposição para me receber", disse o governador através de nota oficial.
"De imediato, coloquei para o presidente a minha preocupação com os funcionários da fábrica e com o futuro do meu estado. São centenas de empregados. Ele disse que nenhum deles seria desempregado, já que existem outras unidades que atuam com mão de obra semelhante a dos trabalhadores da Fafen e que eles iriam ser reaproveitados nestas unidades", disse o governador.
Para Jackson, "além da questão dos empregos, a Fafen gera um ciclo econômico virtuoso pela atividade que executa, tanto do ponto de vista da arrecadação de impostos, como no da geração de uma economia produtiva com fornecedores, prestadores de serviços, empresas que dão suporte a operação, e principalmente, as diversas fábricas de fertilizantes que estão instaladas no entorno da Fafen pela proximidade de acesso a matéria prima produzida por ela. Com o fechamento da Fafen, essas fábricas também irão embora"
Mobilização – O vice-governador Belivaldo Chagas também emitiu nota preocupado com os funcionários que ficarão desempregados. "Minhas maiores preocupações neste momento são com os trabalhadores e com as consequências negativas para a economia do estado. Estarei na linha de frente desta luta juntamente com o governador Jackson Barreto na busca de reverter essa decisão", enfatiza.
Através das redes sociais, outros políticos sergipanos também se posicionaram a respeito do fechamento da Fafen. O senador Valadares (PSB), que reassume o seu mandato na sexta-feira, além liderança para tratamento de saúde e interesses particulares, disse que vai comandar uma mobilização no Congresso contra a medida.
"É uma tremenda falta de consideração com Sergipe. Uma péssima notícia! Fui pego de surpresa, não é porque sou líder do governo que aceitarei calado essa ação que vai prejudicar nosso povo, a nossa economia, sobretudo quando o nosso estado passa por uma das suas piores crises". Esta foi a reação do deputado federal André Moura (PSC), líder do governo Temer no Congresso, ao tomar conhecimento, através da imprensa, da concretização de um estudo sobre o fechamento da fábrica.
André informou que conversou pela manhã com o governador. De acordo com o deputado, a partir de hoje, ele e Jackson Barreto terão uma agenda conjunta. "Faremos uma ação coordenada, de modo que a luta pelos interesses maiores de Sergipe esteja focada na preservação da indústria", finalizou o parlamentar.
Em discurso na tribuna, o senador Eduardo Amorim (PSDB-SE), lamentou a decisão da Petrobras de fechar duas fábricas de fertilizantes em Sergipe e na Bahia. Ele afirmou que a estatal pretende sair do mercado de fertilizantes.
Já o deputado federal João Daniel (PT) criticou a falta de compromisso do governo federal com a Nação ao entregar as empresas brasileiras ao setor privado. "A Fafen emprega vários engenheiros e trabalhadores sergipanos e é o orgulho para o Estado de Sergipe. Por isso, nós queremos deixar claro que esse governo, a cada dia, anuncia o desmonte da nossa Nação e da nossa soberania. O fim da Fafen é o verdadeiro modelo de compromisso desse governo: entregar as nossas empresas ao setor privado nacional e internacional", disse o deputado.
Para o deputado federal Valadares Filho, a decisão da Petrobrás em fechar a Fafen em Sergipe, não faz sentido, pois não guarda coerência com o mercado de fertilizantes. Atualmente, a demanda de fertilizantes no mercado brasileiro é maior que produção nacional; é notório que o segmento de fertilizantes encontra-se em expansão no Brasil e no mundo. "Para constatarmos esse fato é suficiente verificarmos que o consumo de fertilizantes no Brasil, entre 2003 e 2012 cresceu de 22,8 milhões de toneladas para 29,6 milhões, ou seja, cerca de 30% de aumento".
O possível fechamento da unidade em Sergipe causa um sério problema à economia do Estado, na opinião do deputado estadual Francisco Gualberto (PT). "Haverá desemprego em massa, problemas para o comércio e a indústria que dependem dos produtos da Fafen, além de prejuízos enormes para a arrecadação de impostos do município de Laranjeiras e do Estado de Sergipe. Isso sem falar no consumidor, que sofrerá com a alta de preços dos alimentos. Foi para isso que tiraram a presidente Dilma do poder, sem que ela tenha cometido crime algum", disse o deputado.